As eleições legislativas realizadas na passada semana, no Reino Unido, tiveram como maior consequência a perda da maioria absoluta por parte dos conservadores da primeira-ministra Theresa May, originando aquilo que a gíria política anglo-saxónica designa por “hung parliament” [parlamento suspenso].
Recorde-se que a chefe do governo decidiu antecipar as eleições a pretexto de necessitar de possuir um mandato claro para negociar com Bruxelas os termos do Brexit. Quando tomou a decisão de forçar nova ida às urnas, as sondagens previam uma maioria esmagadora do seu partido (algumas chegavam a dar-lhe 48% dos votos, o que, no sistema maioritário a uma volta, em vigor no Reino Unido, significaria a obtenção de um domínio quase total da Câmara dos Comuns) e uma derrota humilhante dos trabalhistas, a quem os mesmos inquéritos não davam mais de 25%. A par disto, o UKIP (partido da direita populista, xenófoba e eurocética), encontrava-se sem rumo após o seu fundador e líder carismático, Nigel Farage, se ter retirado após atingir o seu grande objetivo: a saída do país da UE. Logo, tudo apontava para que as eleições se transformassem num passeio para os “tories”. A verdade, porém, é que, como provam os resultados, pouco ou nada correu de acordo com esse guião. May viu, assim, “o tiro sair-lhe pela culatra” e sai deste ato eleitoral politicamente muito fragilizada.
Talvez para dar razão ao título do meu anterior artigo, “Paradoxos britânicos”, a verdade é que, nestas eleições, poucas formações políticas saem totalmente vencedoras ou vencidas. Aliás, do ponto de vista político, os vencedores aritméticos são os vencidos e vice-versa. Confusos?
Analisemos, então,
o desempenho das diferentes forças concorrentes ao ato eleitoral
Apesar de terem falhado o seu objetivo, os conservadores voltaram a ser o partido mais votado, tendo obtido 42,5% dos votos, uma subida de 5,6% relativamente a 2015. Porém, graças às particularidades do sistema eleitoral britânico, referidas aqui, perderam 13 deputados, entre os quais sete ministros. Ficaram, então, com 318 membros do Parlamento, quando tinham 331. Ou seja, se, antes, tinham seis a mais da metade dos lugares, agora têm sete a menos.
As razões para este desaire são várias.
Em primeiro lugar, os eleitores perceberam que a antecipação das eleições não tinha a ver com os interesses do país, mas, antes, com os da primeira-ministra e do seu partido. Acresce, ainda, que tinham passado apenas dois anos sobre as últimas legislativas e quase um sobre o traumático referendo ao Brexit, que deixou profundas sequelas na sociedade britânica, não falando já na consulta popular sobre a independência escocesa, nas regionais antecipadas na Irlanda do Norte e nas autárquicas de 4 de maio na maior parte do território nacional. Ou seja, as pessoas estavam cansadas de votar e penalizaram May por as ter obrigado a ir novamente às urnas.
Por outro lado, a campanha da líder conservadora foi péssima, algo que é reconhecido inclusive pelos seus próximos. Pensando que as eleições eram “favas contadas”, decidiu não comparecer nos debates televisivos, numa atitude de arrogância “à Cavaco”. Só que, naquelas terras, a democracia liberal tem décadas e a primeira-ministra, acusada de falta de cultura democrática, pagou o preço dessa opção.
Além do mais, May quis centrar a campanha unicamente nas negociações do Brexit, como se essa fosse a única questão que preocupasse os britânicos. Ao ignorar as grandes inquietações do cidadão comum, abriu o flanco ao Labour, que aproveitou bem a brecha para conquistar eleitorado.
E, pior ainda, a sua abordagem económico-social continuou centrada nas políticas neoliberais, de cunho austeritário, que, desde há anos, atormentam as classes médias e baixas do país. Assim, um dos seus maiores erros de campanha foi colocar no seu manifesto eleitoral a ideia de taxar os idosos que recebem apoio domiciliário, podendo o fisco ficar na posse da sua casa depois da sua morte, em caso de falta de pagamento. Esta medida, popularmente conhecida como o “imposto da demência”, gerou grande indignação, em especial entre os mais idosos, a principal base de apoio dos conservadores.
