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Faltam 300 profissionais no IPO de Lisboa

Desde o início deste ano saíram quase duas centenas de profissionais do instituto. São sobretudo enfermeiros, mas também assistentes técnicos e operacionais e médicos. As contratações entretanto autorizadas mantêm saldo negativo.

As carências do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa são um problema crónico que se agravou este ano devido à exaustão dos recursos e dos profissionais que se faz sentir por todo o país.

Se o estado de emergência impediu transitoriamente a saída de profissionais do Serviço Nacional de Saúde, assim que a crise foi ultrapassada, até ao final de setembro deste ano, tinham saído do IPO 196 profissionais, 71 dos quais enfermeiros e 80 assistentes técnicos e operacionais, além de 15 médicos e 17 técnicos de diagnóstico e terapêutica.

Segundo dados recolhidos pelo Público, nos planos para 2021 apresentados à tutela, o instituto reclamava um total de 2.231 profissionais e em Setembro passado tinha apenas 1.884. Entretanto, foi possível recrutar 189 trabalhadores, mas o saldo continua negativo, particularmente no que respeita aos enfermeiros. Desde o início deste ano saíram 71 e, até Setembro, entraram apenas 47.

Contratar novos trabalhadores não tem sido fácil. Ao Público, o presidente da administração do IPO, João Oliveira, garante que “estamos neste momento a recrutar enfermeiros, o que só foi possível a partir do meio do Verão, quando acabaram os cursos [de enfermagem] e quando obtivemos as autorizações do Governo. As autorizações demoram sempre muito tempo porque são filtradas pelo Ministério da Saúde e sobretudo pelo Ministério das Finanças. Mas neste momento a dificuldade é encontrar profissionais por causa da competição com os privados e porque há concursos para os centros de saúde que têm muita procura. Espero que não saiam muitos mais, entretanto”, aponta.

E os reforços colocados durante a crise pandémica não chegam. “O SNS precisa de mais profissionais, porque as exigências são cada vez maiores, e tem que oferecer melhores remunerações e condições de trabalho para os reter. Um físico, por exemplo, que tem um grande nível de exigência e de responsabilidade, leva para casa mil e poucos euros. E pedir às pessoas que ficam que façam mais horas extraordinárias não é possível. As horas extraordinárias têm limites. Há muitos profissionais, como enfermeiros e técnicos de farmácias, que já não querem fazer mais horas extra porque o cansaço já não o permite. Os profissionais estão cansados”.

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