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Estados Unidos sofrem vaga de despedimentos sem precedentes, Europa opta pelo lay-off
Só nas duas primeiras semanas da crise do coronavírus, o número de pessoas que perdeu o emprego na Europa e nos EUA já igualou o registado entre 2007 e 2009, no auge da última crise financeira. O Financial Times noticia que as estatísticas disponíveis até agora apontam para uma subida da taxa de desemprego para cerca de 10% neste período.
No entanto, as duas regiões apresentam contrastes significativos. Por um lado, nos EUA, a vaga de despedimentos atingiu proporções históricas - na semana de 15 a 21 de março, os pedidos de desemprego chegaram aos 3,3 milhões, tendo na última semana (22-18 março) duplicado para 6,6 milhões, números nunca vistos no país. Danny Blanchflower, professor na Dartmouth College, disse ao FT que “o desemprego está a aumentar 20 vezes mais rápido do que na crise financeira”, acrescentando que a onda de despedimentos sugere que “os países devem abandonar a prudência na procura de respostas.”
No outro lado do Atlântico, a tendência europeia tem sido a de recurso ao lay-off, o que significa que o Estado suporta uma parte do seu rendimento e os trabalhadores poderão regressar ao seu posto de trabalho após a crise. É o caso da Noruega, onde a taxa de desemprego passou de 2,3% para 10,4% em Março, mas onde a maioria dos casos corresponde a lay-off. Em Espanha, o número de desempregados inscritos nos centros de emprego teve o maior aumento de sempre no último mês – foram mais 302.265 pessoas, atingindo um total de 3,54 milhões, tendo o governo aprovado um subsídio de desemprego extraordinário para trabalhadores temporários no valor de 440€ por mês. Em França e na Alemanha, as empresas têm recorrido a subsídios públicos para manter os empregos e o pagamento de salários, algo que parece não estar a acontecer nos EUA.
As medidas de distanciamento social impostas para travar o contágio do vírus estão a afetar particularmente setores como o comércio, hotelaria ou restauração, caracterizados pela precariedade e pelos salários relativamente baixos. Além disso, o elevado número de pequenas e médias empresas nestes setores explica a vulnerabilidade face ao choque a que a economia foi sujeita. As perspetivas para o mercado de trabalho nos próximos tempos são tudo menos animadoras.
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