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EUA: Warnock é o primeiro senador democrata negro eleito no sul

Num dia em que se disputam dois lugares da câmara alta do Congresso dos EUA, a eleição de Raphael Warnock coloca o Partido Democrata mais próximo de impedir uma maioria do Partido Republicano.
Raphael Warnock frente ao mural com a história de Marietta, na Geórgia.
Raphael Warnock frente ao mural com a história de Marietta, na Geórgia. Foto de Erik S. Lesser, EPA/Lusa.

Os dois lugares senatoriais do Estado da Geórgia, nos Estados Unidos da América, foram a uma segunda volta eleitoral esta terça-feira. Para evitar uma maioria de bloqueio do Partido Republicano, os democratas precisam de ganhar as duas eleições, algo que era tido como bastante improvável num estado tipicamente conservador.

A eleição de Raphael Warnock, que derrota Kelly Loeffler, tem não só a importância de aproximar o Partido Democrata de uma maioria no Senado, mas também o valor simbólico de ser o primeiro senador eleito no estado do sul dos EUA.

Pastor na Ebenezer Baptist Church desde 2005, a mesma congregação de Martin Luther King, Warnock, de 51 anos, afirmou após a vitória que “esta noite, demonstrámos que com esperança, trabalho duro e pessoas do nosso lado, tudo é possível", relembrando que a sua mãe trabalhou em criança nos campos de algodão do sul, um legado da escravidão negra nos estados do sul dos EUA.

Kelly Loeffler, uma nova iorquina de Wall Street, já tinha ficado atrás de Warnock na primeira volta em novembro, definindo-se como apoiante leal de Trump para combater um desafio à sua direita para o mesmo lugar do Senado. Nas últimas semanas, reforçou a ligação a Trump com comícios conjuntos, declarando esta segunda-feira que iria recusar a confirmação de Biden no Congresso.

O Partido Republicano procurou atacar Warnock através dos seus sermões na Ebenezer Church, numa estratégia de demonização racial que parece não ter mobilizado o voto rural branco, mas mobilizou o voto rural de afro-americanos além do voto urbano de Atlanta.

A recusa de Trump em assumir a derrota nas presidenciais poderá ter enfraquecido um dos argumentos fortes de Loeffler, de que seria um contrapeso às iniciativas liberais de Joe Biden.

A segunda corrida em disputa tem também o democrata Jon Ossoff à frente de David Perdue por cerca de 16 mil votos, mas a contagem só irá terminar ao final desta quarta-feira. Na primeira volta em novembro, o republicano ficou à frente por menos de cem mil votos de diferença.

O Partido Democrata precisa da eleição de Warnock e Ossoff para garantir 50 lugares no Senado do Congresso dos EUA, composto por 100 senadores eleitos, dois por cada Estado. Nesta situação de empate técnico, é a Vice-Presidente que, enquanto líder do Senado, desbloqueia a maioria democrata com o seu voto de qualidade.

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