Encontro contra as minas em Vale de Gaios no sábado

20 de outubro 2023 - 20:32

Vários grupos e movimentos juntam-se contra a exploração mineira nesta zona do concelho de Tábua no momento em que decorre o processo de consulta pública. Corre também uma petição no mesmo sentido.

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Mapa do projeto de mineração do Vale de Gaios.
Mapa do projeto de mineração do Vale de Gaios.

O movimento “Não às minas ‘Vale de Gaios’” vai organizar um encontro e debate no próximo sábado contra as minas de quartzo e feldspato numa zona que abrange as freguesias de Midões, Póvoa de Midões, Tábua, Candosa e União de freguesias de Vila Nova de Oliveirinha e Covas, totalizando 11% da área do concelho de Tábua.

Do programa do evento, marcado para o Açude, em Vale de Gaios, consta uma explicação acerca do processo de consulta pública sobre esta prospeção mineira, uma sessão sobre poluição no rio Mondego, por parte da Munda, uma análise sobre o “impacto das minas na vida humana”, por elementos da Ambiente nas Zonas Uraníferas – Associação de Defesa do Ambiente (AZU), um debate sobre “como impedir um processo deste tipo, dinamizado pela Stop Urânio e, finalmente, uma “auscultação e debate” com a população presente e uma “apresentação das próximas iniciativas e formas de luta”.

Na sua página de Facebook, este grupo apela ao exercício do “direito ao protesto” no âmbito da consulta pública a decorrer. Segundo o Correio da Beira Serra, o processo decorrerá até 10 de novembro e a entidade promotora é a empresa “Minas de Cassiterite Sobreda, S.A.”, sediada na freguesia do Seixo da Beira, concelho de Oliveira do Hospital.

O jornal local faz ainda referência a um documento da Câmara Municipal de Tábua, datado de 27 de Junho de 2022, que afirma que de acordo com o PDM “não existem áreas de exclusão, nem quaisquer restrições ao direito de prospeção e pesquisa de depósitos de minerais”, apesar de salientar que existem “algumas áreas que importa salvaguardar”.

Ao mesmo tempo, foi lançada uma petição pública, assinada até ao momento de redação desta notícia por perto de 900 pessoas. Os signatários manifestam “grande preocupação e forte oposição às atividades de mineração propostas no projeto designado por Vale de Gaios”.

Dizem que o desenvolvimento da atividade de exploração e extração de minério, desde a fase inicial de prospeção e pesquisa até à fase de mineração, “representam comprovadas e significativas ameaças ambientais, sociais e culturais que superam em muito quaisquer benefícios económicos daí decorrentes”.

Entre os argumentos apresentados, avança-se que a área abrangida é “atravessada pelo Rio Cavalos, bem como diversos outros cursos de águas”, que “possui paisagens singulares de grande beleza, flora e fauna diversificadas e ecossistemas delicados que devem ser protegidos contra danos irreversíveis”, que a extração destes depósitos “é feita com recurso a perfuradoras e explosivos, envolve desmatamento de grandes áreas e tem como consequência a destruição de ecossistemas e contaminação de corpos de água com substâncias tóxicas, incluindo metais pesados e produtos químicos”, que na área “existe grande quantidade de pequenas explorações agrícolas muito importantes para o equilíbrio das finanças de muitas famílias, que auferem baixos rendimentos”, que a zona é “procurada por muitos turistas”, existindo “diversos alojamentos turísticos” dedicados às férias “no meio da natureza em estado “virgem”” e que esta atividade de mineração “liberta poluentes nocivos no ar, colocando em risco a saúde das comunidades próximas”.

Conclui-se com um apelo “ao Governo e autoridades competentes” para que indefiram o pedido de prospeção e extração “salvaguardando assim a preservação do nosso património natural, garantindo um futuro sustentável para nós e para as próximas gerações”.