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Greve dos professores prossegue com força no distrito de Braga

A paralisação por distritos chegou esta quinta-feira a Braga, com adesão de 90% e muitas escolas fechadas. FNE anunciou que vai juntar-se à manfestação de 11 de fevereiro.
Concentração de professores em frente à autarquia de Barcelos, onde foram recebidos pelo presidente da Câmara. Foto Câmara Municipal de Barcelos/Facebook

A greve promovida por oito sindicatos realiza-se esta quinta-feira no distrito de Braga, com muitas escolas fechadas e concentrações de professores, funcionários e encarregados de educação à porta de vários estabelecimentos de ensino. O ponto alto será a manifestação dos professores do distrito na cidade de Braga durante a tarde.

"Eu, como contratada, tenho reivindicações como ter direito a uma carreira. Estou há 19 anos no ensino, pago para trabalhar e sou professora, porque tenho uma retaguarda familiar e uns pais que me deixam ser professora. Se não, por esta altura, tinha acontecido como aos meus colegas, que saímos 50 em 2004 e estamos dez no ensino. E eles não voltam para o ensino como o senhor Ministro tem vindo a dizer", contou uma das manifestantes ao Diário do Minho. "Os mais novos e as pessoas não querem ir para o ensino. Não é uma carreira atrativa, porque não eles não sabem como é que os professores aguentam e têm paciência", acrescenta a professora à porta da escola de Lamaçães, em Braga, onde se podia ler num dos cartazes que “um país que põe a escola em último nunca estará em primeiro”.

Nesta escola, os professores não foram dar aulas mas mantém-se aberta porque os funcionários estão a trabalhar. "Como verificamos nestas lutas, os professores não fecham escolas, mas sim os auxiliares de educação e os assistentes operacionais. Esses sim, fecham escolas. Nós podemos estar todos juntos à porta da escola, mas os alunos continuam a entrar, porque há funcionários. Não acontece o mesmo no 1.º ciclo, porque não há funcionários suficientes", acrescentou a professora.

Na escola de Esporões também houve concentração à porta e os portões estavam fechados ao início da manhã. Também na escola de Garapôa, professores e funcionários protestaram em frente ao estabelecimento de ensino.

Em Barcelos, os professores fecharam escolas e promoveram durante a manhã uma manifestação até aos Paços do Concelho, onde foram ouvidos pelo presidente da Câmara. José Maria Cardoso disse à Rádio Barcelos que "estamos fartos desta desvalorização salarial, por um lado, mas também social e profissional, por outro". Os professores concentraram-se à porta dos estabelecimentos de ensino e entregaram folhetos com as razões desta luta aos encarregados da educação. Durante a reunião com o presidente da Câmara, entregaram também o seu caderno reivindicativo e procuraram sensibilizar a autarquia para a justiça das suas reivindicações.

A Câmara Municipal foi também o destino dos professores que se concentraram em Vizela nos dois agrupamentos de escolas do concelho, informa a Rádio Vizela. E também em Fafe dezenas de professores das escolas locais rumaram ao edifício da Câmara Municipal, relata o Jornal de Fafe.

O jornal Vilaverdense dá conta do encerramento da Escola EB-2-3 de Moure, Vila Verde e de outros estabelecimentos escolares do 1º ciclo do concelho encerrados e muitos outros com atividade letiva condicionada, com adesões a rondar os 80% a 90%.

Em Famalicão, os Agrupamentos de Escolas de Ribeirão e D.Maria II (Gavião) estão fechados com professores e alunos à porta em protesto contra o Governo, noticia o Cidade Hoje. Os estabelecimentos do primeiro ciclo do concelho estão quase todos encerrados e nas escolas que abriram os alunos regressam a casa à medida que se apercebem que não vão tendo as aulas. Em Celorico de Basto, a adesão à greve foi de 90% e segundo o jornal Ecos de Basto estão encerrados o Centro Escolar da vila-sede e as escolas básicas das vilas de Gandarela e de Fermil, e a Secundária tem dois professores a trabalhar.

