A situação económica na Grécia é tão incerta que o país deverá necessitar de 252 mil milhões de euros até ao final da década, um valor que mais do que duplica os 109 mil milhões originalmente acordados com a troika. Na pior das hipóteses, poderá mesmo ser necessário emprestar 440 mil milhões à Grécia, mais do que o actualmente disponível no Fundo Europeu de Estabilidade Financeira.
Estes valores constam da última avalização financeira realizada pela Comissão Europeia e FMI, um documento “confidencial” entretanto divulgado pelo Financial Times, e onde se pode ler que “a situação na Grécia deu uma guinada para pior” e que os “desenvolvimentos recentes exigem uma reavaliação”.
A contracção da economia, consequência natural da brutal diminuição do consumo interno, tem superado de tal forma as metas estabelecidas que, de acordo com o documento entregue na passada sexta-feira aos governos dos 27 países da União Europeia, a reestruturação da dívida deverá ser de 60%, bem longe dos 21% previstos no Conselho Europeu de 21 de Julho.
A dívida pública grega, actualmente nos 160% do produto, deverá representar 186% em 2013 e apenas em 2020 deverá ficar no abaixo do limiar de 152%, visto como crucial para o retorno da Grécia aos mercados internacionais.Ainda assim, somente em 2030 o valor dos encargos de Atenas para com os seus credores deverá ser inferior aos 130% do PIB, uma situação claramente insustentável - de acordo com o relatório.
No centro desta “guinada para pior” está o estrondoso falhanço da política de privatizações. As privatizações deveriam render 66 mil milhões de euros e representavam uma parte fulcral do plano para abater a dívida do país. Nada disso está a ser conseguido e, depois de apenas ter encaixado 10 mil milhões de euros com as privatizações já realizadas, a troika estima agora que estas deverão render menos 20 mil milhões do que o esperado há 3 meses.