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Facebook continua a lucrar com páginas anti-vacinas

Uma investigação jornalística encontrou 430 páginas, seguidas por 45 milhões de pessoas, que utilizam as ferramentas de monetarização da rede social. No ano passado, o Facebook prometeu que deixaria de ganhar dinheiro com o negacionismo da Covid e os movimentos anti-vacinas.
Imagem de uma publicação da página brasileira Veganize que remete para conteúdo de desinformação.
Imagem de uma publicação da página brasileira Veganize que remete para conteúdo de desinformação.

Uma investigação do Bureau of Investigative Journalism, uma organização sem fins lucrativos de jornalistas independentes do Reino Unido, publicada este domingo, mostra que o Facebook continua a permitir que grupos e páginas que espalham notícias falsas e teorias da conspiração sobre a pandemia e as vacinas monetarizem o seu conteúdo.

Esta investigação encontrou 430 páginas, seguidas por cerca de 45 milhões de pessoas, e que usam ferramentas da rede social que permitem ganhar dinheiro, como lojas virtuais ou subscrições de serviços especiais. Mais de vinte delas ostentam até o “selo azul” de autenticidade por terem sido “verificadas” pelo Facebook. A descoberta, reconhece-se, estará muito longe de esgotar as páginas deste tipo que existem na rede.

Em abril passado, os responsáveis da rede social tinham prometido que não iriam lucrar com falsa informação sobre a Covid-19. E em novembro, Google, Twitter e Facebook tinham emitido um comunicado conjunto comprometer-se com “o princípio de que nenhum utilizador ou empresa deve lucrar diretamente com desinformação sobre a vacina da Covid-19.

Contudo, ao permitir o uso daquelas ferramentas, o Facebook por vezes ganha diretamente uma porção. E, de qualquer forma, lucra enquanto os utilizadores veem este tipo de conteúdo porque os expõe a mais anúncios.

Os jornalistas que fizeram a investigação notam que algumas partes do modelo de negócio da rede social foram deixadas sem uma adequada vigilância da desinformação. Isto apesar do Facebook lhes ter comunicado que as páginas que “repetidamente violam os nossos padrões de comunidade – incluindo as que espalham desinformação acerca da Covid-19 e das vacinas – estão proibidas de monetarizar nas nossas plataformas”, comunicando que já tinha removido, entre março e outubro, 12 milhões de conteúdos e colocado avisos em mais 167 milhões.

Muitas das páginas a que o BIJ se refere no seu artigo não são páginas apenas dedicadas a este tipo de desinformação, tendo outro tipo de finalidades como a defesa da “saúde” ou do “bem-estar” e a venda de produtos associados. Segundo os jornalistas de investigação, encontram-se várias páginas deste tipo que denigrem o uso de máscaras e das vacinas. Um dos exemplos apresentados é a Veganize, página brasileira que defende o veganismo e que na publicação que abre a sua página escreve “Quem quiser a pílula vermelha clique no link abaixo e descubra o quanto vc foi enganado a vida toda!”, indo essa ligação parar a documentos que veiculam teorias da conspiração.

Há também páginas de “celebridades”, religiosas e de “notícias alternativas” que ganham dinheiro ao partilhar este tipo de conteúdo.

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