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Imagens de espancamento policial voltam a indignar os EUA

Aos 29 anos, Tyre Nichols morreu três dias após ter sido espancado por agentes da polícia durante uma operação stop em Memphis. O vídeo agora divulgado fez regressar os protestos às ruas.
Concentração em Nova Iorque pediu justiça para Tyre Nichols e prisão para os polícias assassinos. Foto Justin Lane/EPA

No dia 7 de janeiro, o veículo de Tyre Nichols foi mandado parar quando estava a poucos metros da casa onde vive com a sua mãe e o padrasto. Um dos agentes gritou várias vezes par sair do carro e outro tirou-o à força e mandou-o deitar-se no chão, ameaçando que iria utilizar um taser. "Vocês estão a exagerar. Só quero ir para casa", disse Nichols, antes de se levantar e tentar fugir a pé.

O espancamento que teria consequências mortais acontece minutos depois, quando é apanhado por outros agentes. Já algemado e no chão, sem oferecer resistência, Nichols foi pontapeado várias vezes na cabeça e agredido à bastonada, enquanto a vítima gritava pela sua mãe. Depois os agentes levantaram-no e continuaram a agredi-lo a soco, arrastando-o depois para o carro de polícia.

Os vídeos captados pelas body-cams dos agentes e uma câmara de vigilância na rua mostram oito agentes em redor de Nichols, mas só cinco deles, também negros, foram acusados de homicídio em segundo grau. Não é conhecido o motivo que os levou a mandar parar o carro onde seguia o homem que viria a morrer três dias depois no hospital. A ambulância só chegou ao local 20 minutos após o espancamento.

A divulgação do vídeo chocou o país e o próprio presidente Biden emitiu uma declaração a dizer-se "indignado e profundamente magoado", acrescentando que as imagens vieram recordar "o profundo medo e trauma, a dor e o cansaço que os americanos negros e pardos sentem todos os dias".

Família de Nichols e ativistas exigem mudanças na polícia de Memphis

Tanto os ativistas contra a violência policial como a família de Nichols querem que esta morte sirva para trazer mudanças profundas na polícia de Memphis. "Aos cinco agentes que assassinaram o meu filho, quero dizer que vocês também desonraram as vossas famílias quando o fizeram", afirmou a mãe de Nichols. "Vou rezar por vocês e pelas vossas famílias, porque afinal de contas isto não devia ter acontecido. Queremos justiça para o nosso filho", prosseguiu RowVaughn Wells, citada pelo New York Times.

Os advogados da família exigem que a polícia dissolva a unidade Escorpião, a que pertenciam os agentes envolvidos, e que tem por missão patrulhar as zonas com maior índice de criminalidade e violência. Antonio Romanucci diz que a coberto do combate ao crime, esta unidade persegue os jovens e as pessoas negras, muitas vezes através da agressão que passa quase sempre impune.

Logo após a divulgação das imagens, houve cortes de ruas em Memphis e outros protestos em cidades como Washington DC, Atlanta, Nova Iorque e Sacramento, onde Nichols já tinha vivido. As autoridades decidiram publicar o vídeo depois das seis da tarde, quando as escolas tivessem fechado, tal como o comércio na baixa da cidade, e avisaram a população sobre a brutalidade das imagens, repetindo apelos à calma. Também a mãe de Nichols apelou a que as pessoas protestem pacificamente e boa parte dos protestos assumiu a forma de vigília. Para este sábado estão previstas mais manifestações contra a violência polícial e a pedir justiça para Tyre Nichols.

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