Também por “conveniência de serviço", José Filomeno acabou por ser afastado pelo novo Presidente da República da Angola, que o exonerou da presidência do Fundo Soberano de Angola, segundo o que foi divulgado pela imprensa angolana, esta quarta-feira.
Para o seu lugar foi nomeado Carlos Alberto Lopes, que traz consigo uma nova equipa, dado que com José Filomeno caiu também a restante administração. Assim, no novo Conselho de Administração do Fundo estão também Hugo Miguel Évora Gonçalves e Miguel Damião Gago, ambos como administradores executivos.
O afastamento de José Filomeno não é uma surpresa, já que o sucessor de José Eduardo dos Santos tem feito muitas alterações no universo dos altos (e médios) cargos da administração pública e empresarial do estado angolano. No caso dos descendentes de José Eduardo dos Santos, Lourenço já tinha exonerado Isabel dos Santos da presidência da petrolífera Sonangol, e afastado Tschizé dos Santos da televisão pública, a TPA, à qual estava ligada através da Semba.
Tem começado como administrador do Fundo Soberano de Angola, Filomeno dos Santo subiu a Presidente do Conselho de Administração, em Junho de 2013, quando Armando Manuel, então à frente do Fundo, foi chamado a ministro das Finanças por José Eduardo dos Santos.
As recentes revelações dos Paradise Papers denunciaram ao mundo que o Fundo Soberano de Angola tem aplicações em fundos de investimento sediados em paraísos fiscais, através de uma empresa, a Quantum Global, que é gerida por por Jean-Claude Bastos de Morais, um empresário amigo e parceiro de negócios do filho do ex-Presidente. Os dois fundaram o primeiro banco de investimento angolano, o Banco Quantum, rebatizado em 2010 com o nome de Bank Kwanza Invest, indica o jornal Público.
Segundo a informação avançada pela imprensa internacional, os ficheiros do escritório de advogados Appleby mostraram que, dos cinco mil milhões de euros atribuídos inicialmente ao Fundo Soberano, cerca de 3 mil milhões foram aplicados em sete fundos de investimento que estavam sediados nas Maurícias, um território offshore incluído pela União Europeia na “lista cinzenta” de paraísos fiscais.