Encontro autárquico do Bloco propõe nova geração de políticas locais

06 de outubro 2024 - 18:44

Mariana Mortágua encerrou o evento defendendo políticas autárquicas que respondam às alterações climáticas, direito à habitação e serviços públicos fortes. Sobre orçamento diz que PS e PSD discutem “o tamanho da borla fiscal às grandes empresas”.

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Encontro autárquico Bloco 2024

Mariana Mortágua encerrou neste domingo o encontro autárquico do Bloco de Esquerda, realizado em Coimbra, salientando a necessidade de uma nova geração de autarcas “que saiba que as alterações climáticas vão determinar o nosso futuro e vão alterar a forma como organizamos o espaço urbano e o espaço rural”.

A coordenadora bloquista considera que esta questão tem que “mudar a forma como nós nos organizamos, como pensamos o espaço urbano, o espaço rural, o nosso território”, através de “políticas que sabem que o futuro não é transporte individual, mas é transporte coletivo, de qualidade, que sirva a todos, gratuito”; que ponham “a habitação em primeiro lugar”, não querendo “cidades que são guetos” e afirmando que esta “não é negócio” mas “direito de todas e de todos nós”; e que mostrem que “não queremos que sejam fortalezas de ódio” mas que unam “o território pelos serviços públicos fortes”.

E para demonstrar “a diferença que fazem autarcas do Bloco” utilizou a anterior eleição de um vereador com pelouro em Lisboa que fez “uma revolução na forma como acolhíamos, integramos e lidamos com pessoas sem abrigo”, implementou refeições de qualidade nas escolas, sem plástico, manuais escolares gratuitos e passes gratuitos para as crianças, para além de “uma nova forma de olhar para o consumo de drogas que encara o problema não como problema de criminalidade, de segurança, de polícia, mas sim como problema de saúde”, tirando do papel as salas de consumo e colocando-as no terreno.

De seguida, criticou o “plano ideológico de direita” e o “experimentalismo” de Carlos Moedas que quer uma cidade para “servir turistas”, ser “refúgio de milionários internacionais e de nómadas digitais” e que “não consegue responder à sua população que não consegue pagar uma casa”. Esta é uma “cidade suja, com mais pessoas em situação sem-abrigo, com trânsito caótico, com transportes fracos que não respondem à população”.

Mariana Mortágua considera que o atual presidente da CML está “a fazer de Lisboa a Disneylândia dos ricos e dos especuladores que “empobrece quem lá vive e quem lá trabalha, que expulsa uma parte da população e que explora a outra parte da população: os precários, os jovens, os trabalhadores mais pobres”.

Este projeto autárquico está em consonância com o projeto nacional da direita de “um país de especulação, de baixos salários, que explora os mais frágeis”, “que entrega a saúde, que entrega os cuidados, que entrega a habitação, ao mercado”. Este significa “dividir para reinar”, colocando “trabalhadores contra trabalhadores” e “trabalhadores pobres contra trabalhadores migrantes”, mascarando uma situação em que “5% da população tem quase metade da riqueza que é produzida no país”.

A porta-voz do partido teve ainda tempo de falar nas negociações orçamentais, em que o secretário-geral do Partido Socialista e o primeiro-ministro discutem “se o próximo orçamento de Estado deve dar muito ou muitíssimo às empresas milionárias e à banca”, isto é “o tamanho da borla fiscal às grandes empresas”.

Defendendo mais uma vez que “quem viabiliza um orçamento de direita não é alternativa para o governo de direita e este país precisa de uma alternativa a este governo de direita”, Mariana Mortágua voltou a defender serviços públicos, casa para viver, espaços verdes, cultura.