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EUA: Bebés e crianças pequenas detidas em abrigos para crianças “de tenra idade”

Para além dos centros onde se encontram detidas as crianças migrantes retiradas aos seus pais na fronteira entre os EUA e o México, existem três outros centros só para crianças com menos de seis anos, estando a ser planeada a abertura de um quarto. Relatos falam de salas cheias de crianças a chorar.
EUA: Bebés e crianças pequenas detidas em abrigos para crianças “de tenra idade”
Foto de @NIJC/Twitter.

Os responsáveis pelo controlo fronteiriço e separação de crianças dos seus pais na fronteira dos Estados Unidos da América com o México têm estado a enviar bebés e outras crianças com menos de seis anos para pelo menos três abrigos de “crianças de tenra idade” no sul do Texas.

Os advogados e profissionais de saúde que obtiveram autorização para aceder aos centros de abrigo no Vale de Rio Grande falam em salas cheias de crianças com menos de seis anos a chorar. Segundo o noticiado pela Associated Press, a administração de Donald Trump prepara-se para abrir um quarto centro do género.

Desde o início de maio, altura em que a Casa Branca deu a conhecer a sua política de “tolerância zero” baseada numa lei aprovada pelo Partido Democrata, que mais de 2 300 crianças foram separadas dos seus familiares.

“A ideia de que vão pôr crianças pequenas em centros de detenção? Quer dizer, é difícil sequer imaginar”, afirmou Kay Bellor, vice presidente de uma organização que disponibiliza abrigo e outros serviços para crianças migrantes. “Estão a prender bebés”.

As condenações a esta política estão a surgir de todo o lado, inclusive do Partido Republicano. Porém, ainda há quem mantenha a defesa desta política de “tolerância zero” que coloca crianças em jaulas de ferro. Ann Coulter, analista política conservadora conhecida pelas suas afirmações polémicas e incendiárias, chegou inclusive a pedir a Donald Trump para que não desista do programa, acusando as crianças de serem “atores infantis”.

“Agora estes atores infantis estão a gritar e a chorar em todas as estações de televisão, 24 horas por dia. Não caia na conversa, Sr. Presidente”, afirmou olhando diretamente para a câmara. “Fico muito nervosa com a possibilidade de o presidente obter as notícias através da televisão”.

Embora Donald Trump repita que necessitará do apoio do Partido Democrata para pôr fim a esta lei, a sua administração não parece estar disposta a mudar de opinião. Corey Lewandowski, gestor de campanha de Trump, recusou pedir desculpa por ter desvalorizado a separação de uma criança com Síndrome de Down da sua mãe. Numa entrevista ao canal de televisão Fox News, afirmou: "Pedir desculpa? Eu devo uma desculpa às crianças cujos pais as colocam numa situação em que somos forçados a separá-los".

Condenação internacional

Terá lugar esta quinta-feira, dia 21 de junho, em Lisboa e no Porto, uma concentração de repúdio à separação de crianças migrantes nos Estados Unidos da América. A iniciativa, convocada por um conjunto de cidadãos, terá lugar às 19:00 na Praça Luís de Camões, em Lisboa, e na Praça Carlos Alberto, no Porto. 

Nos últimos dias, o mundo teve conhecimento da existência de campos de detenção junto à fronteira entre os Estados Unidos e o México, nos quais se encontram pelo menos duas mil crianças imigrantes, sem qualquer possibilidade de contacto com os seus pais e famílias. O maior controlo das fronteiras e separação das crianças dos seus pais tem como objetivo a disuassão do fluxo migratório para o país, algo que os promotores desta iniciativa qualificam como sendo "um ato cruel e de flagrante violação de direitos humanos."

"Manifestamos a nossa indignação e protesto veementes contra esta política desumana e indigna de qualquer sociedade civilizada e democrática, e exigimos que estas famílias sejam reunidas e livres de prosseguirem a sua vida. Certos de que esta reação é largamente partilhada, convocamos uma concentração contra a separação de crianças migrantes nos EUA, a realizar esta quinta-feira, às 19h" no Largo de Camões, em Lisboa, e na Praça Carlos Alberto, no Porto. 

Entre a lista de personalidades que convocam a concentração, encontram-se nomes como Aldina Duarte, André Silva, Capicua, Eduardo Lourenço, Fernando Negrão, João Galamba e José Manuel Pureza.

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