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Exército: explosão em Almaraz afetará 800 mil portugueses em 40 horas

A simulação foi feita em 2010 pelo Elemento de Defesa Biológico, Químico e Radiológico do Comando das Forças Terrestres, no quadro de um programa da NATO, diz a Rádio Renascença, que ouviu a responsável da unidade, a major de engenharia Ana Silva.
O cenário estudado é semelhante ao do acidente de Chernobyl, com a explosão de um reator, seguida de incêndio. O estudo do exército calculou a evolução da nuvem radioativa nas 40 horas posteriores à explosão e calcula que a nuvem demore 12 horas a passar a fronteira.
“Os distritos atingidos pela nuvem radioativa são os que ficam no norte de Portugal, sendo que o distrito de Castelo Branco será o mais afectado, mas sempre com valores baixos de radioatividade. No total, prevê-se que afete 800 mil pessoas”, revela a major Ana Silva, prevendo que o maior nível de perigo se concentre nos concelhos de Idanha-a-Nova, Castelo Branco e Penamacor, onde vivem cerca de 45 mil pessoas.
Mas o problema maior, acrescenta Ana Silva, não resulta da exposição imediata mas dos efeitos para a saúde da exposição prolongada a níveis elevados de radioatividade, aumentando substancialmente o risco de cancro.
Os distritos mais afetados encontram-se no norte do país, no cálculo do exército que se baseou nas condições meteorológicas dos dez anos anteriores ao estudo e no relevo do terreno. “Nas primeiras horas após o rebentamento, a nuvem avança para oeste. A seguir, e por influência tanto da cordilheira a norte da central como da Serra da Estrela, passa a deslocar-se para norte”, explicou a major de engenharia à Renascença.
Apesar do risco de acidentes graves na central nuclear situada a 100 quilómetros da fronteira portuguesa, as unidades militares especializadas dos dois países nunca efetuaram exercícios conjuntos de preparação da resposta a um acidente grave. E a Autoridade Nacional de Proteção Civil diz mesmo desconhecer a existência deste estudo do exército.
“Em Espanha, além do plano de emergência interno da central, que é obrigatório, existe um plano de emergência externo, com um conjunto de meios, mas que contempla uma acção que vai apenas até aos 30 quilómetros da central. Depois desses 30 quilómetros, não é do nosso conhecimento que Espanha tenha qualquer tipo de plano de emergência para este risco”, diz à Renascença José Oliveira, director nacional do planeamento de emergência da Proteção Civil
Comentários
central nuclear arrefecida por agua do Tejo
É sabido que o arrefecimento da central nuclear de Almaraz assenta na circulação de água que é extraída do rio Tejo, e que é devolvida ao Tejo a temperatura muito superior. O rio Tejo habitualmente é desviado antes de chegar à fronteira com Portugal para alimentar a agricultura ao Sul, principalmente na Andaluzia. Com o desvio o Estado espanhol impõe a Portugal numa relação desigual, caudais ínfimos na época seca, condicionando uma paisagem desoladora no rio Tejo e em torno do rio, com prejuízo da fauna e da flora, e com prejuízo da natureza em geral, e das actividades humanas, dependentes da natureza. Que previsões para o impacto na saúde e na vida das populações das grandes cidades ribeirinhas atravessadas ou banhadas pelo Tejo, da aproximação da água que arrefeceu o reactor nuclear que tenha explodido, e que descerá rio abaixo até à região metropolitana de Lisboa?
Boicote às empresas de energia espanholas
É óbvio que o PS não fez nem fará nenhuma oposição eficaz nesta questão de Almaraz, tal como não o fariam o PSD nem o CDS (seria só fogo de vista). Há que manter as pessoas informadas ao longo do tempo e fazê-los pagar um preço político elevado por estas e outras cumplicidades contrárias ao interesse nacional.
O foco não deve ser posto em "protocolos internacionais" ou "normas comunitárias". Deve ser posto em acções que podemos tomar localmente e que penalizem o governo espanhol e as empresas envolvidas.
De acordo com uma publicação da ERSE do ano passado...
http://www.erse.pt/pt/imprensa/noticias/2016/Paginas/Eletricidade_ML_nov...
...a Iberdrola e a Endesa representam cerca de 30% do consumo energético em Portugal. Pior do que desrespeitar os portugueses e manter a central insegura e obsoleta a funcionar, eles vendem-nos a energia produzida! (directa ou indirectamente)
A solução óbvia passa por apelar ao boicote a essas empresas, e pressionar o governo para tomar medidas que as penalizem em relação às concorrentes, nomeadamente as nacionais.
O que acontecerá com uma
O que acontecerá com uma explosão no reactor nuclear de Sacavém?
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