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Exploração do gás de xisto emite 100 vezes mais metano do que o estimado, diz estudo

Um novo estudo revela que a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) pode estar a subestimar as emissões de metano do fracking ou fratura hidráulica. Por Jéssica Lipinski do Instituto CarbonoBrasil
Imagem do site do Instituto CarbonoBrasil

Um novo estudo foi publicado no último sábado (12) no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, e revelou que a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) pode estar a subestimar as emissões de metano do fracking ou fratura hidráulica.

O fracking é o processo para extração do gás de xisto em que água, produtos químicos e areia são bombeados em alta pressão para fraturar o xisto do subsolo.

Segundo o estudo, realizado em sete poços de extração de gás natural no sudoeste da Pensilvânia, as taxas de metano libertado para a atmosfera são de 100 a mil vezes maiores do que a agência norte-americana estima.

Os cientistas envolvidos no trabalho utilizaram um avião com equipamentos especiais para a medição de emissões de gases do efeito estufa na atmosfera, e registaram que os poços emitem cerca de 34 gramas de metano por segundo, em média.

Os registos da investigação foram feitos a um quilómetro do solo. Já as medições da EPA, que são feitas no nível do solo, apontam que a extração emite entre 0,04 gramas e 0,3 gramas de metano por segundo.

Uma das coisas que chamou a atenção dos investigadores é o facto de boa parte da emissão de metano ter sido registada na fase de perfuração, que normalmente não é associada a grandes taxas de derrame do gás.

“É particularmente notável que grandes emissões tenham sido medidas em poços na fase de perfuração”, observou Paul Shepson, professor de química e ciências atmosféricas da terra e planetárias da Universidade de Purdue e coautor da investigação.

A EPA está a avaliar o estudo e poderá apresentar uma análise sobre o assunto em breve, mas declarou que outras estimativas já apresentaram resultados diferentes dos seus, alguns com os níveis de emissões de metano mais altos, outros mais baixos.

A descoberta é particularmente importante porque o gás natural é defendido por muitos, inclusive pelo presidente norte-americano Barack Obama, como um “combustível de transição”, já que as suas emissões de dióxido de carbono são cerca de 50% menores do que as da geração de energia a partir do carvão.

Mas apesar das novas estimativas não serem positivas para o gás natural, alguns especialistas acreditam que ainda assim ele é uma alternativa vantajosa em relação a outros combustíveis fósseis, principalmente a longo prazo.

“Parece que substituir o carvão pelo gás natural, quando analisado numa escala de tempo de 100 anos de aquecimento global, ainda vai ser significativamente benéfico”, comentou Adam Brandt, professor de engenharia de recursos de energia da Universidade de Stanford.

Os investigadores também descobriram que a maioria do derramamento do metano vem das falhas de alguns poucos equipamentos das operações, que podem ser uma válvula de libertação de pressão aberta ou a corrosão de um gasoduto.

Assim, desenvolver formas baratas e fáceis de as empresas detetarem os derramamentos poderia gerar um grande benefício. “Se eles souberem onde é o derramamento, eles vão querer consertá-lo. Isso custa-lhes dinheiro”, concluiu Brandt.

Extrato de artigo de Jéssica Lipinski do Instituto CarbonoBrasil

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