Finalmente, May cometeu um monumental erro de cálculo eleitoral, ao pensar que a esmagadora maioria dos eleitores do UKIP se transferiria para os “tories”. Ora, tal não aconteceu: de acordo com os quadros anexos, os conservadores recolheram pouco mais de metade dos votantes do UKIP no último ato eleitoral, cabendo ao Labour perto de 30%. Com efeito, se a maior parte desse eleitorado era claramente da direita mais conservadora, abertamente eurocética e anti-imigração, a verdade é que havia também, nele, muitos antigos eleitores trabalhistas, em geral operários e desempregados, desiludidos com as políticas centristas de Blair e seus sucessores. Depois de, a partir de 2000, terem optado pelos liberais democratas, quando estes ensaiaram o seu tropismo para a esquerda, viram-se novamente órfãos, após a coligação destes com os conservadores. Para exprimir o seu protesto, votaram, em 2015, no UKIP, que lhes parecia responder a algumas das suas preocupações. Mas dificilmente essas pessoas se passariam para os “tories”. E, com a eleição de um líder trabalhista mais próximo dos valores tradicionais do partido, voltaram a confiar neste. Daí que, em várias circunscrições do norte industrial, onde a soma dos votos de conservadores e da direita populista era superior à do Labour, este tenha vencido quase sempre, mesmo naquelas em que, taticamente, o UKIP não apresentou candidato.
Por isso, apesar de continuar a ser o partido mais votado e ter aumentado a sua votação, a inesperada perda da maioria absoluta, fruto, em grande parte, das vicissitudes do sistema eleitoral maioritário a uma volta, acabaram por transformar uma vitória eleitoral numa derrota política. Ainda para mais, quando, um mês antes, pareciam ter garantido um triunfo esmagador. Fazendo um trocadilho com o nome da primeira-ministra, May (maio) tropeçou em junho!
Ao invés, os trabalhistas, liderados por Jeremy Corbyn, da ala esquerda do partido, obtiveram importantes ganhos em toda a Grã-Bretanha, obtendo, exatamente, 40% dos votos expressos, o que representa um ganho de 9,6% face ao ato eleitoral anterior. Conseguiram, assim, ganhar 30 lugares parlamentares, passando de 232 para 262 deputados.
Depois da sua inesperada eleição, na sequência da derrota de 2015, que levou à demissão de Ed Miliband, o novo líder enfrentou forte oposição por parte dos “barões” do partido, entrincheirados no respetivo grupo parlamentar. Para eles, Corbyn era um esquerdista radical, um irresponsável político que nunca conseguiria ganhar uma eleição. Esta visão foi amplamente difundida pelos principais “media”, que o intitulavam de anacrónico e, quotidianamente, o diabolizavam e achincalhavam as suas ideias e propostas. No rescaldo do referendo do Brexit, os seus opositores centristas acusaram-no de não se ter empenhado verdadeiramente em favor da permanência na UE, posição oficial do partido, e responsabilizaram-no pela derrota. Ensaiaram, então, um golpe palaciano contra a sua liderança, convocando novas eleições no interior do partido. Só que Corbyn, massivamente apoiado pelas bases, ganhou novamente. Contudo, com cerca de 25% nas sondagens e umas autárquicas desastrosas, tudo indicava que o líder não sobreviveria às legislativas. Mas a verdade é que Corbyn superou as melhores expectativas e obteve, em termos percentuais, o melhor resultado eleitoral do partido nos últimos 15 anos.
Para além dos erros dos seus adversários, também há bastantes méritos próprios neste êxito relativo do Labour.
Em primeiro lugar, Corbyn não se deixou cair na armadilha montada por May, de fazer da eleição uma espécie de confirmação do Brexit. Aliás, o líder trabalhista evitou habilmente esse tema e o da imigração, que seriam desconfortáveis para o seu partido. Próximo das bases trabalhistas, Corbyn percebeu que a maioria dos britânicos estava farta das políticas austeritárias, responsáveis pelo enfraquecimento do Estado Social. Daí ter centrado a campanha em temas como o reforço dos serviços públicos de saúde e de educação, o aumento das reformas, a renacionalização dos transportes públicos (com destaque para os caminhos de ferro), políticas inclusivas de habitação, o combate à precariedade e o reforço dos direitos laborais e sindicais. Este regresso aos valores tradicionais do Labour recuperou a sua base de apoio tradicional, que, nas últimas eleições, votara no UKIP, nos nacionalistas galeses e escoceses ou se abstivera. Aliás, e voltando aos quadros anexos, os trabalhistas captaram quase 10% de abstencionistas e jovens, quase o dobro do que lograram os conservadores e o quádruplo dos liberais democratas. Além de que, à exceção da Escócia, tiveram um balanço positivo nas transferências de voto com os “tories”. Além disso, foi buscar mais de metade do eleitorado dos Verdes, recuperando alguns eleitores de esquerda mais cultos e urbanos que, em 2015, fugiram para os ecologistas, beneficiando também do facto de estes não terem apresentado candidaturas nas circunscrições onde se previam duelos mais renhidos com os conservadores.
