Está aqui

Habitats seminaturais da mata nacional de Leiria - que futuro?

A Mata Nacional de Leiria foi, até ao incêndio de outubro de 2017, a maior e mais emblemática floresta litoral de Portugal continental, constituída maioritariamente por pinheiro-bravo. Por Sónia Guerra, que estará no Fórum Socialismo 2018, em setembro, na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.
Fotografia: website da Câmara Municipal de Pombal

Com uma área total de 11.080 ha contíguos, a Mata Nacional de Leiria (MNL) deteve ao longo de décadas as funções de produção de pinho de elevada qualidade e a proteção das dunas do litoral.

Designada outrora por Pinhal do Rei, e geradora da maior receia florestal pública do país, a MNL encerra uma história florestal com mais de 700 anos, que remonta à génese dos serviços florestais e ao ordenamento florestal português. Trata-se de uma área do centro litoral, em que cerca de 3.154 ha de floresta de proteção, são dunas fixadas pelo homem em finais do séc. XIX e início do séc. XX, o que permitiu plantar floresta até ao mar. Esta singular intervenção humana realizada há aproximadamente um século pelo Projecto Geral da Arborização dos Areais Móveis de Portugal, moldou a paisagem do centro litoral português, desde o concelho da Marinha Grande até aos pinhais de Mira, e proporcionou o surgimento de adaptações naturais no ecossistema florestal, que se traduziram, até aos nossos dias, pela existência de um número elevado de endemismos florísticos e de habitats seminaturais, prioritários para a conservação da natureza na União Europeia, e essenciais para assegurarem a sustentabilidade do pinhal interior e a qualidade de vida das populações limítrofes.

Após o incêndio de 2017 que consumiu 86% da área total da MNL, em zona maioritariamente produtiva e de recreio, a área de proteção costeira ficou reduzida a menos de metade. Para além da função produtiva (em 7.087 ha), a mata assumia as funções de proteção (em 3.540 ha) e de recreio (em 18 ha), que no seu conjunto se encontram, agora, gravemente comprometidas. Na área costeira, onde se localizam a maioria dos ecossistemas prestadores de serviços, sujeitos à forte erosão eólica, restam agora pequenas manchas de vegetação mediterrânica, que comprometem a viabilidade do pinhal interior, e que requerem a implementação de medidas urgentes de estabilização eólica, ecológica, e de restauração/gestão de habitats.

Depois do incêndio de 2017, quais os impactos, a curto prazo, na qualidade de vida das populações? Como mitigar o aumento dos ventos marítimos, a diminuição da humidade ao nível do solo e do ar, a destruição dos habitats seminaturais, a diminuição do turismo, e a menor capacidade de retenção de CO2, numa região fortemente industrializada?

Quais as consequências, ambientais, sociais e económicas, para a região, tendo em conta os cenários prováveis de avanço das dunas sob as áreas interiores, proliferação de espécies invasoras, agravamento das alterações climáticas, e desinvestimento público na floresta portuguesa?

Estaremos nós a vivenciar o “fim” do Pinhal do Rei, e o retrocesso para o ano de 1769, em que cerca de 1/3 da área do pinhal era um deserto de dunas móveis?

Estando esta fração de território, atualmente, sujeita a um grande número ameaças: pressão imobiliária sob a faixa costeira, projetos de agricultura intensiva, alteração da aptidão florestal com espécies de crescimento rápido, proliferação das espécies invasoras, e conceção da gestão a privados, o futuro da MNL parece incerto ao mesmo tempo que se agrava com a contínua “descapitalização” dos serviços florestais.

Torna-se assim imperativo para a população local e para a região, o reinvestimento do Estado Português na recuperação da MNL, através de uma ótica de requalificação integrada da floresta pública nacional e dos serviços de ecossistema que esta presta às populações e ao país.


Sónia Guerra é Bióloga e Mestre em Ciências das Zonas Costeiras pela Universidade de Aveiro; autora e coautora de diversas publicações[1] sobre a Mata Nacional de Leiria).

[1]

a) Pinho R., Guerra S., Lopes L. (2014). Guia da História e Natureza da Praia da Vieira. Plano de requalificação ambiental do estuário do Lis, candidatura ao programa operacional regional do centro, Município da Marinha Grande

b) S. Guerra, F. Martins, R. Pinho, L. Lopes (2012). Habitats Naturais da Orla Costeira da Mata Nacional de Leiria - Ameaças e Potencialidades. Libro de resúmenes. I Congreso Iberoamericano de Gestión Integrada de Áreas Litorales, Cádiz, 45. ISBN13: 978-84-695-1262-3

c) Guerra S. (2011). Flora e Habitats da Zona Costeira da Mata Nacional de Leiria. Dissertação de Mestrado em Ciências do Mar e das Zonas Costeiras, Universidade de Aveiro, 154 pp.

d) Guerra S. (2010). Guia da Natureza de São Pedro de Moel. Plano de valorização ambiental e turístico de São Pedro de Moel, candidatura ao programa mais centro, Município da Marinha Grande

e) Carvalho C., Guerra S., Vieira J., Ferreira O., Bessone S. (2010). Programa Museológico do Museu Nacional da Floresta. Comissão Instaladora do Museu Nacional da Floresta, Município da Marinha Grande, Autoridade Florestal e Instituto Português dos Museus I.P

f) Guerra S., Ferreira O. (2008). Pinhal do Rei – 700 Anos de Floresta. Catálogo de Exposição, Município da Marinha Grande & Autoridade Florestal Nacional

(...)