Em Terras de Bouro, todas as escolas ficaram sem aulas e os professores concentraram-se à entrada das escolas para exigir respeito pela sua profissão. "As escolas estão abertas, porque os funcionários não fizeram greve, o que significa que os serviços, nomeadamente de refeição, continuam a ser assegurados e podem ser utilizados pelos alunos que não forem para casa", explicou ao Amarense a diretora do agrupamento, Virgínia Gomes.

A dirigente do Sindicato dos Professores do Norte Lurdes Veiga afirmou à Lusa que há agrupamentos com uma adesão “quase, quase” a 100%, apontando como exemplo o de Alcaides Faria, em Barcelos. “São números de adesão muito elevados, um pouco por todo o distrito”, acrescentou, destacando concelhos como Braga, Esposende, Barcelos, Guimarães e Terras de Bouro. No Agrupamento Gonçalo Sampaio, na Póvoa de Lanhoso, dos 114 professores que deveriam estar ao serviço, 100 fizeram greve.

“Há outras greves promovidas por outros sindicatos, o que se traduz numa manifestação clara do descontentamento que grassa na classe docente. O caminho [da greve] pode ser diferente, mas os professores estão todos juntos, pelos mesmos objetivos, que são a dignificação da carreira e a valorização da escola pública”, disse ainda Lurdes Veiga. Os professores de todo o distrito vão manifestar-se na cidade de Braga, desfilando até á Câmara Municipal.

Além desta greve por distritos, outros sindicatos, como o Stop, mantêm pré-avisos de greve para o mês de janeiro que abrangem docentes e funcionários. Esta quinta-feira, dezenas de professores do Agrupamento de Escolas de Tábua, no distrito de Coimbra, fizeram greve, provocando o encerramento de várias escolas. A Rádio Boa Nova informa que na entrada da Escola Secundária de Tábua, os professores carregavam vários cartazes onde se podia ler, por exemplo, “o nosso silêncio é a nossa indignação”, “aposentação aos 36 anos de serviço sem penalizações”, “lutamos por uma escola pública com qualidade, sem demagogias, com rumo ao futuro”, “vinculação dinâmica dos contratados”, “eliminação das vagas ao 5º e 7º escalão”, entre outros.

Também em Portalegre, onde a greve distrital destá agendada para o dia 31, muitos professores resolveram antecipá-la para esta quinta-feira para evitar a coincidência com o período de avaliações no agrupamento de escolas do Bonfim. Segundo a Rádio Portalegre, houve concentração à porta da escola secundária Mouzinho da Silveira,  com uma adesão a rondar os 95%. “Valorização, respeito, avaliação justa, fim das quotas e aproximação à residência” são algumas das palavras de ordem inscritas nos cartazes.

FNE adere à manifestação de 11 de fevereiro

Na quarta-feira, à saída da reunião no Ministério da Educação, o secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE) ouviu as propostas do ministro e respondeu-lhe que "isto ainda é bastante poucochinho, mas as negociações fizeram-se para ir avançando".

Já esta quinta-feira, a comissão executiva da FNE decidiu juntar-se a manifestação convocada para o dia 11 de fevereiro, além de apoiar os protestos distritais convocados pela Fenprof e outros sete sindicatos.

“Também vamos ter de voltar à Assembleia da República, com uma nova petição pelo descongelamento do tempo de serviço, para que os diferentes partidos possam voltar a apresentar as suas propostas nesta matéria”, afirmou João Dias da Silva ao Observador.

STOP convoca passeata para sexta-feira e lamenta que o Ministério não queira transmitir a reunião online

Esta sexta-feira é a vez do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP) reunir no Ministério. O STOP convocou uma concentração para as 10h30 no jardim 9 de abril (a 400 metros da sede do Ministério da Educação ao lado do Museu Nacional de Arte Antiga) para apresentar o que irá defender na reunião e em seguida os presentes irão acompanhar os dirigentes do sindicato até à porta do Ministério.

O STOP tinha manifestado disponibilidade para que o Ministério reunisse com todos os sindicatos ao mesmo tempo e que as reuniões fossem transmitidas online, mas o Ministério da Educação recusou ambas as propostas. "Todos os que trabalham nas escolas estão cansado de acordos/memorandos assinados "nas suas/nossas costas" e exigem transparência", afirma o sindicato. Por seu lado, a Fenprof anunciou que irá divulgar as atas negociais das reuniões.

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