Uma proposta essencial para cativar os mais jovens foi a abolição das propinas universitárias, as mais caras da Europa
Uma proposta essencial para cativar os mais jovens foi a abolição das propinas universitárias, as mais caras da Europa. Num país onde o ensino superior sempre teve um caráter altamente elitista, o aumento dos custos da sua frequência reforçou essa tendência. Hoje, para pagar os estudos, muitos jovens de classe média partem para a vida ativa altamente endividados. E, com empregos precários ou no desemprego, não lhes será fácil verem-se livres desse fardo. Isto para além de os mais pobres ou não terem possibilidades de aí aceder ou verem-se obrigados a abandonar os seus cursos por falta de dinheiro. Por isso, com o seu futuro hipotecado, a maioria da juventude apostou abertamente em Corbyn. Há, ainda, a referir que, no referendo do Brexit, o triunfo deste foi, em parte, atribuído à abstenção dos jovens, na sua maioria adeptos da permanência na UE. Isso terá levado muitos a acorrer às urnas, para não voltar a deixar as grandes escolhas políticas apenas nas mãos dos mais idosos.
Por outro lado, o líder trabalhista mostrou uma sinceridade e uma autenticidade raras na maioria dos políticos dos nossos dias, não cedendo nas suas convicções, mesmo quando atacado por alguns dos seus pares e pela comunicação social. Algo que reforçou a sua credibilidade, mostrando que, cada vez mais, as pessoas preferem opções claras ao “cinzentismo” centrista.
Corbyn e os trabalhistas acabaram por ser, do ponto de vista político, os grandes vencedores. Com efeito, não só o seu líder ganhou o estatuto claro de alternativa aos “tories”, mas também o grande crescimento eleitoral do seu partido permitiu retirar-lhes a maioria absoluta
Assim, apesar de não ter ganho as eleições, Corbyn e os trabalhistas acabaram por ser, do ponto de vista político, os grandes vencedores. Com efeito, não só o seu líder ganhou o estatuto claro de alternativa aos “tories”, mas também o grande crescimento eleitoral do seu partido permitiu retirar-lhes a maioria absoluta, apesar dos ganhos igualmente obtidos pelos conservadores.
Daí que, tal como tínhamos previsto aqui, a radicalização da sociedade foi entendida pelos dois maiores partidos, empurrando os “tories” para a direita e o Labour para a esquerda. As subidas que ambos registaram confirma, de forma clara, a nossa análise.
Por isso, os liberais democratas pouco beneficiaram dessa radicalização, que, teoricamente, poderia abrir mais o espaço do centro. É certo que o sistema maioritário favorece o chamado “voto útil” nas maiores forças políticas, mas a razão para a estagnação dos centristas é, essencialmente, política. O partido, que sofreu uma verdadeira hecatombe eleitoral em 2015, após o desastre que foi a sua coligação com os conservadores, obteve 7,4% dos votos, perdendo ainda mais 0,5%. Ironicamente, ganhou quatro lugares, passando de oito para 12 deputados em Westminster. O sistema eleitoral, altamente nefasto para a representação dos LibDem, concedeu-lhes, desta vez, um pequeno “rebuçado”.
Daí que, entre eles, na noite eleitoral, o sentimento fosse misto. Essa mistura de sentimentos envolveu, igualmente, o desempenho de algumas figuras principais do partido: por um lado, o seu antigo líder e ex-vice-primeiro ministro de Cameron, Nick Clegg, perdeu o seu lugar no centro de Sheffield e o seu atual líder, Tim Farron, foi eleito com muitas dificuldades no seu círculo, no Noroeste de Inglaterra; em contrapartida, Vince Cable, um dos mais populares dirigentes dos LibDem, recuperou a circunscrição de Twickenham, subúrbio de classe média-alta no sudoeste londrino, onde se situa o mítico estádio nacional do rugby inglês.
