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Ex líder do PP em Madrid detido em megaoperação contra a corrupção

Em causa estão adjudicações públicas no valor de cerca de 250 milhões de euros que terão envolvido o pagamento de comissões ilegais. Rodrigo Rato, vice-presidente do governo espanhol durante o mandato de José María Aznar, e ex diretor do FMI, saiu esta segunda-feira do PP na sequência do escândalo de corrupção que envolve o Bankia.

A par de Francisco Granados e de vários empresários espanhóis, foram ainda detidos o responsável do PP da Província de Leão, Marcos Martínez, e os autarcas de Valdemoro, José Carlos Boza Lechuga (PP), e de Parla, José María Fraile (PSOE). As 51 detenções foram ordenadas no âmbito da investigação liderada pelo juiz Eloy Velasco sobre favores de políticos a empresas construtoras em troca de comissões.

Os envolvidos são acusados de falsificação de documentos, crimes fiscais, tráfico de influência e prevaricação, entre outros. Foram ainda emitidos 259 mandados preventivos que estipulam a proibição da venda de bens das pessoas e empresas envolvidas na investigação.

Segundo informaram as autoridades espanholas, só nos dois últimos anos, esta rede de corrupção municipal e regional abrangeu adjudicações públicas no valor de cerca de 250 milhões de euros. Segundo fontes jurídicas, os políticos implicados cobravam comissões entre 2% a 3% por cada contrato, pelo que se estima que os mesmos tenham amealhado uma quantia que oscila entre os 5 e os 7 milhões de euros.

Em fevereiro deste ano, o ex-secretário-geral do PP em Madrid, e que foi número dois da ex-presidente do Governo regional, Esperanza Aguirre, renunciou ao mandato no Senado espanhol depois da polémica causada pela notícia avançada pelo El Mundo de que possuiu uma conta com 1,5 milhões de euros na Suíça quando era presidente do município de Valdemorillo.

Em comunicado, Granados garantiu à época que não tinha qualquer conta nesse país, admitindo, contudo, que chegou a possuir uma, com um saldo de 300 mil euros, entre 1996 e 2000, devido ao seu trabalho na bolsa de investimento.

O Ministério da Justiça suíço descobriu a conta durante um dos rastreios rotineiros para prevenir a entrada de dinheiro sujo procedente da corrupção política. As autoridades helvéticas alertaram as autoridades espanholas quando o titular da conta tentou repentinamente levantar de uma só vez todo o seu saldo.

Número dois de José María Aznar e ex diretor do FMI sai do PP

Entretanto, esta segunda-feira, a direção do PP anunciou a desfiliação de Rodrigo Rato e de mais doze militantes do partido.

O ex diretor do FMI e antigo presidente do Bankia está a ser investigado por ter usado e concedido abusivamente cartões de crédito a executivos e conselheiros do banco, com um prejuízo estimado de 16 milhões, no âmbito de um alegado esquema doloso de recompensas. Em 2010, Rato terá gasto 44.200 euros no seu cartão.

Recentemente, um juiz espanhol estabeleceu uma caução de três milhões de euros para o ex número dois de Aznar e de 16 milhões para Miguel Blesa, antigo presidente do Caja Madrid.

Entre os 83 envolvidos neste escândalo de corrupção encontram-se também 16 membros do principal partido da oposição, o PSOE, que já se desvincularam do partido.

O Bankia, criado em 2010 em resultado da fusão de sete caixas de poupança espanholas, algumas delas já em dificuldades, registou perdas históricas de 19 mil milhões de euros em 2012. Em maio desse ano, o governo espanhol assumiu o controlo do banco, no qual injetou mais de 20 mil milhões de euros, o que representa metade do resgate bancário europeu de 41,3 bilhões de euros acordado.

Até 2015, o grupo eliminará 6.000 postos de trabalho, o equivalente a 28% dos seus trabalhadores.

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