Há pouco mais de uma semana, Bernardo Arévalo surpreendeu ao vencer a segunda volta das eleições presidenciais na Guatemala com 60,9% dos votos, acabando assim com 12 anos de domínio da direita. Esta segunda-feira, o Tribunal Supremo Eleitoral decidiu suspender provisoriamente o seu partido, o Movimiento Semilla (Semente), de centro-esquerda, apesar de esclarecer que a decisão não afeta o resultado das eleições presidenciais que as autoridades eleitorais tinham validado momentos antes.
O Semilla pede a anulação da decisão e queixa-se de perseguição judicial. O seu advogado, Juan Gerardo Guerrero, em declarações citadas pela Página 12, diz que estavam “preparados para este tipo de ataques”, avaliando a resolução como “ilegal” ao não respeitar uma providência cautelar do Supremo Tribunal que garantia o respeito pela personalidade jurídica do partido.
O processo vem desde a altura da primeira volta das eleições. A 25 de junho, o juiz Fredy Orellana já tinha decidido uma suspensão, alegando anomalias nas assinaturas que deram origem ao partido. A decisão acabou revogada por se considerar que não se poderia suspender um partido a meio de um processo eleitoral. O procurador Rafael Curruchiche, alvo de sanções dos EUA por suspeitas de abafar casos de corrupção, tinha assegurado então que voltaria à carga depois das eleições. E o Movimiento Semilla requeria então que lhe fossem apresentadas provas de irregularidades e queixando-se de não as conhecer. Em causa estarão supostamente os nomes de 12 pessoas mortas entre as 25 mil assinaturas apresentadas e a acusação de que cerca de 100 assinaturas poderiam ter sido falsificadas.
A suspensão do partido foi entretanto criticada pela Organização dos Estados Americanos, que diz que esta é “sem fundamento algum”, pela União Europeia, com Josep Borrell a mostrar preocupação com “as tentativas persistentes de minar os resultados eleitorais através de ações judiciais como o cancelamento do Semilla, e pelos Estados Unidos.