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Espanha: milhares voltam a sair à rua contra cortes no setor da saúde

Cerca de 25 mil pessoas manifestaram-se este domingo, pela terceira vez, ocupando as principais ruas de Madrid, contra os cortes no serviço nacional de saúde e medidas que incluem a privatização de áreas do setor. Também na educação os cortes são contestados: os reitores das universidades espanholas denunciam uma “asfixia económica”.
. Na sua maioria, seguiram vestidos de branco e azul, caracterizando o movimento de protesto já denominado de "maré branca" e realizando a terceira maior manifestação deste ano. Foto EPA/KOTE/LUSA.

Segundo a organização da manifestação, cerca de 25 mil pessoas concentraram-se na Puerta del Sol, em Madrid, entre as quais médicos e outros profissionais do setor da saúde, contra os cortes no serviço nacional de saúde e medidas que incluem a privatização de serviços. Na sua maioria, seguiram vestidos de branco e azul, caracterizando o movimento de protesto já denominado de "maré branca" e realizando a terceira maior manifestação deste ano, de acordo com a Associated Press (AP).

Fatima Branas, porta-voz dos organizadores dos protestos, considera que o plano de privatização tem uma "visão curta" e não tem em conta a poupança que pode ser feita sem a venda de serviços. "Os planos significam uma completa mudança do nosso modelo de cuidados de saúde e um desmantelamento do sistema utilizado".

Apesar das mobilizações massivas, o governo de Madrid mantém que os cortes são necessários para assegurar os serviços de saúde durante uma recessão profunda.

A saúde e a educação são administradas pelas 17 regiões semi-autonómas de Espanha e cada uma tem os seus próprios orçamentos e planos de custos. As regiões são responsáveis por cerca de 40 por cento da despesa pública. A região de Madrid é governada pelo Partido Popular, o centro de direita que está no poder sob a liderança do primeiro-ministro, Mariano Rajoy.

A maioria das regiões atravessa dificuldades, uma fez que a economia espanhola está em recessão, e algumas delas têm dívidas elevadas e estão agora a aplicar cortes nos seus orçamentos.

"Temos uma situação difícil porque o serviço de saúde espanhol está sob a ameaça de ser vendido", afirmou o médico Gerardo Anton, que disse que as mudanças propostas irão atrair investidores mais interessados no lucro do que no serviço público.

As regiões de Espanha têm uma dívida combinada de 145 mil milhões de euros e cerca de 36 mil milhões têm de ser refinanciados este ano.

Espanha já pediu ajuda à União Europeia, mas o empréstimo servirá unicamente para resgatar a banca.

Reitores denunciam "asfixia económica" das universidades públicas espanholas

Os reitores das cinquenta universidades públicas de Espanha vão denunciar esta segunda-feira, num manifesto conjunto, a situação de quase "asfixia económica" que dizem viver devido aos cortes orçamentais, alertando para a ameaça à investigação e inovação do país.

"Sem investimento em educação superior ou em inovação, desenvolvimento e investigação (I+D+I) será inviável o funcionamento das universidades públicas e, sem conhecimento, não haverá progresso", refere o texto de um manifesto que será lido em todas as universidades públicas, à semelhança do que já foi feito em Portugal, muito recentemente (ler mais aqui).

Para os reitores, as propostas de cortes para 2013 - que incluem uma redução de 18 por cento no orçamento para o ensino superior e de 80 por cento nas despesas não financeiras em (I+D+I) - causarão um "deterioramento irreparável" no setor educativo.

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