Contratos de associação

Governo dá mais dinheiro a privados, Bloco quer ouvir ministro da Educação

10 de agosto 2024 - 10:18

Joana Mortágua defende que os problemas da Escola Pública “só se resolvem com um incremento substancial do investimento na Escola Pública”, um “rumo oposto” ao seguido pela direita com “o desvio de fundos públicos para o reforço do ensino privado”.

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Sala de aula
Sala de aula. Foto de Paulete Matos.

Na passada quinta-feira, o Governo decidiu em Conselho de Ministros aumentar as verbas destinadas aos contratos de associação com o ensino particular e cooperativo. Neste sistema, o Estado pagava aos privados 80.500 por turma e por ano. Passará agora a pagar, 86.176,25 euros.

O Bloco de Esquerda reagiu apresentando um pedido de audição parlamentar do ministro da Educação.

O partido esclarece que estes contratos de associação tinham surgido com o objetivo de colmatar insuficiências da escola pública, sendo implementados “onde a escola pública ainda não tinha os seus estabelecimentos”. Só que, depois desta função, “com o passar dos anos, este mecanismo de caráter necessariamente temporário passou a funcionar como uma renda garantida ao setor privado da educação e um travão à expansão da Escola Pública”.

Agora, na justificação de atribuição de mais verbas para os privados, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, disse que era uma decisão enquadrada numa “visão geral de que a Educação e outros serviços públicos devem funcionar «em complementaridade com o setor privado e social»”.

O Grupo Parlamentar do Bloco quer portanto saber “qual o alcance destas afirmações, que rumo o Governo pretende para Educação, se vai continuar a aumentar o financiamento de turmas no privado em vez de reforçar o investimento na rede da Escola Pública, com medidas urgentes como o aumento das vagas no pré-escolar e ou apoio aos professores deslocados para garantir que não há alunos sem professores”.

Joana Mortágua, a deputada que assina o pedido, considera que “a Escola Pública tem como problema central a falta de professores” e que este outros problemas “só se resolvem com um incremento substancial do investimento na Escola Pública”, um “rumo oposto” ao agora seguido com “o desvio de fundos públicos para o reforço do ensino privado”.

A decisão do governo faz com que sejam financiadas 207 turmas, mais quatro do que no ano passado, o primeiro aumento desde 2015 para os 26 colégios com contratos de associação. Este é considerado “um sinal de retrocesso na política de Educação”.