Mariana Mortágua comentou esta quinta-feira a entrevista de Paulo Rangel em que este admite que há um barco com bandeira portuguesa que carrega explosivos para empresas de armamento em Israel fabricarem bombas.
A coordenadora bloquista sublinha que a informação agora reconhecida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros já tinha sido alvo de uma denúncia pelo Bloco, de uma queixa no Ministério Público, decorrendo até uma petição lançada pelo partido pela retirada da bandeira, a ser entregue na próxima segunda-feira.
Para Mariana Mortágua, confirma-se assim o facto “de que há um barco com bandeira portuguesa que está a carregar armamento que serve o genocídio do governo de Israel em relação ao povo palestiniano”.
Mas a entrevista dá também “a entender” que “o governo português nada fará para travar este carregamento de armamento”. Uma “passividade” que implica uma “violação das convenções que Portugal assina e subscreve de prevenção de genocídio, bem como de todas as determinações da Justiça Internacional relativamente ao risco de genocídio na Palestina pelo governo israelita e pelo exército de Israel”, considera a deputada, que acrescenta que “Portugal pode mesmo vir a ser condenado por cumplicidade com o genocídio”. Para isso foi já alertado pela relatora especial das Nações Unidas para a Palestina.
A este propósito, recorda ainda que esta quarta-feira foi aprovada uma declaração na Assembleia Geral das Nações Unidas, votada favoravelmente por Portugal, que determina a retirada de Israel dos territórios ocupados e insta os Estados a impedir empresas, cidadãos de exercerem atividades, neste momento, em territórios ocupados ilegalmente por Israel. Também se afirma que os Estados devem embargar entregas de armas para Israel. Para Mariana Mortágua, “Portugal não pode votar a favor de resoluções nas Nações Unidas que protegem o povo palestiniano, que significam o embargo de armas para Israel para prevenir o genocídio e, ao mesmo tempo, deixar que um navio com uma bandeira do nosso país carregue explosivos que são utilizados em armamentos que estão a matar mulheres e crianças na Palestina”, o que torna o país “cúmplice do genocídio”.
A atitude do Governo é considerada como “cobarde” porque “não tem capacidade de afirmar Portugal e de dignificar o nome e a imagem de Portugal internacionalmente, fazendo aquilo que deve ser feito”. E também porque “não há qualquer justificação à luz do direito internacional, à luz do respeito dos direitos humanos para a não retirada da bandeira”.