Tal como os conservadores, os liberais democratas optaram por centrar a campanha no Brexit, só que com sinal contrário. Afirmando pretender representar os 48% que votaram pela permanência, o mais pró-UE dos grandes partidos britânicos colocou em cima da mesa a realização de um segundo referendo, fazendo desta proposta o tema principal da sua campanha. À exceção de algumas áreas burguesas de Londres e de Oxford, que, no referendo, votaram massivamente contra a saída da UE, a sua abordagem teve pouco êxito, como provam os resultados eleitorais. É que, apesar de terem posições opostas sobre a questão, as razões do relativo fracasso dos LibDem são semelhantes às que vitimaram May: no atual Reino Unido, há vida para além do Brexit. E nem uns nem outros perceberam isso.
Há, ainda, a considerar que Tim Farron não é, propriamente, um líder carismático, que atraia votos para além da base tradicional do partido.
Se os conservadores foram vencedores vencidos e os trabalhistas vencidos vencedores, os liberais democratas são, simultaneamente, vencedores e vencidos. E, no balanço destes últimos, tudo dependerá do olhar que se tenha: os que olharem para os deputados, verão o copo meio cheio; os que olharem para os votos, meio vazio.
O UKIP é o grande derrotado destas eleições
O UKIP é o grande derrotado destas eleições. Se as perspetivas eram francamente pessimistas, os resultados são ainda piores do que se esperava, mesmo dando de barato o facto de o partido não ter apresentado candidaturas em cerca de metade das circunscrições. O partido quase desaparece, não chegando aos 2% dos votos: com apenas 1,8% dos sufrágios válidos, perde 10,8% relativamente às últimas eleições. Ou seja, apenas conserva cerca de 1/8 dos seus eleitores de há dois anos, perdendo mais de 50% dos votos para os conservadores, quase 30% os trabalhistas e os restantes para a abstenção e candidatos menores. No entanto, em número de deputados, a diferença é pouca: em 2015, apesar de ter merecido a preferência de 12,6% dos votantes, a sua dispersão territorial não lhe permitiu conquistar mais que um círculo eleitoral. Entretanto, esse deputado abandonou o partido no final de 2016 e apoiou os conservadores nesta eleição. Assim, se o UKIP já não tinha representação parlamentar, assim continuará.
Após a saída de Nigel Farage, na sequência do triunfo do Brexit (o objetivo de uma vida, declarou então), o partido da direita populista entrou em grande desorientação. Paul Nutall, o segundo líder desde então, é uma figura “cinzenta” e sem grandes apoios no seu seio. Apesar de se ter candidatado no círculo onde, no referendo, foi maior a votação a favor da saída da UE, não foi além do terceiro lugar. Para além do mais, os “tories” roubaram-lhes as suas grandes bandeiras (o Brexit e a imigração) e, com Corbyn, o Labour recuperou os seus eleitores de classe baixa descontentes. O sistema maioritário fez o resto.
O que resta saber é se o partido terá futuro, em especial se Farage decidir não voltar à política partidária. Este, na noite eleitoral, abriu as portas ao seu regresso, caso o Brexit “encalhasse”. Mas tal não é certo!
Também os Verdes perdem quase metade do seu eleitorado
Também os Verdes perdem quase metade do seu eleitorado. Com apenas 1,6% dos votos válidos, perdem 2,2% face ao anterior ato eleitoral, isto é, quase 2/3 do seu eleitorado de então. Olhando para os quadros anexos, vemos que mais de metade deste optou pelos trabalhistas, alguns (poucos) pelos liberais democratas e os restantes abstiveram-se.
O partido, que optou por não concorrer nos círculos em que se previa uma luta cerrada entre os conservadores e outras forças políticas (em especial, os trabalhistas, mas também liberais democratas e nacionalistas escoceses e galeses), viu grande parte dos eleitores jovens e de classe média regressar ao Labour. A viragem à esquerda deste, encetada por Corbyn, roubou espaço aos ecologistas.
Apesar das perdas sofridas, um pouco por todo o país, mas agravadas na Escócia e em Gales, onde quase desaparecem, os Verdes têm uma razão para sorrir: a reeleição da sua líder, Caroline Lucas, a única deputada do partido, com uma maioria reforçada no círculo de Brighton Pavilion.
Para terminar esta análise do conjunto do país, resta-nos referir que a abstenção diminuiu face a 2015, passando dos 33,9% de então para 31,3%, o que se deve, em muito, ao aumento do voto jovem e à maior mobilização do eleitorado trabalhista, embora, como veremos de seguida, haja nuanças regionais a registar.
