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Existe uma “enorme contradição entre os compromissos do PS e a defesa do Tratado Orçamental”

Durante uma iniciativa de campanha na Praia de Supertubos, em Peniche, durante a qual foram abordadas as potencialidades do surf, Marisa Matias, referindo-se aos 80 compromissos anunciados pelo PS, frisou que “ou bem que se abdica do Tratado Orçamental ou então são só promessas para se ver em campanha eleitoral".
Foto de Paulete Matos.

“Eu não consigo perceber como é que se pode prometer não aumentar impostos, manter os rendimentos ao mesmo tempo que se defende o Tratado Orçamental, que vai precisamente impor-nos por mais 20 ou 30 anos níveis de rigor orçamental que passam por um controlo das contas públicas que toca essencialmente nos salários, nas pensões, no Estado Social”, referiu a cabeça de lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias, frisando que “ou bem que se abdica do Tratado Orçamental ou então são só promessas para se ver em campanha eleitoral".

"Além que esta campanha eleitoral, que eu me lembre, é para o Parlamento Europeu, não é para o Governo. O PS optou por apresentar o seu compromisso para o Governo durante a campanha eleitoral para as europeias, o que mostra também que quer fugir às questões essenciais que estão a ser discutidas aqui", criticou a dirigente bloquista, destacando a reestruturação da dívida e o Tratado Orçamental.

Marisa Matias questionou ainda se o PS "vai ou não continuar a fazer no Parlamento Europeu o que tem feito até aqui, que é associar-se, na esmagadora maioria das vezes, ao grupo parlamentar da direita para aprovar todas as políticas económicas” que colocaram o país na atual situação.

A economia do mar não pode ser apenas numa lógica de mercado”

Lembrando que “se tem falado muito nestas eleições sobre a economia do mar, uma expressão muito usada pela maioria, e que é apresentada como sendo o nosso futuro”, a dirigente bloquista defendeu que “a economia do mar não pode ser apenas numa lógica de mercado”.

“Nós temos uma costa muito vasta e temos recursos que vão para além daquilo que aparece na lógica mercantil. Um deles é o surf. O surf não tem sido usado, como achamos que deveria ser, em favor do desenvolvimento local e até mesmo da proteção ambiental”, avançou Marisa Matias, recordando que associações de surf estão na linha da frente da defesa do património ambiental nas praias um pouco por todo o país.

A cabeça de lista do Bloco às eleições europeias referiu também que o surf “gera muitos dividendos para a economia local”, dando o exemplo da praia dos Supertubos, onde, "quando se realiza a prova do circuito mundial de surf, em três semanas, se gera para a economia local qualquer coisa como nove milhões de euros".

"É uma prática que poderia e deveria ser incluída, por exemplo, naquilo que são os currículos escolares. Não é muito compreensível que, com tanta costa, com tantos quilómetros de praia, seja muito difícil que as escolas cheguem, por exemplo, à prática de surf e a outras práticas associadas", advogou ainda Marisa Matias.

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