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Guiné-Bissau: Coligação encabeçada pelo PAIGC vence eleições

Após muita expectativa, a Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau anunciou esta quinta-feira os resultados das eleições legislativas realizadas no último domingo, 4 de junho. Saiu vencedora a coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI) – Terra Ranka, encabeçada pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que obteve 54 dos 102 lugares do parlamento guineense e conseguiu, assim, a maioria absoluta.
Segundo a Comissão Nacional de Eleições, o MADEM-G15, partido a que pertence o Presidente Sissoco Embaló, conquistou 29 lugares, e o Partido da Renovação Social (PRS), apenas 12 mandatos, - sinal possível da insatisfação do povo guineense para com a gestão do Madem-PRS. De seguida, ficaram o Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG), com 6 lugares, e a Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), com um deputado.
Na tarde de quinta-feira, a reação da Presidência era aguardada com cautela e tensão. No passado, em fevereiro de 2020, o Presidente Sissoco Embaló destituiu Aristides Gomes, primeiro-ministro do PAIGC. Durante a campanha eleitoral de preparação para estas eleições, Sissoco reiterou que, em caso de vitória do PAIGC, não nomearia Domingos Simões Pereira, o líder da plataforma que acabou por vencer, como primeiro-ministro.
Mas na sua declaração, Umaro Sissoco Embaló recuou nessa intenção e teve uma reação apaziguadora, dizendo que "não há inimigos permanentes" e que "quem ganhou foi a democracia". "Eu sei o que disse, mas um político tem de recuar pelo bem-estar da nação", afirmou o Presidente da Guiné-Bissau numa mensagem à Nação, no Palácio da Presidência, em Bissau.
Logo após o anúncio dos resultados, Domingos Simões Pereira tinha feito uma curta declaração e prometeu mais para sexta-feira, tendo em conta que o Presidente iria falar ainda na quinta-feira. "A Guiné-Bissau ganhou”, disse o vencedor da eleição. "Como a Guiné-Bissau ganhou e como a plataforma PAI-Terra Ranka sempre prometeu, nós temos responsabilidades e celebramos sim, comemoramos sim, mas vamos respeitar todos os filhos da Guiné, que contribuíram para produzir esses resultados”, prosseguiu, anunciando o próximo sábado como o dia das comemorações.
Apesar das divergências, espera-se que estes resultados eleitorais das sétimas eleições legislativas na história da Guiné-Bissau independente conduzam a um governo liderado pelo PAIGC, que ajude a travar a deriva autoritária promovida pelo ainda Presidente Sissoco, que tem restringido o trabalho da sociedade civil e a liberdade de imprensa no país.
O sociólogo guineense Miguel de Barros escreveu na rede social Twitter que a “vitória da coligação PAI-TR com maioria absoluta, estando na oposição, demonstra vontade popular na governação democrática, estável, de interesse público que garanta produtividade económica e responsabilidade social”.
Notícia atualizada às 20h30 com a reação do Presidente da Guiné Bissau aos resultados.
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