Neste dossier:

Em tempos de crise, uma nova abordagem das temáticas da água

Texto de apoio à intervenção de João Bau no painel do Fórum Socialismo 2018 "Como evitar o dia em que a água deixe de correr nas torneiras?"

“De fundação em fundação o ensino vai ao chão”, protesto de estudantes de março de 2017 – Foto de Filipa Bernardo, Lusa (arquivo)

Financiamento do ensino superior e ciência

Texto de Luís Monteiro, introdutório ao debate, com o tema do título, que terá lugar no domingo, 2 de setembro, às 14.30h no Fórum Socialismo 2018, que tem lugar este fim de semana em Leiria, na Escola Superior de Ciências Sociais.

Debate “Que Forças Armadas para Portugal no Século XXI?” terá lugar no Fórum Socialismo 2018, no sábado de manhã, às 10h, no Instituto Politécnico de Leiria

Que Forças Armadas para Portugal no Século XXI?

Texto de João Vasconcelos de apoio ao debate com o mesmo título, que terá lugar no Fórum Socialismo 2018, no sábado 1 de setembro às 10h, no Instituto Politécnico de Leiria.

Texto de Isabel Pires e Manuel Loff de apoio ao debate “A esquerda e a autodeterminação dos povos”, que terá lugar domingo, 2 de setembro, às 14.30h

A esquerda e a autodeterminação dos povos

Texto de Isabel Pires e Manuel Loff de apoio ao debate com o nome do título, que terá lugar domingo, 2 de setembro, às 14.30h, com a presença de Isabel Pires.

Debate “Saúde Mental em Portugal” terá lugar no domingo 2 de setembro às 11.45h, no Fórum Socialismo 2018

Saúde Mental: Organizar os serviços para servir as pessoas

Texto de Rita Oliveira, que participará no debate “Saúde Mental em Portugal”, com Ana Matos Pires, no domingo 2 de setembro às 11.45h, no Fórum Socialismo 2018, que se realiza no Instituto Politécnico de Leiria.

Greve feminista 8M: quem a convoca?

Greve feminista 8M: quem a convoca?

Ana M. Martín estará este fim de semana no Fórum Socialismo, em Leiria, para falar sobre a experiência de organização da Greve Feminista do 8 de março em Espanha e sobre as suas reivindicações políticas que a sustentaram.

O Fórum Socialismo 2018 realiza-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.  

“A gente não quer só comida”. Por que incomoda tanto o direito à arte?

Alguns meses depois da lamentável “resposta aberta à cultura” com que tentou diminuir as manifestações a propósito dos concursos da Direcção-Geral das Artes, António Costa promete agora “o maior orçamento de sempre” para a cultura em 2019. Por Pedro Rodrigues e Luísa Moreira, que estarão no Fórum Socialismo 2018, a realizar-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

O Fórum Socialismo 2018 realiza-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

Do abandono do mundo rural aos incêndios florestais como oportunidade de concentração fundiário-florestal

Por Carlos Matias, que estará no Fórum Socialismo 2018, a realizar-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

Fotografia de Esquerda.net

A oficina da canção (I): ideias a partir da prática

Com este texto, inicia-se uma série sobre o processo de produção das canções, desde a sua invenção até que chegam aos ouvidos e às mãos das pessoas. Por José Mário Branco, que estará no Fórum Socialismo 2018, que se realiza no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

Fotografia: Pedro Soares

Escravatura e tráfico humano – mais vale prevenir…

“A noite de ontem foi melhor do que as anteriores para os 23 nepaleses que o SEF resgatou em Almeirim, em estufas de morangos. Dormiram em casas de abrigo onde lhes foi devolvido o estatuto de pessoas que lhes fora negado pelos traficantes que os trouxeram para Portugal”. Por Alberto Matos, que estará no Fórum Socialismo 2018, que se realiza no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

O Fórum Socialismo 2018 realiza-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

As rendas da energia

Por Adelino Fortunato, que estará no Fórum Socialismo 2018, a realizar-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

O Fórum Socialismo 2018 realiza-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

Cidades Amigas dos Animais

Por Maria Manuel Rola, Alexandra Pereira e Jorge Gouveia Monteiro, que estarão no Fórum Socialismo 2018, a realizar-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

O Fórum Socialismo 2018 realiza-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.  

