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Fogo na Califórnia evacua 185 mil pessoas e deixa mais de dois milhões sem luz

O incêndio alastra desde quarta-feira no norte da Califórnia e o serviço meteorológico diz que pode vir a ser tão destruidor como o de 2017.
As instalações da Soda Rock Winery foram um dos edifícios destruídos pelo incêndio Kincade, no norte da Califórnia. Foto Peter Dasilva/EPA

Os ventos fortes e imprevisíveis e o clima seco deixaram fora de controlo o incêndio que desde quarta-feira alastra no norte da Califórnia e já destruiu dezenas de edifícios e habitações. Os serviços meteorológicos prevêem que este este incêndio possa vir a atingir o nível de destruição dos de 2017, que deixaram 22 mortos naquele estado norte-americano.

Até este domingo a área ardida ascende a mais de 120 mil quilómetros quadrados, mas não há vítimas mortais nem feridos graves a lamentar. Para alem das habitações ardidas, o fogo destruiu algumas das atrações turísticas vinícolas na região de Alexander Valley. As autoridades de Sonoma deram ordem de evacuação a 180 mil habitantes, a maior de sempre naquela região.

“Só faltam os zombies”, diz gerente de loja

O sábado foi dia de preparação para o pior cenário por parte dos habitantes do norte da Califórnia, bem visíveis nas filas enormes nas bombas de gasolina. “Parece quase o apocalipse”, afirmou Armand Quintana ao San Francisco Chronicle. Este gerente da loja Jackson’s Hardware em San Rafael diz que o seu stock de 50 geradores, com preços de milhares de dólares, desapareceu em poucas horas, bem como todas as lanternas, pilhas, velas e outros produtos relacionados. “Há filas na bomba de gasolina, as pessoas estão a comprar gelo nas mercearias, já não têm gelo. Só faltam os zombies”, diz Quintana.

Na noite de sábado, várias áreas do norte da Califórnia começaram a ficar sem eletricidade, incluindo os arredores de São Francisco, num de vários cortes de energia planeados pela empresa PG&E. A empresa prevê estender estes cortes de energia nos próximos dias para evitar novas ignições, afetando assim cerca de 2.7 milhões de pessoas, no que o New York Times chama de o maior blackout planeado da história da Califórnia.    

Empresa elétrica PG&E de novo apontada como responsável pela ignição

A empresa elétrica tinha anunciado insolvência no início do ano, depois de uma investigação ter concluído sobre a sua responsabilidade na ignição dos fogos de 2017 e de 2018. Agora está novamente a ser apontada como responsável pelo deflagrar do incêndio de quarta-feira.

Segundo o portal Bloomberg, uma linha de alta tensão gerida pela PG&E teve uma falha minutos antes de ser dado o primeiro alerta de incêndio na noite de quarta-feira. O caso está sob investigação, o que não impediu a queda de 27% do valor das ações da PG&E. A empresa diz que a torre de alimentação onde foi identificado o cabo partido tem 43 anos mas foi inspecionada duas vezes este ano, uma em pessoa e outra por drone. “Parece estar em excelente condição” afirmou o CEO da elétrica, Bill Johnson.

O incêndio batizado com o nome de Kincade não é o único grande fogo a lavrar na Califórnia. Mais a sul, perto de Los Angeles, outro incêndio já deixou 16 quilómetros quadrados de área ardida desde quinta-feira. Neste caso, a empresa elétrica Edison International fez saber que tirou energia às linhas muito antes do avanço das chamas.

 

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