Analisando, sectorialmente, as quatro nações constituintes do Reino Unido
Então, analisando agora, sectorialmente, as quatro nações constituintes do Reino Unido (que, por comodidade de linguagem, apelidamos de regiões), verificamos que existe uma grande desunião: os conservadores são maioritários em Inglaterra, os trabalhistas em Gales, os nacionalistas do SNP na Escócia e o DUP (direita radical protestante) na Irlanda do Norte.
Na Inglaterra, que abarca cerca de 84% do eleitorado britânico, o padrão de distribuição do voto e das transferências é muito semelhante ao padrão nacional. Na verdade, dado o peso esmagador dos ingleses no conjunto da população do Reino Unido, é aquele que é tributário do padrão inglês, apenas mitigado pelo que sucede nas regiões periféricas.
Apesar de tudo, podemos concluir, analisando os quadros, que a subida dos conservadores é inferior à média nacional (de 41,0 para 45,6%) e a dos trabalhistas superior (de 31,6 para 41,9%). Já as descidas de liberais democratas (de 8,2 para 7,8%) e de Verdes (de 4,2 para 1,9%) são ligeiramente inferiores ao valor médio do país, enquanto a do UKIP (de 14,2 para 2,0%) é superior. Também a descida da abstenção (de 34,1 para 30,9%) é mais acentuada que no conjunto do Reino Unido.
Do ponto de vista geográfico, mais do que a tradicional diferença entre um Sul conservador e um Norte trabalhista, verifica-se uma clara oposição entre áreas rurais (esmagadoramente apoiantes dos “tories”) e urbanas (maioritariamente votantes no Labour).
Desta forma, os conservadores pontificam no Sul (com exceção da maior parte da Grande Londres e de uma ou outra cidade portuária), nas zonas maioritariamente rurais dos Midlands, em grande parte do Yorkshire (no Leste) e nas áreas rurais do Norte, junto à fronteira escocesa. Nas cidades, apenas domina algumas áreas ricas do centro da capital (onde, contudo, perdeu terreno) e da metrópole do Noroeste (junto a Blackpool).
Por seu turno, os trabalhistas são claramente maioritários na maior parte das grandes regiões metropolitanas: a maioria da Grande Londres e a quase totalidade da Grande Manchester, de Merseyside (em torno de Liverpool), do Tyne e Wear, no Nordeste (que inclui Newcastle, Sunderland e Middlesbourgh), dos Middlands (à volta de Leeds e de Sheffield, bem como os centros urbanos de Birmingham, Coventry, Nottingham, Leicester e outros) e a cidade de Bristol, no Sudoeste. De registar, ainda, a conquista de alguns lugares em algumas cidades portuárias do Sul (como Plymouth, Portsmouth, Exeter, Southampton e Brighton) e dois importantes centros urbanos do Sueste (Ipswich e Canterbury).
Já os liberais democratas perderam eleitorado para o Labour, em especial nas grandes cidades e, em menor grau, para os “tories”, no campo. A exceção foi a Grande Londres, onde o partido aumentou a votação e elegeu três deputados no Sudoeste, área tradicionalmente conservadora, onde apenas tinha um. Os restantes cinco lugares mantidos ou conquistados não seguem um padrão geográfico definido.
Por seu turno, UKIP e Verdes quase desaparecem do mapa, restando a estes últimos o já referido bastião de Brighton Pavilion.
Entretanto, na Escócia, que representa cerca de 8,5% do eleitorado, a paisagem política é muito diferente da do resto da Grã-Bretanha.
Aqui, ocorreu um dos factos mais relevantes destas eleições, com implicações a nível do Reino Unido: as grandes perdas do SNP (nacionalistas escoceses). Estes passaram dos 50% de 2015, um resultado verdadeiramente estratosférico, que lhe valeu a conquista de 56 dos 59 lugares destinados à região para 36,9% e apenas 35 parlamentares agora. Ou seja, o partido perdeu cerca de 1/3 do eleitorado e, com ele, 21 deputados em Westminster, entre os quais Angus Robertson, o seu líder parlamentar, e Alex Salmond, antigo líder do partido e ex-primeiro-ministro escocês.
