Fatima Habib é uma jovem de 13 anos que joga na equipa de sub-16 do Clube de Basquetebol de Tavira. O que a distingue das restantes companheiras de equipa é a opção de Fatima jogar com o cabelo, pernas e braços tapados, prática que a jovem justifica com a sua fé muçulmana. Tal opção nunca foi problema nestes três anos de prática desportiva, até ao passado domingo, quando foi impedida de participar no jogo contra o Imortal Basquetebol Clube de Albufeira por se recusar despir uma camisola que tinha vestido por baixo do equipamento.
O uso de lenço e collants não levantou questões, mas a equipa de arbitragem não permitiu que Fatima usasse uma camisola debaixo do equipamento da sua equipa. Segundo declarações da mesma aos meios de comunicação social, ainda se ofereceu para subir as mangas até aos cotovelos, mas tal continuou a não ser aceite. A jovem saiu para o balneário, onde afirma ter chorado e rezado, tendo posteriormente assistido ao resto do jogo a partir do banco.
Em declarações ao Jornal de Notícias, André Pacheco, treinador e subdiretor do Agrupamento de Escolas D. Manuel I de Tavira, elogiou o talento desportivo de Fatima, qualificou a situação de uma “discriminação inaceitável” e afirmou que se a mesma tivesse ocorrido hoje a equipa não teria entrado em jogo, num gesto de solidariedade com a jovem.
O presidente do Clube de Basquetebol de Tavira, Ricardo Serrano, critica a decisão. "Todos falamos sobre inclusão e isto não é inclusão. Uma lei de uma modalidade não pode de forma nenhuma violar a nossa Constituição. No nosso entender, esta regra está a violar a Constituição."
O clube já fez saber que irá repudiar publicamente a discriminação a que a jovem foi sujeita já no próximo domingo contra o ACD Ferragudo. Em cima da mesa está a possibilidade de não jogarem ou, em alternativa, de todas as jogadoras comparecerem com a mesma roupa que Fatima usou no passado domingo. É que, se a Fatima voltar a ser impedida de jogar, “a equipa não vai jogar. Não posso voltar a deixá-la passar por aquela situação", disse o treinador, alegando que esta situação é "violenta demais para uma menina de 13 anos".
Em declarações ao mesmo jornal, António José Coelho, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Basquetebol, justificou a decisão com o facto de Fatima Habib não trazer vestidas “mangas de compressão nos braços, mas uma camisola que as outras jogadoras também não estavam autorizadas a usar”. António José Coelho afirmou ainda que "não há equipamentos para uma religião e para outra".