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Equador: Presidente sai da capital, protestos continuam

Ao sexto dia de protestos contra as medidas do pacote do governo e do FMI, Lenin Moreno mudou o governo para Guayaquil e acusa o seu antecessor Rafael Correa e o presidente venezuelano Nicolás Maduro de estarem por detrás da revolta.
Lenin Moreno transferiu governo para Guayaquil
Acossado nas ruas de Quito, Lenin Moreno transferiu governo para Guayaquil e falou ao país rodeado por militares. Foto presidência Equador.

Está marcada para esta quarta-feira uma paralisação geral do Equador após seis dias de manifestações e protestos violentos que se saldaram na detenção de quase 700 pessoas até terça-feira. Os dados são do Ministério do Interior Equatoriano, que também avançou com a informação de 87 polícias feridos em confrontos com manifestantes.

Os protestos foram desencadeados após o acordo para um empréstimo do FMI, que tem como contrapartida medidas como a eliminação dos subsídios aos combustíveis, encarecendo bastante o transporte de pessoas e mercadorias, ou cortes de salário e direitos laborais. Com escolas e serviços públicos fechados, para além de cortes de estradas que incluem o acesso às instalações petrolíferas, a economia do país encontra-se paralisada pelos protestos.

O alvo das manifestações é o presidente Lenin Moreno, que fora eleito como nº 2 do ex-presidente Rafael Correa, tendo-lhe sucedido e operado uma viragem de 180 graus na política interna e externa do país. Moreno só conseguiu fazer uma declaração ao país após ter transferido o seu governo da capital, Quito, para Guayaquil.

Rodeado por militares, Moreno afirmou que “os saques, o vandalismo e a violência mostram que há uma intenção política organizada para desestabilizar o governo e romper a ordem constituída, a ordem democrática”, que atribui ao ex-presidente Rafael Correa e ao seu homólogo venezuelano Nicolás Maduro, contra o qual já pediu no passado uma intervenção militar externa com vista à sua deposição.

Numa entrevista à Teleamazonas, Moreno recusou revogar o fim dos subsídios aos combustíveis e muito menos abandonar a presidência, como exigem os manifestantes. Lenin Moreno insistiu nos ataques ao seu antecessor, Rafael Correa, e ao presidente venezuelano Nicolás Maduro, responsabilizando-os pelos protestos. Também a diplomacia do Brasil divulgou na terça-feira um comunicado conjunto com os governos do Peru, Argentina, Colômbia, El Salvador, Guatemala e Uruguai a apoiar Lenin Moreno e a acusar Maduro de estar a "estender as diretrizes do seu governo nefasto aos países democráticos da região".

À frente dos protestos no Equador estão as comunidades indígenas, que ocuparam uma praça junto do parlamento do país e invadiram parte da sede da Assembleia Nacional esta terça-feira, exigindo a demissão do presidente. Apesar do estado de exceção decretado pelo presidente, para esta quarta-feira está convocada uma manifestação em Quito que juntará várias colunas de comunidades indígenas vindas de vários pontos do país.

Rafael Correa: “O que pedimos é uma saída constitucional e democrática”

Em entrevista à CNN; o ex—presidente do Equador refutou as acusações do seu sucessor e pediu a convocação de eleições antecipadas. “Há uma saída constitucional e democrática e é isso que estamos a pedir”, afirmou Correa.

Antes disso, já tinha publicado um vídeo nas redes sociais a criticar a política económica de Lenin Moreno. “Nunca houve necessidade de um “paquetazo” [o pacote de medidas do FMI]. O preço do petróleo não caiu. Não houve nenhum desastre natural. Nada. É pura corrupção e inépcia”, afirmou Correa.

“Aqui não há golpismo, os conflitos em democracia resolvem-se nas urnas”, concluiu Rafael Correa.

 

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