Embora se esperasse um recuo na sua votação, surpreendeu a magnitude que atingiu. Aqui, o SNP pagou caro a sua insistência na realização de um segundo referendo à independência. Após a derrota da causa independentista na consulta realizada em 2014, os nacionalistas procuraram cavalgar a oposição de quase 2/3 dos escoceses ao Brexit e, pela voz da primeira-ministra do governo autónomo, Nicola Sturgeon, exigiram a Londres um novo referendo sobre a separação do Reino Unido. Esta atitude caiu mal em vários setores, que, apesar de votarem no SNP, não são partidários da independência. E que, por isso, agora, ou votaram nos partidos unionistas ou abstiveram-se. Conforme podemos ver nos quadros, o partido perdeu 18% dos votos para as três grandes formações políticas britânicas: 15% para os conservadores, 2% para os trabalhistas e 1% para os liberais democratas. Mas deixou fugir outros tantos para a abstenção. Por isso, a Escócia foi a única das quatro componentes do Reino Unido onde o abstencionismo aumentou, passando de 28,9% em 2015 para 33,6% neste ato eleitoral. Se, há dois anos atrás, a grande afluência às urnas contribuiu para o “surge” do SNP, agora, a menor mobilização dos seus eleitores explica, igualmente, o seu refluxo.
Acresce, ainda, que o partido já leva dez anos no governo da região. Apesar de ter rejeitado as doses cavalares de austeridade praticadas a sul da muralha de Adriano e ter preservado boa parte do Estado Social na região, a verdade é que já acusa algum desgaste do poder. E alguns cidadãos veem na causa independentista um pretexto para uma menor qualidade da governação.
Por outro lado, nas circunscrições onde um candidato de um único dos grandes partidos britânicos tinha hipótese de “roubar” o lugar ao SNP, verificou-se uma espécie de “voto útil” tácito dos eleitores unionistas contra os nacionalistas. Ao invés, quando dois daqueles partidos tinham possibilidades de vencer, essa aliança informal não ocorreu, permitindo, assim, aos independentistas salvar alguns lugares em risco.
Apesar do desaire, este foi o segundo melhor resultado do partido em eleições para a Câmara dos Comuns. Na realidade, o SNP continua a ser a força política mais votada na Escócia e a terceira com mais deputados em Westminster, o que atenua a deceção das hostes nacionalistas face às perdas sofridas.
Aqui, há a salientar o grande resultado dos conservadores, que quase duplicaram a sua votação na região (de 14,9% e um deputado há dois anos para 28,6% e 13 lugares agora). Tornaram-se, assim, na segunda formação política escocesa, destronando os trabalhistas. Para tal, grande parte do mérito deve ser atribuído à líder regional dos “tories”, a carismática Ruth Davidson. Jovem e lésbica assumida, é uma conservadora atípica, longe das tradicionais “tias” do partido.
Este, que durante anos, teve resultados medíocres na Escócia, ressurgiu “das cinzas”. Para isso, também contribuiu, em grande parte, a sua clara posição contra a independência, bem mais vincada que a dos trabalhistas e dos liberais democratas, que acusam de ambiguidade na questão. Isso granjeou-lhe o apoio dos setores mais avessos à rutura dos laços com Londres, que viram nos “tories” a força mais capaz de travar o SNP. Não por acaso, aqui, conquistaram 75% dos poucos votantes do UKIP contra apenas 10% que optarem pelo Labour.
Do ponto de vista territorial, os conservadores conquistaram não só todos os lugares do Sul da região, junto à fronteira com a Inglaterra, onde possuem, tradicionalmente, maior implantação, mas também a maior parte dos do Nordeste, junto a Aberdeen, e ainda dois no centro, entre os quais a cidade de Stirling.
Por seu turno, os trabalhistas, apesar de terem melhorado os seus resultados, tiveram um crescimento eleitoral mais modesto, passando de 24,3% e um único deputado, após a “débacle” de 2015, para 27,0% e sete lugares, muito abaixo da média do Reino Unido. Aqui, o efeito Corbyn pouco se fez sentir e, talvez por o governo regional não ser adepto da austeridade, muitos eleitores de esquerda continuaram a votar no SNP, como se pode ver pela votação de Glasgow, até há pouco um bastião do Labour. E a menor assertividade na sua oposição à independência explica também o balanço negativo nas transferências com os conservadores, ao arrepio do sucedido na Inglaterra e em Gales. Valeu-lhes o saldo positivo face a liberais democratas e nacionalistas, bem como a conquista de mais de metade do pequeno eleitorado dos Verdes.
Ainda assim, elegeu sete deputados, todos em áreas suburbanas: quatro em Edimburgo e três em Glasgow.
