A província de Xinjiang, no Noroeste da China, é o lugar onde o regime do Partido Comunista Chinês construiu 380 campos de detenção para membros da minoria muçulmana uigur, revela agora um novo relatório do Instituto Australiano de Políticas Estratégicas (ASPI), noticia o jornal Público.
Segundo os cálculos da Organização das Nações Unidas, mais de um milhão de uigures estão detidos arbitrariamente nestes campos de trabalhos forçados, cuja produção de algodão é utilizada em cerca de 20% da roupa comercializada em todo o mundo.
A repressão e controlo da população uigur tem aumentado exponencialmente nas últimas décadas, com o regime a recorrer a mecanismos de controlo e criminalização de comportamentos, ideias ou associação, através de vigilância digital e algoritmos preditivos, resultando no internamento forçado de cada vez mais uigures.
Pequim rejeita esta leitura, definindo estas instalações como campos de “reeducação” e “reintegração” de minorias na sociedade, e enaltece o sucesso destes campos, salientando que o número de uigures libertados tem aumentado e a população prisional diminuído.
No entanto, o número de campos de detenção continua a crescer. Apenas em 2019, foram construídos mais 61 campos e, da informação recolhida, pelo menos outros 14 estão em construção.
O relatório do ASPI categoriza os campos em quatro tipos níveis de segurança, e pelo menos metade das novas instalações serão de alta segurança. Outras 70 instalações foram reconstruídas recentemente com menos meios de segurança.
Segundo o relatório, “um número significativo de detidos que não demonstrou um progresso satisfatório nos campos de doutrinação política foi transferido para instalações de alta segurança, que se estão a expandir para os acomodar”.
Ao Guardian, o investigador do Instituto afirma que “as provas desta base de dados mostram que, apesar das alegações das autoridades chineses sobre os detidos que se estão a formar nos campos, o investimento na construção de novos centros de detenção continuou ao longo de 2019 e 2020”.
Location of China's 380 detention centres in Xinjiang, according satellite image analysis by the Australian Strategic Policy Institutehttps://t.co/GIw1YU6euw@AFP pic.twitter.com/uzfUz8sdD9
— AFPgraphics (@AFPgraphics) September 24, 2020