Eletricidade sobe no mercado grossista, impacto nas faturas anunciado em outubro

02 de setembro 2021 - 20:38

Governo diz ter “muitas almofadas” que permitem “inibir o aumento de preços” da energia para os consumidores. O deputado bloquista Jorge Costa responde que o aumento “é uma bomba relógio que acabará por explodir na fatura dos consumidores” e exige “medidas corajosas” para enfrentar o problema.

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Interruptor sobre luz. Foto de Niklas Morberg/Flickr.
Interruptor sobre luz. Foto de Niklas Morberg/Flickr.

A eletricidade no mercado grossista nunca esteve tão cara como neste mês de agosto e continua sucessivamente a bater recordes. Nesta quinta-feira o megawatt/hora atingiu os 137,70 euros no mercado ibérico de energia, lançando a dúvida sobre se e como se vai repercutir no bolso dos consumidores.

Outubro será um mês importante para começar a desfazer esta dúvida. A ERSE, Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, vai decidir quais são as tarifas em vigor a partir de janeiro de 2022 no mercado regulado. Apesar de 85% dos clientes de serviços energéticos do país estarem no chamado “mercado livre” e dos preços da sua eletricidade dependerem dos contratos, esta decisão impactará também nesses contratos.

A resposta nesse sentido vem da líder total do mercado, a EDP Comercial, que conta com 74,3% do total de clientes. A empresa disse ao Público que está a acompanhar “com atenção a subida dos preços grossistas” considerando neste momento “prematuro comentar a atualização tarifária prevista para o próximo ano, estando ainda a aguardar pela decisão tarifária da ERSE nas componentes reguladas”.

Do lado político, o ministro do Ambiente e Ação Climática, Matos Fernandes, em declarações à SIC na passada terça-feira, tentava tranquilizar a opinião pública declarando que o governo dispunha de “muitas almofadas” de forma a “inibir o aumento dos preços” ao consumidor final. Mas dizia-o “sem fazer promessas”.

O deputado bloquista Jorge Costa respondeu-lhe esta quinta-feira afirmando que “o aumento do preço da eletricidade é uma bomba relógio que acabará por explodir na fatura dos consumidores. O mercado elétrico atual, desenhado para centrais emissoras, sempre foi errado e agora é catastrófico. O oligopólio elétrico está a ganhar milhões e Bruxelas apoia-o, mesmo sabendo que a transição energética exige outro modelo”.

Mas as regras europeias não fecham as portas a outras medidas: “os governos podem atuar e estão disponíveis medidas imediatas para contenção de danos”, avança. O deputado indica algumas propostas que podem ser implementadas nesse sentido e que o Bloco tem vindo a apresentar, como “a eliminação dos lucros abusivos que as barragens auferem por terem a sua remuneração alinhada pela das centrais a gás, bem como a reversão do jackpot eólico decidido pelo governo Passos Coelho. O tempo está a passar, mas a alta de preços parece vir para ficar e exige medidas corajosas”, vinca.