Já os liberais democratas perderam algum eleitorado, indo cerca de 15% para os conservadores e 5% para os trabalhistas, algo que só foi compensado por alguns eleitores conquistados ao SNP e aos Verdes. Desceram, então, de 7,5 para 6,8% dos votos regionais. Mesmo assim, para além de conservarem o seu deputado das remotas ilhas setentrionais de Orckney e Shetland, conquistaram mais três lugares, um no extremo norte dos Highlands, um na periferia de Edimburgo e outro na de Glasgow.
Se já tinham pouca implantação na região, UKIP e Verdes foram ambos “reduzidos a pó”, ambos com uns míseros 0,2% dos sufrágios.
Por sua vez, em Gales, a paisagem política apenas difere da inglesa pela presença do Plaid Cymru (lê-se “Pláid Kamri“), um partido nacionalista galês, muito semelhante ao seu congénere escocês do SNP. Logo, à exceção do PC, a motivação do voto nos restantes partidos não é muito diferente da que ocorre em Inglaterra.
Aqui, o Labour, desde sempre bem implantado na região, onde já foi primeiro em 2015, conseguiu um excelente resultado, subindo de 36,9 para 49,0% e de 25 para 28 dos 40 lugares galeses em Westminster. Ou seja, um avanço bastante acima da média do Reino Unido, para o qual contribuíram a conquista de eleitores às restantes forças políticas: quase 2/3 aos Verdes, 30% ao UKIP, cerca de 20% ao PC e um pouco menos aos LibDem, além de registar um balanço positivo nas transferências com os “tories”. Geograficamente, para além de ter eleito a quase totalidade dos lugares na grande conurbação do sudeste de Gales (a capital, Cardiff, e as cidades de Swansea, a oeste, e Newport, a leste), conseguiu, igualmente, a maioria no nordeste da região (junto a Wrexham) e na setentrional ilha de Ynys Môn (Isle of Anglesey).
Também os conservadores conseguiram um crescimento maior que o valor médio do país, subindo dos 27,2% de há dois anos para os atuais 33,6%. Contudo, a subida dos trabalhistas implicou que os “tories” perdessem três lugares, descendo de 11 para oito deputados. O partido continua a ter a sua maior implantação territorial nas áreas rurais do Leste e da ponta sudoeste da região.
Já os liberais democratas galeses tiveram resultados muito negativos. Depois de, em 2015, terem ficado pelos 6,5% dos sufrágios e conservado um deputado, quedaram-se agora pelos 4,5% e perderam o lugar que tinham.
Por seu turno, os nacionalistas do Plaid Cymru, apesar de perderem votos (de 12,1 para 10,4%), conseguiram aumentar a sua representação em Westminster, passando de três para quatro deputados. Ao contrário do que sucede na Escócia, o independentismo é amplamente minoritário em Gales e o eleitorado do PC está concentrado nas regiões montanhosas do Oeste, onde mais de metade da população fala a língua galesa. Nestas eleições, o partido viu cerca de 20% do seu eleitorado fugir para os trabalhistas, quer devido ao “voto útil” contra os conservadores, quer pelo “efeito Corbyn”. Este possibilitou o regresso à base de eleitores que, desiludidos com o centrismo do Labour, davam o seu voto aos nacionalistas. O Plaid desenvolveu uma estratégia inteligente, apostando na defesa dos três lugares de que dispunha e nas conquistas de Ceredigion aos liberais democratas e de Ynys Môn ao Labour, onde apostou no ex-líder Ieuan Wyn Jones. Apesar de ter tido a sorte de obter duas vitórias tangenciais, a verdade é que o partido apenas falhou este último objetivo. Logo, apesar da perda de votantes, ganhou mais um lugar e pôde cantar vitória. Neste momento, domina o Oeste galês.
Por fim, o UKIP teve perdas apenas ligeiramente menores que em Inglaterra, vendo a sua votação reduzir-se de 13,6 para 2,0%. Já os Verdes, que já não tinham grande implantação, obtiveram uma votação residual (0,3%).
Na Irlanda do Norte, onde o voto continua a ser, essencialmente, tribal, previa-se o reforço dos maiores partidos das comunidades protestante e católica: o DUP (direita radical, unionista) e o Sinn Féin (esquerda, republicano e nacionalista), face aos menores UUP (direita moderada, unionista) e SDLP (centro-esquerda, republicano e nacionalista), respetivamente. Porém, a amplitude dessa deslocação de votos foi maior do que se esperava, deixando os partidos mais pequenos sem representação parlamentar.
