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Greve inédita de enfermeiros no Reino Unido

O Royal College do Nursing marcou a sua primeira greve em 106 anos depois de o governo britânico negar-se a negociar uma proposta salarial de 5% acima da inflação. Queda do salário real em dez anos foi de 20%.
Enfermeiras britânicas em protesto em 2020. Foto de Tim Dennell/Flickr.
Enfermeiras britânicas em protesto em 2020. Foto de Tim Dennell/Flickr.

Pela primeira na sua história de 106 anos, o Royal College do Nursing decretou uma greve de enfermeiros no Reino Unido que acontecerá a 15 e 20 de dezembro, durante doze horas de cada um destes dias. A forma de luta foi convocada depois de o governo ter rejeitado conversações formais sobre aumentos salariais de 5% acima da inflação. O primeiro-ministro Rishi Sunak diz serem “obviamente incomportáveis”, e a greve junta-se a outras que são esperadas dos médicos e trabalhadores de ambulâncias.

A secretária-geral da organização, Pat Cullen, citada pelo Guardian, disse que os trabalhadores sentiram que a rejeição de negociações formais fez com que “os nossos membros sentissem uma tal injustiça que irão fazer greve pela primeira vez”. Para ela, “o pessoal de enfermagem está farto de ser tomado por garantido, farto de baixos salários e de níveis de insegurança pessoal, farto de não ser capaz de dar aos nossos pacientes o cuidado que merecem”.

O RCN queixa-se de que, desde 2010, os enfermeiros tiveram uma perda real de salários na ordem dos 20% devido a aumentos sucessivos abaixo da inflação. Isto levou a que, no ano passado, cerca de 25.000 tenham deixado de estar inscritos no Conselho de Enfermagem e Parteiras, condição para exercerem a profissão. Só na Inglaterra faltarão ser preenchidos 47.000 lugares no Serviço Nacional de Saúde britânico e, ao mesmo tempo, milhares de milhões de libras são gastos em empresas sub-contratadas, dizem.

A decisão da greve foi votada em urna pelos enfermeiros e vai ocorrer na Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte. Na Escócia chegou a ser convocada mas foi adiada depois de o governo ter anunciado a reabertura de negociações. Em alguns pontos, como em perto de 40% dos hospitais, centros de saúde mental e comunitários da Inglaterra, esta não se realizará devido à fraca adesão à votação.

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