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Grupo EVA: “Sem lutas como a vossa, não será possível mexer na legislação laboral”

Catarina Martins esteve esta quinta-feira em Faro, na concentração dos motoristas em greve do grupo EVA. As várias empresas do grupo competem entre si para ver quem paga menos, denunciou a coordenadora bloquista.
Trabalhadores do grupo EVA estão em greve a 14 e 15 de junho. Foto Peter Broster/Flickr

No primeiro dia de greve dos trabalhadores do Grupo EVA, que integra as empresas Frota Azul, Próximo, Translagos e Mundial Turismo SA e pertence ao Grupo Barraqueiro, os motoristas em greve concentraram-se em Faro e contaram com o apoio da coordenadora do Bloco de Esquerda.

As razões da greve prendem-se com a disparidade de salários e direitos nas várias empresas do grupo, com diferenças no salário base e nos suplementos de alimentação e trabalho extraordinário. A principal reivindicação é a igualdade salarial para o mesmo trabalho nas várias empresas do grupo.

“È preciso ter consciência que o que está aqui a passar é um ataque aos motoristas mas é também um problema para a segurança dos passageiros e para todo o país. Temos aqui pessoas que não chegam a levar 600 euros para casa e trabalham 11 horas seguidas”, denunciou Catarina Martins aos jornalistas após intervir na concentração que também teve a presença do deputado João Vasconcelos e do secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos.

“Este caso é gritante: é um grupo económico que tem várias empresas e o que faz é pôr as várias empresas a competir para ver quem paga menos”, explicou Catarina, considerando esta greve “absolutamente essencial” para pressionar o governo a mexer na legislação laboral.

“Sem lutas como a vossa, não será possível mexer na legislação laboral. É a vossa força que puxa pelo país, porque puxa pelos direitos de toda a gente”, prosseguiu Catarina.

Referindo-se à situação destes trabalhadores, a coordenadora do Bloco sublinhou que “todos os salários base são muito baixos” numa altura em que “a economia está a crescer e o turismo é o motor dessa economia. Como é possível que quem trabalha neste setor e tem tanta responsabilidade ganhe tão pouco?”, questionou

“Outra coisa que choca é perceber que o salário base é compensado por três suplementos também muito baixos. Por causa deles, a vossa carreira contributiva é abaixo do que devia ser. E se agora o salário é baixo, ele promete-vos também reformas baixas. Salários baixos é roubo agora e é roubo no futuro”, concluiu Catarina.

A coordenadora bloquista insistiu várias vezes que são as lutas dos trabalhadores que farão a força para mudar as leis laborais, pois o país “compreendeu que a estratégia de recuperação de rendimentos do trabalho afinal não era o descalabro da economia que a direita prometeu e a Comissão Europeia ameaçava. Pelo contrário: aumentar os rendimentos do trabalho permitiu a recuperação da economia”.

Mas apesar do crescimento da economia e da expetativa numa maioria parlamentar “que possa garantir que as suas condições de vida aumentam, o que as pessoas veem é que do ponto de vista do patronato são criados todos os esquemas para continuarmos com baixos salários”.

Por isso, defendeu Catarina, “precisamos de mudar a legislação laboral a sério, de obrigar os patrões a uma contratação coletiva digna desse nome, em que não haja chantagens”.

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