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Falha de luz no bairro do Segundo Torrão precisa de resolução urgente

As falhas de luz no bairro do Segundo Torrão na Trafaria, concelho de Almada, são recorrentes, tendo estado mais de três dias sem energia, no final da última semana. A deputada e vereadora Joana Mortágua aponta: “as pessoas que ali estão têm de ter acesso a habitação com direitos".
Bairro do Segundo Torrão, Trafaria, Almada, 15 de agosto de 2018 – Foto de António Cotrim/Lusa
Bairro do Segundo Torrão, Trafaria, Almada, 15 de agosto de 2018 – Foto de António Cotrim/Lusa

No passado domingo, os moradores de parte do bairro do Segundo Torrão, onde vivem mais de três mil pessoas, estavam há mais de três dias sem energia.

A deputada do Bloco de Esquerda e vereadora da Câmara de Almada, Joana Mortágua, explicou à Lusa que ”em tempos houve um protocolo entre a autarquia, a EDP e a associação de moradores do bairro que iria permitir a instalação de contadores de luz, mas que não teve continuidade".

Joana Mortágua vai questionar o executivo municipal sobre o problema e conta que “os contratos de luz nunca se efetivaram. Instalaram os contadores mas depois, por alguma razão que tentarei compreender, acabou por não avançar”. Procurava-se resolver as recorrentes falhas de energia que ocorriam principalmente nos dias mais frios do ano com uma sobrecarga da rede.

No passado domingo, 9 de janeiro, a Associação Cova do Mar, que faz intervenção humanitária no Bairro do Segundo Torrão, apelou a uma ação social urgente na zona, uma vez que parte dos moradores estava há mais três dias sem eletricidade.

Bom natal?

Joana Mortágua

A presidente da Associação explicou à Lusa que os moradores afetados pela falha da luz precisavam de lanternas, refeições quentes, mantas e um gerador de emergência. A associação apelou à doação de lanternas ou de donativos para as comprar de forma a socorrer as famílias com o que considera ser “o mínimo dos mínimos” e alertou para a necessidade de as entidades oficiais acionarem com urgência os meios de apoio de emergência.

O Segundo Torrão, na Trafaria, é um bairro precário do concelho de Almada, distrito de Setúbal, com mais de três mil pessoas, que há cerca de 40 anos se começou a formar ilegalmente, uma condição que se mantém, assim como as carências habitacionais, a falta de luz, de esgotos ou de limpeza nas ruas.

As pessoas do bairro têm de ter acesso a habitação

Joana Mortágua disse à Lusa que “há muitos anos que se promete um processo de deslocalização do bairro que, efetivamente, não tem condições e as pessoas que ali estão têm de ter acesso a habitação com direitos".

A deputada alerta, no entanto, que um plano para o bairro tem de ter em conta a sua especificidade e contesta que a solução a encontrar seja um processo de retirada das pessoas para um prédio urbano.

“Há pessoas cuja economia é complementada com a pesca e para nós é essencial que um processo de realojamento do Bairro do Segundo Torrão seja mais do que um processo de retirar as pessoas e colocá-las todas num prédio no Feijó”, afirma Joana Mortágua, que considera que se trata de um processo complexo, que deve implicar um projeto social de acompanhamento das famílias com a construção de um projeto de vida sem desfazer a comunidade.

“Não é fazer o que se fez nos anos 1990, que foi retirar populações que têm um contexto de vida e um contexto económico e encaixotá-las em prédios onde a noção comunitária é diferente. Há outra dinâmica social ali e tem de ser respeitada”, frisou Joana Mortágua.

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