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A Flor do Buriti premiado em Cannes

O filme de João Salaviza e Renée Nader Massera, filmado com o povo indígena Krahô do Brasil, integrou a secção Un Certain Regard do Festival de Cannes e venceu o Prix d’Ensemble, que distingue o melhor elenco.
Foto publicada na página de Facebook de João Salaviza.

Cinco anos após o filme Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos ter sido distinguido com o prémio especial do júri no Festival de Cannes, João Salaviza e Renée Nader Messora voltam a ser premiados. A Flor do Buriti, que prolonga a relação dos cineastas com os Krahô, venceu o Prix d’Ensemble da secção Un Certain Regard do festival de Cannes.

O filme transporta-nos para os últimos 80 anos da história do povo indígena, desde um massacre de que foram vítimas em 1940 até a resistência ao governo de Jair Bolsonaro. A demarcação de terras e a revisão do marco temporal, uma das problemáticas mais prementes para os povos indígenas brasileiros, merece destaque em A Flor do Buriti.

“É importante sublinhar é que o nosso projeto com os Krahôs não é um projeto artístico, é um projeto de vida”, disse João Salaviza em declarações à RFI, após a estreia do filme em Cannes.

Já Renée Nader Messora enfatizou que “é muito importante que Cannes abra espaço para essa visibilidade fora do Brasil também, porque é uma luta que tem que ser travada a nível global”.

“A demarcação das terras indígenas não tem a ver só com os povos indígenas, ela tem a ver com a nossa sobrevivência no planeta, enquanto humanidade”, acrescentou a realizadora.

Na noite da passada quarta-feira, dia 24, Renée Nader Messora e João Salaviza, bem como os indígenas Ilda Patpro Krahô, Francisco Hyjnõ Krahô, Ihjãc Henrique Krahô, e a produtora Julia Alves, entre outras pessoas, protagonizaram um protesto no tapete vermelho do Festival. De punho ao alto, exibiram um cartaz onde se podia ler: Não ao marco temporal - the future of indigenous lands in Brazil is under threat (o futuro das terras indígenas brasileiras está ameaçado).

O prémio principal do Festival de Cannes foi atribuído a How to Have Sex, primeira longa-metragem da diretora de fotografia e realizadora britânica Molly Manning Walker.

Les Meutes, do cineasta marroquino Kamal Lazraq, recebeu o Prémio do Júri, e The Mother of All Lies (Kadib Abyad no original), da também marroquina Asmae El Moudir, o de Melhor Realizador. Este último documentário é centrado nos motins de Casablanca, em 1981, contra a subida do preço do pão e de outros alimentos essenciais.

O prémio New Voice foi atribuído ao rapper belga, de origem congolesa Baloji, pelo seu filme Augure. O filme Goodbye Julia, do realizador sudanês Mohamed Kordofani, foi galardoado com o prémio Freedom.

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