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Estudo revela que senhorios discriminam casais homossexuais na hora de arrendar

A probabilidade de arrendamento de um casal composto por dois homens é entre 23% e 26% inferior quando comparada com casais heterossexuais. A discriminação cresce nas freguesias centrais das Áreas Metropolitanas de Porto e Lisboa. ILGA refere que existe um Portugal a duas velocidades.
Arrenda em Lisboa
Foto de Paulete Matos

O jornal Expresso cita um estudo chamado “Religiosity and discrimination against same-sex couples: The case of Portugal´s rental market” e realizado pelo português Filipe Gouveia, investigador na Universidade de Lunde, na Suécia, em parceria com a professora Therese Nilsson e o investigador sueco Niclas Berggren onde uma das principais conclusões é a discriminação de casais homossexuais na hora de arrendar casa.

A probabilidade de um casal de dois homens receber uma resposta positiva no arrendamento de um imóvel é entre 23% e 26% mais baixa quando comparamos com um casal heterossexual. Esta discriminação aumenta quando nos aproximamos das Áreas Metropolitanas de Porto e Lisboa, sobretudo nas freguesias mais centrais.

O estudo é baseado em casas para alugar, em 2019, na plataforma Custo Justo onde os investigadores entraram em contacto com os proprietários e registaram as respostas. “Encontrámos discriminação estatisticamente significante para casais do mesmo sexo composto por homens. No caso de casais com duas mulheres, também obtivemos menos respostas positivas face a casais de sexos opostos. No entanto, a diferença é menos expressiva”, refere o investigador.

O trabalho de investigação também mostra que existe uma relação positiva entre a religiosidade e discriminação onde é admitido que uma pessoa que se considera religiosa poderá não ter tanto preconceito contra casais do mesmo sexo, “é possivel que até conceitos de religião como o amor ao próximo ajudem a discriminar menos”, afirma.

Para Filipe Gouveia, a discriminação é visível na ausência de respostas por parte dos senhorios, já que “não é que os senhorios digam mais vezes que não querem arrendar, mas simplesmente não dão resposta ou não seguem com o processo”.

A discriminação também aumenta a medida que nos aproximamos das freguesias mais centrais das áreas metropolitanas, onde a população é mais envelhecida e têm maior densidade populacional. Filipe diz que “da mesma forma, quanto mais alto é o preço da renda e do metro quadrado da freguesia, maior é a discriminação no acesso ao arrendamento”.

Em declarações ao Expresso, Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), afirma que os resultados “são naturalmente preocupantes e absolutamente reprováveis do ponto de vista ético e legal, bem como qualquer tipo de discriminação”, mas informa que não tem conhecimento de casos concretos.

Romão Lavadinho, presidente da Associação de Inquilinos Lisbonense (AIL), também refere que a associação nunca foi confrontada com um caso de discriminação no acesso ao arrendamento de um casal homossexual.

Por sua vez, Ana Aresta, presidente da ILGA, diz que este é “um país que, graças ao esforço dos ativistas juntos dos partidos e do governo, conseguiu a igualdade perante a lei da comunidade LGBT. Mas do ponto de vista social vive numa realidade associada ao estereótipo e à exclusão”.

 

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