Habitação: Peso de compradores estrangeiros bateu recorde em 2022

23 de março 2023 - 15:01

Algarve, Lisboa e região Centro estão no topo do número de casas e valor de compra. Mas foi no Algarve, Açores e Madeira que o crescimento mais se fez sentir no ano passado.

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Foto gri*su/Flickr

A compra de casas por parte de pessoas sem domicílio fiscal no país atingiu 11,4% do total dos montantes das vendas realizadas em 2022, o valor mais elevado desde que há registos no Instituto Nacional de Estatística, revela esta quinta-feira o Jornal de Negócios. Em número de imóveis adquiridos, os compradores estrangeiros representaram no ano passado 6,4% do total, com 10.722 casas, um aumento de 20% face a 2021.

Do total dos 167 mil imóveis transacionados, o número mais alto desde 2009, quando teve início a série estatística, movimentaram-se 31,8 mil milhões de euros, dos quais 3,6 mil milhões por parte de compradores estrangeiros.

Algarve, Madeira e Açores lideram o top das regiões onde “o número e valor de vendas totais foi mais expressivo e mais cresceu relativamente a 2021”, no que toca aos compradores estrangeiros. O peso desses compradores no Algarve foi de 26,2% do número de transações e 37,9% do valor das compras. Nos Açores e na Madeira a percentagem do número de compras foi de “7% e 8,8%, respetivamente, e em valor, de 7,8% e 14,8%, pela mesma ordem”, aponta o INE.

Em termos absolutos, o Algarve lidera a lista das regiões preferidas pelos compradores estrangeiros, com 36,9% das transações, seguindo-se a Área Metropolitana de Lisboa (20,1%) e a região Centro (19,4%).

Os estrangeiros gastam em média mais do dobro do que os compradores nacionais, sobretudo os que são de fora da União Europeia. “Em média, em 2022, o valor de uma transação por um comprador com domicílio fiscal em Portugal correspondeu a 179.201 euros, valor que sobe para 279.063 euros, se o domicílio fiscal do comprador for a União Europeia e 406.267 euros se o domicílio fiscal pertencer à categoria restantes países”. Números que ajudam a explicar a subida em flecha dos preços das casas nos últimos anos.

No total dos montantes transacionados, o Algarve já representa uma fatia de 45%, seguindo-se a Área Metropolitana de Lisboa com 31,6%, as regiões Centro (8,9%) e Norte (7,3%). Mas foi na Área Metropolitana de Lisboa e na região Norte que se realizaram no ano passado mais transações de imóveis, com cerca de 50 mil e 47 mil, respetivamente.

Valor do mercado habitacional mais do que duplicou em seis anos

Outro indicador da subida de preços é o da evolução do valor total do mercado de habitação. Segundo o INE, citado pelo Público, em 2016 venderam-se em Portugal 107.490 casas, por um valor total de cerca de 12,9 mil milhões de euros. Seis anos depois, o número de transacções aumentou 56% face a 2016, totalizando 167.900 vendas, enquanto o valor transacionado cresceu 145% para os 31,7 mil milhões de euros no final de 2022.

Uma tendência que alastrou a todas as regiões, não havendo nenhuma em que o valor não tenha pelo menos duplicado em seis anos. Nos casos da Madeira e do Alentejo, esse valor mais do que triplicou desde 2016, tendo duplicado o número de vendas. Comparando apenas com o ano anterior, em 2022 o preço médio das casas aumentou 12,6%, o maior crescimento registado pelo INE.

No próximo dia 1 de abril, várias cidades portuguesas vão manifestar-se pelo direito à habitação. As manifestações "Casa para Viver" insurgem-se contra o aumento dos preços e da especulação no mercado de arrendamento que tornam impossível conseguir um teto nas regiões que concentram o maior número de habitantes.