Está aqui

Greve climática saiu à rua: “Mudar o sistema, não o clima”, exigem estudantes

Esta foi uma das palavras de ordem da manifestação convocada pela greve climática estudantil em Lisboa. Pedro Filipe Soares critica que o Governo tenha permitido que “os que nos trouxeram a esta crise sejam os beneficiários” dela, como mostram os lucros recorde das empresas de energias poluentes.
Greve Climática Estudantil. Foto de Tiago Petinga/Lusa.
Greve Climática Estudantil. Foto de Tiago Petinga/Lusa.

A greve climática estudantil voltou a sair às ruas esta sexta-feira, na sequência de um dia de ação global convocado pelo Fridays for Future. Os estudantes exigem o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e o acesso de todas as famílias a energia 100% renovável até 2025 e gritaram palavras de ordem como “mudar o sistema e não o clima”.

Em Lisboa, a marcha passou pelo Instituto Superior Técnico e pelas escolas secundárias Rainha D. Leonor, D. Filipa de Lencastre e Padre António Vieira, onde se reuniram para “lançar as reivindicações da nova vaga de ocupações”, depois de, em novembro do ano passado, terem existido várias ações de ocupação simbólica de escolas.

Ideal Maia, estudante na FCUL, explica que “as petições e marchas pelo clima não são suficientes para fazermos frente ao sistema fóssil. Precisamos de tomar ação mais radical e mais ambiciosa e, para isso, nas ocupações desta Primavera queremos envolver toda a sociedade a mobilizar-se connosco pelo fim ao fóssil e pela democracia energética”.

Pretendem assim unir “estudantes, trabalhadores, profissionais da educação e cidadãos para acabar com a economia fóssil e, consequentemente, travar a crise climática e a crise do custo de vida que tem afetado todos os setores”. E denunciam que “as mesmas petrolíferas que viciaram a nossa economia nos combustíveis fósseis, colocando-se em todos os passos da cadeia de abastecimento, aumentaram os preços da energia e, portanto, da vida, e estão agora a lucrar com a nossa precariedade e com a destruição do planeta”.

Sobre isto, Dinis Costa, estudante no Liceu Camões em Lisboa, afirma que “enquanto uma grande maioria das pessoas está a sofrer as consequências da crise do custo de vida, as grandes petrolíferas lucram recordes. E nós sabemos que estas empresas são culpadas não só desta crise social, mas também da crise climática que ameaça o nosso futuro”.

Os jovens “mostram o exemplo da mudança necessária”

Pedro Filipe Soares esteve presente na marcha e demonstrou sintonia com as suas preocupações. “Passámos uma década em que os mais ricos ficaram mais ricos e passámos um ano de enorme provação às pessoas, aumento do custo de vida e quem é que enriqueceu? Foram os grandes grupos económicos das energias poluentes”, afirmou aos jornalistas.

Em Portugal e “por todo o mundo”, as petrolíferas tiveram “lucros de milhões”. Ou seja, “quando nós precisávamos de fazer a transição climática são aqueles que nos trouxeram este caos climático que estão a ganhar”. Daí que seja “necessário que nos levantemos enquanto sociedade para exigir uma mudança”.

O líder parlamentar do Bloco pensa que os jovens que se manifestam “mostram o exemplo dessa mudança necessária para a geração deles mas para todas as gerações para garantirmos que o mundo tem futuro e que nós não ficamos reféns dos males que lhes fizemos”.

Questionado sobre a ação do Governo, responde que este “tem permitido, como outros governos à escala europeia, que os que nos trouxeram a esta crise sejam os beneficiários da crise”, exemplificando com os lucros da Galp nos quais “não quis tocar”, apesar desta pertencer “à economia que nos trouxe a este desastre, a este caos climático”. De acordo com ele, “ao não fazê-lo está a compactuar com este desastre climático”. Isto apesar de depois vir dizer “que tem um conjunto de metas sempre para o futuro, sempre para a frente, mas não altera o presente e no presente quem está a ganhar são aqueles que nos estão a fazer mal a nós e ao planeta”.

Pedro Filipe Soares insiste que “Portugal pode e deve dar o exemplo”, mas “infelizmente estamos a atrasar-nos em vez de acelerar quando todos os dados científicos dizem que devíamos era estar a acelerar, a correr atrás do prejuízo, porque já fizemos muito mal ao nosso planeta e temos de o salvar”.

Termos relacionados Ambiente
(...)