Igreja vai fazer testes a seminaristas para despistar "tendências” homossexuais

15 de outubro 2017 - 15:26

Os testes psicológicos e as averiguações sobre a história de vida envolverão as famílias, párocos e "senhoras que conheçam o candidato". O objetivo é evitar a admissão de padres com "tendências homossexuais", pedófilos ou com doenças mentais.

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Segundo escreve o Jornal de Notícias (JN), as novas normas do Vaticano, que abrangem uma reforma do ensino nos seminários, constam do decreto da Congregação para o Clero “O dom da vocação presbiteral”, que será discutido pelos bispos portugueses, de 13 a 16 de novembro, em Fátima, numa assembleia plenária da Conferência Episcopal.

O documento, a que o JN teve acesso, prevê que os seminaristas sejam “convidados” a contar, no momento da candidatura, se já tiveram problemas psicológicos ou fizeram terapia.

“Convém que se realize uma avaliação psicológica, seja no momento da admissão ao seminário, seja no período sucessivo, quando isso pareça útil aos formadores”, refere o documento.

Para o efeito, o candidato deverá assinar um “consentimento prévio, informado e dado por escrito”.

A Congregação para o Clero recomenda ainda aos bispos que “escrutinem” o passado dos candidatos, assegurando-se, “por meio de consultas (escrutínios), se cada um dos candidatos possui idoneidade”.

Em causa estará, por exemplo, a forma como o candidato “viveu a infância e a adolescência, as influências exercidas pela família e a sua capacidade de criar relações interpessoais”.

Devem ser consultados, neste processo, a família, o padre da paróquia de origem e "senhoras que conheçam o candidato, integrando na avaliação o olhar e juízo feminino”.

Sobre a homossexualidade, o documento refere que “a igreja não pode admitir aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente radicais ou apoiam a cultura gay”.

Aos responsáveis pelos seminaristas é recomendado que, caso sejam detetadas “tendências” homossexuais, dissuadam “o candidato de prosseguir para a ordenação”, já que “compete à Igreja discernir a idoneidade daquele que pretende entrar”.

O Vaticano pede ainda “atenção máxima” no que respeita à pedofilia, o que implica vigiar com atenção “se aqueles que pedem a admissão a um seminário […] não tenham incorrido em delitos ou situações problemáticas neste âmbito”. É também pedida a introdução “cursos sobre proteção de menores nos seminários”.

As normas estipulam ainda que “será de evitar a admissão de quantos sofram de patologia, manifesta ou latente (por exemplo, esquizofrenia, paranoia, distúrbio bipolar, parafilias, etc)”.