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Governo português resiste à redução de cádmio nos fertilizantes

Bloco de Esquerda chama ministros ao parlamento para explicarem posição portuguesa no debate europeu sobre a redução deste tóxico que contamina os solos e atinge a população através da cadeia alimentar.
Foto Paulete Matos.

A utilização do cádmio nos fertilizantes está em debate em Bruxelas, com o Parlamento Europeu e a Comissão a pedirem que os valores máximos admitidos nos fosfatos usados para fins agrícolas sejam limitados a 20mg/Kg no prazo de 9 anos. Mas o governo português faz parte do grupo de seis países que defende um valor de 60mg/Kg, ou seja, o triplo da proposta de Bruxelas e Estrasburgo.

Para o deputado bloquista Pedro Soares, não se consegue perceber “qual o interesse de Portugal em manter estes níveis de cádmio nos fosfatos agrícolas, tendo em conta tudo o que se sabe em termos de consequências para a saúde pública e as apostas na economia circular”. Por exemplo, “a EDIA tem um estudo que revela que o solo do Alentejo tem elevados níveis de contaminação por cádmio o que pode colocar em risco os investimentos que ali estão a ser feitos”, recorda o deputado, citado pelo Expresso. Também em Portugal, um estudo da Universidade de Aveiro junto da população idosa de Estarreja observou que os participantes com demência foram os que tinham no organismo valores mais elevados de cádmio.

Por esta razão, o Bloco chamou à Assembleia os ministros do Ambiente e Agricultura, bem como diretor Geral das Atividades Económicas, para darem explicações sobre a posição assumida pelo governo português em Bruxelas.

No final de março, a bancada bloquista deu entrada na Assembleia com um projeto de resolução a recomendar a redução significativa da presença de cádmio nos fertilizantes agrícolas. “Distúrbios pulmonares, danos renais e disfunção cardiovascular, problemas de fertilidade e osteoporose, desenvolvimento de estádios de demência como a doença de Alzheimer, são algumas das consequências possíveis derivadas da exposição humana ao cádmio cuja absorção é feita através da cadeia alimentar”, diz o texto da proposta, apontando que “cerca de 20 a 30 % da procura de adubos fosfatados na UE podia ser satisfeita por fosfatos com origem em resíduos domésticos (nomeadamente lamas de depuração), caso este elemento da economia circular fosse devidamente estimulado, objeto de investimento e de regulamentação nesse sentido”.

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