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Hospitais privados negoceiam com seguradoras para aumentar custos das famílias com saúde

Os hospitais privados querem cobrar mais às seguradoras e à ADSE em particular, aumentando as apólices em 2022. Em 2020, dos 6,6 mil milhões de euros de despesa das famílias com saúde privada, apenas 994 milhões foram suportados por seguradoras.
Imagem de Paulete Matos.
Imagem de Paulete Matos.

O alerta para preparar a opinião pública veio diretamente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), presidida pelo ex-Secretário de Estado da Saúde de José Sócrates e membro do Partido Socialista, Óscar Gaspar, que fez questão de dar conta à comunicação social da existência de reuniões entre hospitais privados e as seguradoras para aumentar os valores cobrados.

"Parece-me inevitável que haja uma repercussão destes custos nos valores a cobrar às seguradoras", declarou ao Jornal de Notícias, argumentando que a ADSE e outros subsistemas de saúde devem ter “consciência da situação do mercado”.

Óscar Gaspar imputou as culpas do aumento generalizado de custos das unidades hospitalares privadas desde logo no Serviço Nacional de Saúde, que impede os profissionais de saúde de estarem disponíveis para o setor privado devido aos programas de recuperação de atividade, feitos no SNS em horário extraordinário. "Quando a Administração Central do Sistema de Saúde reconhece que pagou mais 400 milhões de euros em horas extra, estas são horas que porventura seriam feitas no privado", exemplifica. 

E adiantou ainda que a APHP assinou um protocolo com a Universidade Católica, a quem o Governo atribuiu licença para abrir o primeiro curso superior privado de medicina, para a realização de um estudo anual sobre os custos nos hospitais, construindo o que define como uma espécie de “barómetro” feito com base nas contas das unidades de saúde privadas. "O que temos é evidência empírica e o que queremos é ter uma análise mais fundamentada e generalizada" referiu Óscar Gaspar.

 

Os números do Instituto Nacional de Estatística são claros na distribuição de encargos, bem como quem mais recursos financeiros absorve em Portugal. E não é o Serviço Nacional de Saúde, mas sim o setor privado de saúde.

Dos 6,6 mil milhões de despesa do setor privado, 5,4 mil milhões foram suportados pelas famílias e apenas 994 milhões por seguradoras. Acresce ainda que, dos 13,8 mil milhões de despesa do Orçamento do Estado com saúde, 41% é absorvido pelo setor privado, seja em externalização de intervenções cirúrgicas ou em exames de diagnóstico.

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