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Falta de comida, medicamentos e combustível: as consequências prováveis do Brexit sem acordo
O estudo era para ser confidencial. Até tinha um nome secreto a condizer: “operação Yellowhammer”. Mas é nesta altura um dos textos mais discutidos no Reino Unido. O documento reservado do governo sobre as consequências da saída sem acordo da União Europeia foi divulgado pelo jornal Sunday Times e aponta problemas prováveis como a escassez de alimentos, perturbações “significativas” no abastecimento de medicamentos ou de água devido à interrupção de importação dos químicos que servem para tratar as águas.
O Reino Unido é dependente em quase 75% dos medicamentos importados via Canal da Mancha. E este é um dos pontos mais problemáticos em todos os aspetos já que o mesmo relatório estima que 85% dos camiões britânicos “podem não estar preparados” para lidar com as formalidades das alfândegas francesas. Isso causaria engarrafamentos e atrasos de dias ou semanas. Os atrasos nos portos poderiam ser mais prolongados do que isso: fala-se em três meses até à normalização do tráfego.
Outra das questões deixadas em aberto pela saída sem acordo é o restaurar da fronteira entre Irlanda e Irlanda do Norte, ponto central no acordo de paz da região. Também aí o relatório do governo britânico diz que os preparativos para impedir controlos fronteiriços são insuficientes.
O ministro encarregue dos preparativos para a saída da União Europeia, Michael Gove, reagiu à fuga de informação tentando minimizar a questão: para ele, o cenário apresentado pelo jornal é apenas o pior dos casos possíveis e os preparativos feitos nas últimas três semanas respondem a muitos problemas identificados.
À Reuters, uma fonte não identificada do governo culpou um ex-ministro não identificado pela fuga de informação numa “tentativa de influenciar as conversações com os líderes da UE.”
Boris Johnson, o primeiro-ministro britânico que sucedeu a May por ter ganho a corrida à sucessão interna nos conservadores, recusou-se a comentar. Insiste numa saída a 31 de outubro. Haja ou não acordo. E as instituições da União Europeia, por sua vez, insistem também que o único acordo que aceitam é o que foi assinado com a anterior primeira-ministra.
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