Sob a cobertura de economista da ONU e de consultor do Banco Mundial, Artur Baptista da Silva fez palestras no Grémio Literário e no International Club Portugal, foi entrevistado pelo Expresso e pela TSF e participou do “Expresso da Meia Noite”. Um cidadão muito mediático, portanto.
A súbita celebridade, porém, foi arduamente procurada pelo cidadão português que se dizia professor de uma universidade norte-americana já fechada. Em 15 de maio deste ano, Artur Baptista da Silva publicou um comentário no Esquerda.net oferecendo-se para subscrever o manifesto “Somos solidários com o povo da Grécia”, subscrito, entre outros, por Mário Soares, Boaventura Sousa Santos, Carvalho da Silva, Diana Andringa e José Manuel Pureza. “Estou interessado em subscrever mas... não sou mediático!”, escreveu no comentário. “Sou apenas um investigador e prof. universitário de economia social. Se acharem que não estorvo (prometo que não serei incómodo nem pedirei autógrafos) estou disponível. Se não, ficarei de fora a apoiar, pois é indispensável indignarmo-nos e 'vir para a rua gritar'". Na época, mais modesto, o cidadão ainda não falava em nome das Nações Unidas. A mudança de tática parece ter dado resultado.
Expresso pede desculpas
O diretor-adjunto do semanário Expresso, Nicolau Santos, lamentou ter-se “deixado enganar” por Artur Baptista da Silva. Numa declaração publicada no Expresso online, Nicolau Santos reconhece que errou “ao dar como adquirido que a informação que nos estava a ser prestada era fidedigna e não carecia de confirmação” e pede desculpa aos leitores e aos espectadores “por este falhanço profissional inadmissível ao fim de 32 anos de jornalismo”.
Curiosamente, Henrique Monteiro, ex-diretor do semanário e agora diretor da sua versão online, publicou uma crítica indireta aos seus colegas da direção do Expresso, ao dizer que a “Imprensa tem, no geral, um enviesamento para a esquerda”.