Florestas prestadoras de serviços públicos

Para além dos bens com valor de mercado, a floresta está na base da prestação de um vasto conjunto de serviços essenciais à manutenção de todas as formas de vida. Desta forma, cabe a todos os cidadãos a responsabilidade de a conservar e proteger. Por Paulo Pimenta de Castro, que estará no Fórum Socialismo 2018, a realizar-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

O Fórum Socialismo 2018 realiza-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

Foram diferentes os Maios

Por Joana Lopes, que estará no Fórum Socialismo 2018, a realizar-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

Luís Leiria apresenta aqui o tema da sua sessão no Fórum Socialismo 2018, que tem lugar no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

Avanços e retrocessos dos governos “progressistas” na América Latina

Luís Leiria apresenta aqui o tema da sua sessão no Fórum Socialismo 2018, que tem lugar no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

Fotografia: website da Câmara Municipal de Pombal

Habitats seminaturais da mata nacional de Leiria - que futuro?

A Mata Nacional de Leiria foi, até ao incêndio de outubro de 2017, a maior e mais emblemática floresta litoral de Portugal continental, constituída maioritariamente por pinheiro-bravo. Por Sónia Guerra, que estará no Fórum Socialismo 2018, em setembro, na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

Fotografia: página de Facebook de Ricardo Paes Mamede.

Motivos para cancelar contratos de prospeção e exploração de petróleo

Três motivos pelos quais o Estado deve cancelar os contratos de prospeção e exploração de petróleo e gás em Portugal. Postado em Ladrões de Bicicleta por Ricardo Paes Mamede, que estará no Fórum Socialismo 2018, a realizar-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.  

O Fórum Socialismo 2018 realiza-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

Criação monetária endógena e o nexo poupança investimento

No que à relação de causalidade entre poupança e investimento diz respeito, um enorme fosso continua a dividir os economistas. Por Paulo Coimbra, que estará no Fórum Socialismo 2018, a realizar-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

O Fórum Socialismo 2018 realiza-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.  

Pelo direito à morte assistida

Texto de Bruno Maia, que estará no Fórum Socialismo 2018, a realizar-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

O Fórum Socialismo 2018 realiza-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

Mais guerras, menos armas? Hummm...

 José Manuel Rosendo apresenta aqui o tema da sua sessão no Fórum Socialismo 2018, que tem lugar no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

O Fórum Socialismo 2018 realiza-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

A democracia líquida e a estratégia Matrioska: será que os russos determinam as eleições por todo o lado?

Francisco Louçã apresenta aqui o tema da sua sessão no Fórum Socialismo 2018, que tem lugar no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

O Fórum Socialismo 2018 realiza-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.  

História do movimento LGBTI – uma encruzilhada de oportunidades

Preferimos não falar da homofobia. Preferimos ignorar que sair à rua de mão dada com alguém, não é o mesmo para mim, gay, ou para ti, heterossexual. Que sair do armário em Lisboa é diferente de sair do armário em Leiria. Por Bruno Maia, que estará no Fórum Socialismo 2018.

Fotografia: TV KLELE, televisão comunitária na Guiné-Bissau.

Televisão comunitária como meio de desenvolvimento

A TV Comunitária é uma alternativa e, porque não, um complemento, às emissões feitas pelas estações de TV comercial e pública. Por Andrzej Kowalski, que estará no Fórum Socialismo 2018, a realizar-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

Fotografia: Esquerda.net

A oficina da canção (IV): o sofisma da oposição forma-conteúdo

A música não permite escapar à concretude da matéria sonora. Por José Mário Branco, que estará no Fórum Socialismo 2018, que se realiza no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

Fotografia: Esquerda.net

A oficina da canção (III): no canto não há neutralidade

As canções são, como qualquer forma de arte, um meio de expressão de sentidos e de emoções. Na música, como em qualquer linguagem, o descompromisso leva à solidão e ao embrutecimento. Por José Mário Branco, que estará no Fórum Socialismo 2018, que se realiza no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

Fotografia: Esquerda.net

A oficina da canção (II): criação partilhada em diferido

As condições materiais da gravação de canções em disco determinam decisões estéticas, técnicas e éticas. É um tripé que cai fatalmente se lhe faltar um dos pés. O produtor (“producer”) decide, através do ‘como’, ‘o quê’ passa para o lado de lá. Por José Mário Branco, que estará no Fórum Socialismo 2018, que se realiza no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

Fotografia: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa.

Um exemplo de arte e resistência: mulheres fotógrafas na Palestina

Sofia Roque estará no Fórum Socialismo 2018, que se realiza no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria. A fotografia e a Palestina serão o pretexto para dar a conhecer cinco mulheres artistas, cuja obra é exemplo de uma conciliação emancipatória: a que reúne o poder da imagem e a experiência de um corpo que resiste num território ocupado.