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Energia: Eurodeputadas criticam propostas “de vistas curtas” de Bruxelas

Num artigo intitulado The EU & the energy crisis: “Fake it till you make it”, as eurodeputadas Sira Rego, Cornelia Ernst e Marisa Matias acusam a Comissão Europeia e o Conselho Europeu de se “esconderem por detrás de uma enxurrada de documentos e de nomes atraentes” mas as suas propostas sobre energia, nomeadamente do limite “dinâmico” do preço do gás “não estão de todo perto o suficiente de conseguirem lidar com esta crise energética”.
As parlamentares europeias da Esquerda Unida, do Die Linke e do Bloco consideram que a proposta do limite dinâmico de preços de gás “não é sequer uma proposta, é uma ideia confusa”. Isto porque a Comissão pede ao Conselho a aprovação de “um mecanismo que possa limitar preços extremos” sem esclarecer a questão de “como e quem vai determinar o patamar de extremo”, nada indicando que as suas propostas passem a ter em conta os custos de produção ou que os preços grossistas do gás sejam “finalmente” tornados transparentes e públicos.
Para além disso, manifestam preocupação com medidas para “salvaguardar as empresas que operam nos mercados financeiros” como vista a “aliviar o stress de liquidez atualmente sentido por algumas empresas de energia”. Dizem tratar-sede “um déjà vu da crise bancária de 2008, quando os padrões regulatórios foram relaxados para mascarar falhas estruturais” e que “todos sabemos como essa história terminou”.
Sobre os apelos à poupança de energia, acrescentam que também há questões não esclarecidas sobre como isto, que “tem um impacto enorme nas vidas quotidianas das pessoas e no futuro dos pequenos negócios”, irá acontecer. Defende-se que as medidas sobre poupança energética devem atingir em primeiro lugar quem tem consumos excessivos ou então “arriscam-se a piorar as desigualdades existentes, arrastando mais pessoas para a pobreza”. As eurodeputadas usam o exemplo do “conselho oficial” das instituições europeias para substituir janelas de vidro simples por vidro duplo como sendo socialmente insensível: “para a maior parte das pessoas que lutam para lidar com a subida do custo de vida uma tal despesa é simplesmente impensável”.
Sira Rego, Cornelia Ernst e Marisa Matias concluem que os estados da União Europeia e as suas instituições, ao longo do último ano, têm falhado em implementar as “medidas sem precedentes” que tinham prometido. Para elas, “não é tempo de pedir aos grandes poluidores, como as empresas de combustíveis fósseis, “contribuições solidárias” simbólicas” mas de “reformar radicalmente um setor energético defeituoso que tem beneficiado exclusivamente as empresas poluentes da energia às custas do planeta e das famílias da classe trabalhadora”.
As propostas “de vistas curtas” da Comissão e do Conselho “não têm nada a ver com o solidariedade”. Até porque “enquanto as instituições europeias arrastam os pés, as empresas da energia e dos combustíveis fósseis continuar a registar lucros recorde ao mesmo tempo que quem trabalha vê os salários serem tragados pela inflação e pelo aumento do custo de vida”, apontam as eurodeputadas.
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