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Greve Feminista assinala Dia Internacional da Mulher com marcha inclusiva e diversa

Os cerca de quarenta coletivos que integram a Plataforma Greve Feminista Internacional saem à rua no próximo dia 8 de março com um caderno reivindicativo comum e organizam uma marcha para todas as pessoas, sem deixar ninguém para trás.
Manifestação do 8 de março de 2022 - foto de Ana Feijão CC BY-ND

Os coletivos e associações do feminismo interseccional reivindicam “avanços para uma verdadeira  igualdade salarial, o apoio às mulheres e crianças vítimas da guerra, o combate ao assédio nas faculdades, avanços nos serviços públicos de educação, saúde e cuidados”.

No seu manifesto, defendem que “só uma luta unida, coletiva e contínua defende e aprofunda as nossas conquistas”, e apelam à participação na Greve Feminista Internacional, em protestos e marchas por todo o país no próximo 8 de março. No Porto, a marcha organizada pela Plataforma Greve Feminista inicia-se na Praça dos Poveiros pelas 18h30. Em Lisboa inicia-se na Alameda e vai até ao Rossio, sendo que este novo percurso tem o intuito de assegurar um caminho mais adequado às pessoas com mobilidade condicionada.

A Plataforma Greve Feminista acredita “que as pessoas exploradas e oprimidas são as protagonistas das suas próprias causas, vidas e experiências” e acreditam “na força de uma unidade feminista que amplie todas essas vozes”.

Se tudo “o que as mulheres têm na nossa sociedade foi conquistado com o seu esforço e luta ao longo da História”, a verdade é que “continua a ser sobre as mulheres que mais recaem as consequências da violência machista, da desigualdade económica e da crise de cuidados de um sistema capitalista, racista, colonial, capacitista, hetero-cis-sexista”, escrevem os cerca de 40 coletivos. 

As “mulheres lésbicas e bissexuais, mulheres trans, outras pessoas trans e não-binárias, mulheres consumidoras de substâncias psicoativas, trabalhadoras do sexo, pessoas racializadas, pessoas migrantes, pessoas com deficiência” encontram “ainda mais barreiras” à sua liberdade, ao seu “direito a uma vida autodeterminada”, e continuam a estar nas ruas pela defesa dos seus direitos, “por uma vida digna, por uma vida que valha a pena ser vivida”, acrescentam.

As reivindicações da Plataforma Greve Feminista são claras, e passam pelo “reconhecimento do trabalho informal e sexual, o fim da precariedade à qual nos submetem constantemente (seja em condições ou remuneração), a plena aceitação da diversidade humana, a autodeterminação, a defesa contra a violência, o direito aos cuidados, o direito sobre os nossos corpos e direito ao prazer, o acesso à saúde sexual e reprodutiva”.

Nesse sentido, são exigidas medidas efetivas contra a desigualdade salarial; a criação de um serviço nacional de cuidados; um forte investimento na prevenção e no combate à violência de género; e o reconhecimento e combate à violência obstétrica, medidas para garantir o cumprimento do direito à interrupção voluntária da gravidez e para combater o desrespeito pela autonomia sexual e reprodutiva das mulheres e raparigas com deficiência.

Os coletivos exigem ainda o fim da transfobia no acesso à saúde, formação de profissionais em saúde trans e pleno direito a cuidados diferenciados para pessoas trans e não-binárias no SNS; bem como uma Escola que promova uma Educação Sexual inclusiva e anticapacitista e uma Educação antirracista; e a criação de mecanismos de denúncia contra o assédio nas Universidades que sejam seguros, eficazes e acessíveis, assim como medidas de prevenção e combate.

Em causa está também a criação de políticas de promoção da vida independente das pessoas com deficiência, que garantam que estas tenham controlo e poder sobre as próprias vidas.

No seu manifesto, a Plataforma Greve Feminista clama igualmente pelo reconhecimento dos direitos das pessoas trabalhadoras do sexo, garantindo que a sua atividade não é perseguida e que são ouvidas sobre qualquer mudança legal que lhes diga respeito; por políticas que garantam o direito à habitação digna e acessível; medidas sérias e socialmente justas para a transição climática; e por ações de solidariedade ativa com as mulheres e crianças que vivem em contexto de guerra.

O manifesto da Plataforma Greve Feminista é subscrito por A Coletiva, As DEsaFiantes, As Feministas.pt, Associação Anémona, Baque Mulher - Lisboa, Casa do Brasil de Lisboa, Centro de Vida Independente, Chão das Lutas, Clube Safo, Colombina Clandestina, FEM - Feministas em Movimento, Feminismo Sobre Rodas, GAT, GPV, HeForShe Universidade de Lisboa, ILGA Portugal, INMUNE, Intendente Insurgente, Livraria das Insurgentes, Kosmicare, Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto, Movimento contra o assédio no meio académico de Lisboa, Manas, MTS, Núcleo Feminista da FDUL, OVO, Panteras Rosa, Por Todas Nós, Porto Inclusive, UMAR, PolyPortugal, Precários Inflexíveis, Saber Compreender, SaMaNe, SOS Racismo, Voz do Autista, APDES - Agência Piaget para o Desenvolvimento, APDMGP - Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto.

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