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Equador: Presidente de confederação indígena perseguido pela justiça

A Conaie está a mobilizar uma “greve geral indeterminada” que levou ao bloqueio de várias estradas. Quando visitava um dos piquetes, Leonidas Iza foi preso e acusado de sabotagem, crime que lhe pode custar dez anos de prisão.
Leonidas Iza. Foto de Asamblea Nacional del Ecuador.
Leonidas Iza. Foto de Asamblea Nacional del Ecuador.

Leonidas Iza, presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador, foi preso na madrugada da passada terça-feira no âmbito de uma greve geral por tempo indeterminado. Depois de ouvido em tribunal foram-lhe decretadas “medidas alternativas” à pena de prisão preventiva.

Na audiência, Iza denunciou que não lhe foram lidos os direitos no momento da detenção e que só horas depois lhe foi permitido o contacto com advogado e familiares. Agora fica proibido de sair do país e terá de comparecer duas vezes por semana no Ministério Público até ao dia 4 de julho, altura em que começará a ser julgado. Em princípio através de uma sessão virtual. O ministro do Interior afirmou que tal tinha sido solicitado para evitar a presença de “comunidades que se mobilizam para atacar”.

A Conaie, junto com 53 outros grupos, marcou uma “greve geral por tempo indeterminado” que começou na segunda-feira e que levou ao bloqueio de pelo menos 20 estradas em todo o país. Em causa está o aumento dos preços dos produtos de primeira necessidade e dos combustíveis, as más condições de saúde, a falta de apoios aos setores produtivos e as privatizações promovidas pelo presidente Guillermo Lasso.

Este tinha anunciado que iria mandar prender os “autores materiais, intelectuais e executores” do que classificou como “atos violentos”. “Agora o Ministério Público e o poder judicial devem atuar, porque ninguém está acima da lei”, acrescentou.

Quem é Leonidas Iza?

Leonidas Iza foi preso em Pastocalle quando visitava os ativistas que aí bloqueavam a via Panamericana que atravessa todo o país e liga todo o continente americano. A acusação diz que foi apanhado em pleno delito de sabotagem, rebelião e paralisação de serviço público. Pode enfrentar até dez anos de prisão.

Não é a primeira vez que é preso. Durante os protestos de outubro de 2019, que paralisaram parte do país, o índio da comunidade kichwa-panzaleo já o tinha sido. Nessa altura destacou-se como líder do movimento e no ano passado chegou à presidência da Conaie. Em março, o Parlamento decretou amnistia para 268 participantes nessas mobilizações.

Iza nasceu em 1982 num ambiente militante: o seu pai, José María Iza Viracocha, foi um dirigente histórico do movimento indígena. E a sua mãe, Rosa Elvira Salazar, foi igualmente uma figura marcante na sua politização.

Formou-se em Engenharia do Meio Ambiente na Universidade Técnica de Cotopaxi e na juventude participou em movimentos juvenis da Igreja Católica. Em 2013, tornou-se dirigente do Comité Provincial de Pachakutik da Conaie e em 2016 presidente do Movimento Indígena e Camponês de Cotopaxi. Era esse o lugar que detinha quando rebentou a revolta em 2019 que o tornou conhecido a nível nacional ao lado de Jaime Vargas, o então presidente da Conaie.

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