A megaoperação que levou na semana passada cerca de 250 inspetores da Polícia Judiciária às instalações do Banco de Portugal, secretaria-geral do Ministério da Justiça, Instituto dos Registos e do Notariado, Balcão Único do Prédio e outros organismos do Estado passou também pela Govaas - Governance Advisors, a empresa de consultoria em gestão e tecnologias de informação detida pelo dirigente da Iniciativa Liberal Bruno Horta Soares.
Em declarações ao canal Now, o fundador e dirigente da IL que foi cabeça de lista do partido nas últimas eleições à Câmara de Lisboa e falhou o objetivo de se tornar o primeiro “vereador liberal” - recandidatando-se agora às legislativas no simbólico último lugar efetivo da lista pelo círculo de Lisboa -, diz sobre a razão das buscas que neste momento não consegue “ter noção do que possa ser, o que é desconfortável”, acrescentando que nada lhe foi transmitido sobre as suspeitas que recaem sobre a sua atividade empresarial.
A empresa foi constituída arguida, ao contrário de Bruno Horta Soares, que é o seu gerente e sócio a meias com a esposa. Segundo os registos públicos, a empresa foi constituída em maio de 2015 com um capital social, também ele simbólico, de apenas dois euros.
Segundo afirmou a Polícia Judiciária no dia das buscas a empresas e organismos do Estado, estão em causa condutas relacionadas com aquisições de serviços na área da Tecnologia de Informação, por várias entidades públicas e por uma entidade privada, entre os anos de 2017 e 2025. “No centro da investigação encontra-se um conjunto de indivíduos que, em conjugação de esforços e de forma premeditada, viciaram dezenas de procedimentos de contratação pública e privada, num valor total global não inferior a 17 000 000,00 € (dezassete milhões de euros)”, refere o comunicado da PJ.
Nesta “operação Pactum”, os factos investigados “são suscetíveis de, em abstrato, integrar os crimes de participação económica em negócio, acesso ilegítimo com violação de confidencialidade, de abuso de poder, corrupção ativa e passiva, falsificação de documentos, falsidade informática, fraude na obtenção de subsídio, fraude fiscal qualificada, tráfico de influência, associação criminosa e ainda do crime de branqueamento”, acrescenta a Polícia judiciária.