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Hong Kong: Uma semana de greve nas docas

Paralisação dos trabalhadores das docas já dura há uma semana e promete não desistir. Enfrenta Li Ka-shing, considerado o homem mais rico da Ásia, proprietário da empresa que administra o porto.
Trabalhadores reivindicam 20% de aumento de salários

Trabalhadores das docas de Hong Kong estão em greve há uma semana reivindicando aumento salarial e também melhorias nas péssimas condições de trabalho.

Desde o dia 28 de março, algumas centenas de trabalhadores começaram a acampar nas docas de Hong Kong, reivindicando um aumento de HKD 100 (pouco menos de 13 dólares americanos) por turno de 8 horas, correspondendo a 20% de aumento. Reclamam que desde 2003 não recebem aumento e os seus atuais salários são inferiores aos que recebiam em 1997. As condições de trabalho são duras e alguns são obrigados a fazer turnos de 24 horas. O custo de vida em Hong Kong é alto e a inflação tem corroído os rendimentos dos assalariados.

O patronato, Wing Fung Forwarders e Containers Service Limited, que operam para a Hutchison International Terminals, que administra as docas, nega-se a reconhecer a reivindicação dos portuários e oferece um mísero aumento de 5%.

Os trabalhadores estão impedidos de entrar nos terminais de carga por sentença judicial

e concentram-se na rua, próximo à entrada.

Os combativos portuários agitam as suas bandeiras e fazem ecoar o seu grito de guerra: “Nós vamos lutar até o fim!”

A luta é contra Li Ka-shing, considerado o homem mais rico da Ásia, proprietário da empresa que administra o porto. O porto de Hong Kong é um dos que movimenta mais cargas no mundo e Li Ka-shing controla 70% do tráfego de cargas da cidade.

Vozes dos grevistas

O jornalista Oiwan Lam, blogger do Global Voices, reuniu algumas das mensagens que começaram a circular no Facebook desde setembro do ano passado:

“O salário de um guarda de segurança hoje é de 1288 dolares mensais. Um operador especializado de maquinaria pesada, como os guindastes, recebe 1572 dólares. E nós temos que trabalhar continuamente por 8 horas sem intervalo para comer. Não existem benefícios e após alguns anos surgem dores por todo o corpo e não existe seguro médico. Você quer continuar a ser mão de obra barata? Acordem operadores de guindastes, por favor, reflitam sobre a situação.”

“Eu tenho de ficar sentado doze horas por dia. Com o tempo vou ter dores nas costas. Os diretores recebem prémios de 3 a 4 salários no final do ano. Mas negam-se a trocar o meu assento para economizar um punhado de dólares.”

“Apenas tente imaginar uma pessoa a trabalhar a volta do relógio, 24 horas, nas docas 4, 6 e 7, dia e noite. Essa é a realidade dos trabalhadores das docas que são responsáveis pelo manuseio das cargas, eles trabalham dessa maneira, continuamente por 24 horas, em três turnos. Nos dias de pico, antes e depois dos feriados, as empresas subcontratadas obrigam os trabalhadores a jornadas de 72 horas para evitar contratar mais operários. Os trabalhadores das docas responsáveis pelo manuseio das cargas, do empacotamento, que trabalham continuamente por três turnos, recebem 144 dólares, menos que os 191 dólares pagos em 1997.”

Os estudantes e ativistas estão a recolher roupas de chuva, sacos-cama, e garrafas de água. A Confederação dos Sindicatos de Hong Kong organizou um fundo de greve para apoiar a luta dos portuários.

A greve, que não é de todas as empresas subcontratadas do porto, tem causado atrasos no movimento das cargas. O porto de Hong Kong é um dos principais pontos de entrada e saída de produtos da China.

Um facto importante é que a luta destes trabalhadores tem recebido apoio da população e principalmente dos ativistas, socialistas e revolucionários que se têm mobilizado para obrigar um dos homens mais poderosos da Ásia a ceder.

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