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"Governo tem de respeitar as pessoas que constroem os cuidados de saúde neste país”

Catarina Martins defende que a criação da Carreira de Técnico Auxiliar de Saúde é uma “medida fundamental” destinada a profissionais que estão “na linha da frente dos cuidados”. Proposta do Bloco vai a debate esta sexta-feira.
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, durante uma reunião por vídeoconferência com um grupo de técnicos auxiliares de saúde, assim como seus representantes sindicais, a propósito da criação da respetiva carreira de técnico auxiliar de saúde, na sede do Bloco de Esquerda. Foto de Miguel A. Lopes, Lusa.

A coordenadora do Bloco reuniu esta quinta-feira com técnicos auxiliares de Saúde a propósito da criação de uma carreira que os reconheça e dignifique. A medida estará esta sexta-feira em discussão na Assembleia da República, através de uma petição e de iniciativas legislativas, entre as quais o projeto de lei do Bloco de Esquerda.

Catarina Martins frisou que os técnicos auxiliares de Saúde são “pessoas que estão na linha da frente, no contacto com os utentes”, apoiando médicos e enfermeiros. A estes profissionais cabe a esterilização e desinfeção de equipamentos e espaços, como hospitais e centros de saúde, e são eles que estão nos lares a cuidar de quem tem mais idade e está mais dependente.

A estes profissionais que estão “na linha da frente dos cuidados” são atribuídos salários que rondam o salário mínimo nacional. E contam com contratos por quatro meses. Acresce que, embora tenham de ter competências especializadas, têm dificuldades no acesso à formação.

A dirigente do Bloco considera que “não cabe ao Governo baixar os ombros”, é preciso reconhecer a carreira, e assegurar salários dignos e contratos efetivos a estes profissionais.

É preciso “respeitar as pessoas que constroem os cuidados de saúde neste país”, reforçou.

Catarina Martins lembrou que, em julho 2018, poucos meses antes de ser ministra, Marta Temido reconhecia que uma das maiores ineficiências do Serviço Nacional de Saúde era, muitas vezes, não atribuir a importância devida às carreiras, e não reconhecer sequer aos auxiliares a sua carreira.

De acordo com a coordenadora bloquista, esta é uma “medida fundamental”, destinada a “profissionais de que o país está tão necessitado neste momento e que se têm sacrificado em nome de todos”.

Catarina alerta para a falta de apoios sociais que permitam cumprir restrições

A propósito do aumento exponencial de infeções e das eventuais medidas restritivas que possam vir a ser tomadas pelo Governo, Catarina Martins apontou “dois aspetos fundamentais”.

“Em primeiro lugar, as condições objetivas para as pessoas se protegerem. Isso significa que quando há medidas de restrição tem de haver medidas de apoio social e económico, porque quando pedimos às pessoas para pararem e não lhes damos condições de sobreviver, estamos a dizer-lhes que elas não conseguem parar e terão de arranjar alguma forma de ter rendimento e com isso, naturalmente, enfim, mais contactos e mais problemas para a saúde”, apontou.

A dirigente do Bloco assinalou ainda que é preciso melhorar a comunicação, para que “as pessoas percebam como é que o vírus se transmite, o que é que é perigoso e como é que se podem proteger”.

“O que tem faltado até agora do nosso ponto de vista é não só uma correta comunicação do risco à população, como também medidas eficazes de apoio social e económico para que as restrições sejam seguidas”, sintetizou.

Catarina Martins voltou a defender que é preciso “mobilizar toda a capacidade de saúde instalada em Portugal”, integrando “a capacidade privada e social no SNS, pagando-lhes preços de custo justos, normais”.

“O Governo até hoje nunca utilizou a capacidade que tem desde março de colocar a capacidade instalada na saúde social e privada integrada no SNS e a responder de forma coordenada com o SNS. É, do nosso ponto de vista, um erro”, afirmou.

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