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Há mais do dobro das mortes estimadas anteriormente por poluição do ar

A contaminação do ar mata mais do que o tabaco. E uma investigação do Instituto Max Plank conclui que os números são piores do que o que era conhecido. Afinal, há mais o dobro de mortes por poluição do ar do que se pensava. Em 2015, terão sido 15 mil mortes em Portugal por esta causa.
Foto de José Moutinho/Flickr

Pensava-se que teriam morrido 6690 pessoas em Portugal no ano de 2015 devido a poluição do ar. Estes números tinham sido avançados pela Agência Europeia do Ambiente (AEA). Mas uma nova investigação do Instituto Max Plank de Química e da Universidade Médica de Mainz, publicada no European Heart Journal, vem agora estimar o número de mortes no país causadas por poluição do em 15 mil.

Morreram portanto, nesse ano, 138 pessoas por cada 100 mil habitantes. O que coloca o país no meio de uma lista liderada pela Bulgária, com 210 mortes por cada 100 mil habitantes, e com a Islândia na cauda com 43 mortes em cada 100 mil habitantes.

A contaminação do ar superou assim o tabaco como causa de mortes. A nível mundial morreram 7,2 milhões de pessoas em 2015, o ano de referência, devido ao tabaco e 8,8 milhões de mortes devido à poluição do ar.

Na União Europeia foram 659 mil. Na Europa, o número de mortes devido a esta causa é considerado elevado quer por causa da qualidade do ar, quer devido à elevada densidade populacional. E há uma diferença entre a Europa de Leste e a ocidental: há mais contaminação a leste e mais mortes devidas a diferenças na qualidade dos serviços de saúde.

Os problemas cardiovasculares, como os ataques cardíacos, vão ganhando terreno como causas de morte relativamente às doenças respiratórias. Em Portugal 30% das mortes causadas por poluição do ar são devidas a doenças cardiovasculares.

Dióxido de azoto, ozono troposférico e partículas finas são dos principais poluidores que prejudicam a nossa saúde. Com destaque para estas últimas, nitratos, sulfatos e compostos orgânicos, que originam um “stress oxidativo” semelhante ao encontrado em casos de diabetes e hipertensão. Aliás, a poluição é considerada um factor de risco que desencadeia ou agrava uma série de condições.

Poluição do ar prejudica cognição

Para além dos aspetos letais da poluição atmosférica, também o aspeto cognitivo é prejudicado. Um estudo feito na China que envolveu 20 mil pessoas ao longo de quatro anos chegou à conclusão de que o desempenho cognitivo de quem é exposto à poluição fica afetado.

Este estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, concluiu que as capacidades verbais são as mais afetadas, que os homens são mais afetados do que as mulheres, sendo a diferença de género mais notada nos níveis de escolaridade mais baixos, e que com o avançar da idade os efeitos das perdas cognitivas são mais notados.

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