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Equador: Presidente de confederação indígena perseguido pela justiça
Leonidas Iza, presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador, foi preso na madrugada da passada terça-feira no âmbito de uma greve geral por tempo indeterminado. Depois de ouvido em tribunal foram-lhe decretadas “medidas alternativas” à pena de prisão preventiva.
Na audiência, Iza denunciou que não lhe foram lidos os direitos no momento da detenção e que só horas depois lhe foi permitido o contacto com advogado e familiares. Agora fica proibido de sair do país e terá de comparecer duas vezes por semana no Ministério Público até ao dia 4 de julho, altura em que começará a ser julgado. Em princípio através de uma sessão virtual. O ministro do Interior afirmou que tal tinha sido solicitado para evitar a presença de “comunidades que se mobilizam para atacar”.
A Conaie, junto com 53 outros grupos, marcou uma “greve geral por tempo indeterminado” que começou na segunda-feira e que levou ao bloqueio de pelo menos 20 estradas em todo o país. Em causa está o aumento dos preços dos produtos de primeira necessidade e dos combustíveis, as más condições de saúde, a falta de apoios aos setores produtivos e as privatizações promovidas pelo presidente Guillermo Lasso.
Conoce las razones, planteamientos y propuestas:
https://t.co/xDQOGWnZ06Temas en materia económica y derechos para beneficio colectivo de la gran mayoría de familias del país. #ElParoNoPara pic.twitter.com/YwKl8NKUTs
— CONAIE (@CONAIE_Ecuador) June 15, 2022
Este tinha anunciado que iria mandar prender os “autores materiais, intelectuais e executores” do que classificou como “atos violentos”. “Agora o Ministério Público e o poder judicial devem atuar, porque ninguém está acima da lei”, acrescentou.
Quem é Leonidas Iza?
Leonidas Iza foi preso em Pastocalle quando visitava os ativistas que aí bloqueavam a via Panamericana que atravessa todo o país e liga todo o continente americano. A acusação diz que foi apanhado em pleno delito de sabotagem, rebelião e paralisação de serviço público. Pode enfrentar até dez anos de prisão.
Não é a primeira vez que é preso. Durante os protestos de outubro de 2019, que paralisaram parte do país, o índio da comunidade kichwa-panzaleo já o tinha sido. Nessa altura destacou-se como líder do movimento e no ano passado chegou à presidência da Conaie. Em março, o Parlamento decretou amnistia para 268 participantes nessas mobilizações.
Iza nasceu em 1982 num ambiente militante: o seu pai, José María Iza Viracocha, foi um dirigente histórico do movimento indígena. E a sua mãe, Rosa Elvira Salazar, foi igualmente uma figura marcante na sua politização.
Formou-se em Engenharia do Meio Ambiente na Universidade Técnica de Cotopaxi e na juventude participou em movimentos juvenis da Igreja Católica. Em 2013, tornou-se dirigente do Comité Provincial de Pachakutik da Conaie e em 2016 presidente do Movimento Indígena e Camponês de Cotopaxi. Era esse o lugar que detinha quando rebentou a revolta em 2019 que o tornou conhecido a nível nacional ao lado de Jaime Vargas, o então presidente da Conaie.
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