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Greve dos professores: Viana do Castelo deu “um grande exemplo de democracia”

97% de adesão à greve rotativa por distritos e milhares de professores nas ruas foi o cenário que encerrou a semana de luta. Em conferência de imprensa, os nove sindicatos da plataforma comum rejeitam acordos “a granel”, ponderam avançar com queixas devido a abusos nos serviços mínimos e anunciam que vêm aí mais formas de luta.
Professores em luta em Viana do Castelo. Foto da Fenprof.
Professores em luta em Viana do Castelo. Foto da Fenprof.

A greve rotativa por distritos foi esta sexta-feira em Viana do Castelo e registou 97% de adesão e “com quase todas as escolas sem aulas e/ou encerradas” de acordo com a Fenprof. A jornada de luta começou com uma concentração à porta do Agrupamento de Escolas de Monserrate. Mais tarde houve um “piquenique pela Educação no Parque da Cidade, seguido de uma manifestação na Praça da República.

O jornal O Minho dava conta da presença de “milhares de professores” em desfile pelas ruas da capital de distrito. E, no final do percurso, Francisco Gonçalves, Secretário-geral adjunto da Fenprof, considerou que os professores do distrito deram “um grande exemplo de democracia” e que este processo de luta se caracteriza por cada escola “gostar de mostrar que está em luta e está bem assim”. Em uníssono, os docentes gritaram um forte “não” à colocação via Conselho Local dos Diretores.

Governo quer acordos parcelares, sindicatos prometem mais luta

A manhã deste dia tinha começado já com a promessa de que a luta seria para continuar depois do resultado da reunião da véspera com o governo. Os nove sindicatos que estão a promover as greves rotativas por distrito, ASPL, Fenprof, FNE, PRÓ-ORDEM, SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU, reuniram-se numa conferência de imprensa conjunta para o fazer. Exigem um “acordo global” e recusam a ideia do ministro da Educação de fazer dez acordos parcelares.

Mário Nogueira assumiu o papel de porta-voz explicando que não querem “um acordo a granel” porque estariam “a assinar ‘acordozinhos’ ou ‘subacordos’ para no final ter um documento global que teria aspetos de que discordamos”.

As greves rotativas são assim para continuar ao longo da próxima semana e a 11 de fevereiro há manifestação conjunta promovida por estes sindicatos. Se esta está pensada para ser um pico de mobilização, procurando-se ter um autocarro por escola/agrupamento, não marcará certamente seu o fim. Estes sindicatos prometeram desde já o anúncio de novas medidas de luta nesse dia.

Serviços mínimos: Fenprof pondera avançar com queixas

Depois de no primeiro dia de aplicação dos serviços mínimos à greve convocada pelo STOP ter havido declarações confusas, aos microfones da RTP Mário Nogueira declarou que “se algum professor, em alguma escola, em Viana do Castelo estiver hoje impedido de fazer greve pela direção dessa escola será apresentada queixa ao Ministério Público”.

O dirigente sindical contou que “o abuso está a ser de tal ordem que ainda ontem numa escola, em Faro, a direção impediu professores de ir a uma reunião sindical porque tinham de estar em serviços mínimos.” Outro dos dirigentes sindicais presentes, Pedro Barreiros, da FNE, acrescentou que os vários sindicatos estão a receber muitas queixas de professores sobre a questão. Para todos os sindicalistas da frente de sindicatos dos docentes o entendimento é consensual: a aplicação de serviços mínimos à greve por si convocada é “ilegal” e “ninguém que queira aderir a esta greve pode ser impedido”, diz Nogueira.

Assim, os nove sindicatos que promovem a greve rotativa por distritos vão disponibilizar uma minuta que os professores podem preencher para responder sistematicamente a estes casos de abuso.

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