No campo protestante, o DUP obteve um triunfo esmagador, com 36,0% dos votos e a eleição de 10 deputados quando, em 2015, tinha tido 25,7% e oito eleitos; ao invés, o UUP desceu de 16,0 para 10,3% e perdeu os dois lugares que detinha em Westminster. Já Silvia Harmon, a unionista independente, foi reeleita, mas com bastante mais dificuldade do que se esperava. Também o Alliance Party (centrista e oficialmente interconfessional, mas cuja base de apoio se situa, esmagadoramente, entre os protestantes mais moderados) desceu ligeiramente (de 8,6 para 8,0%) e a sua líder não conseguiu recuperar o lugar perdido em 2015. Do lado católico, o SF conseguiu um resultado histórico, passando de 24,5% e quatro lugares para 29,4% e sete eleitos; em contrapartida, o SDLP teve uma quebra de 13,9% para 11,7% e perdeu os três deputados que elegera há dois anos.
Para compreender o que aí se passou, há que remeter para o referendo sobre o Brexit e para a crise política em que a região se encontra atolada, a qual levou à realização de eleições regionais antecipadas no passado dia 2 de março, sem que, até agora, se tenha produzido uma solução governativa.
Na consulta referendária, verificou-se uma clara divisão no campo protestante: enquanto o UUP e o AP se manifestaram a favor da permanência do Reino Unido na UE, o DUP e os grupos da extrema-direita (como o TUV) apoiaram a saída. Ao invés, e se descontarmos o PBP, pequena coligação da extrema-esquerda, o campo católico manteve-se quase unanimemente unido contra o Brexit, com o SF e o SDLP a fazerem campanha pelo “remain”. Daí que, no final, este último tenha saído vencedor no território norte-irlandês, com cerca de 56% dos votos, em contraciclo com a posição maioritária do eleitorado britânico. Com isso, o SF viu uma oportunidade para obter, por via pacífica, a reunificação da Irlanda, o seu grande objetivo político.
Por outro lado, os acordos de paz de Sexta-feira Santa consagraram a partilha do poder entre as duas comunidades. Assim, o primeiro-ministro do governo regional é indicado pelo maior partido representado na assembleia regional, enquanto o vice-primeiro-ministro é escolhido, obrigatoriamente, pela maior força política da outra comunidade. Os seus poderes são equivalentes, pelo que, na prática, a região é dirigida por uma liderança bicéfala. Logo, se um se demitir e não for substituído no prazo de oito dias, o outro cai automaticamente. Com exceção da pasta da Justiça, cujo titular tem de ser escolhido por acordo entre as duas comunidades, a distribuição das pastas ministeriais é feita pelo método de Hondt, de entre os vários partidos representados no parlamento da região, a exemplo do que sucede nas nossas Câmaras Municipais (embora, à exceção dos dois maiores, estes possam abdicar dessa participação e passar à oposição). Então, para as instituições funcionarem, é necessário que DUP e SF se entendam. Por isso, apesar de quase tudo os opor, têm estado coligados no executivo regional desde a assinatura dos acordos, em 1998.
No início deste ano, o então vice-primeiro-ministro, Martin McGuiness (SF), que faleceria meses depois, vítima de cancro, exigiu a demissão da primeira-ministra, Arlene Foster (DUP), por esta, alegadamente, ter favorecido duas empresas num concurso de atribuição de licenças para a produção de energias renováveis. Como esta não o fez, McGuiness demitiu-se e fez cair o governo, originando a realização de eleições antecipadas.
Nestas, realizadas a 2 de março, beneficiando da baixa participação do eleitorado protestante, o SF quase fez História, ficando a 0,2% de se tornar o mais partido da Irlanda do Norte e poder, assim, nomear o primeiro-ministro.
Perante o susto, e face ao crescimento do Sinn Féin no seio dos católicos e ao entusiasmo dos seus apoiantes, registou-se uma mobilização sem precedentes do campo protestante, que cerrou fileiras em torno do DUP. Olhando para os quadros anexos, a sua grande subida eleitoral resultou da captação de quase 30% de votantes no UUP, 75% dos do TUV (um partido da extrema-direita protestante, contrário aos acordos de paz, que apenas concorreu num círculo eleitoral, apoiando o DUP nos restantes), 90% do UKIP (que concorreu há dois anos e agora não se apresentou na região), 45% dos conservadores e cerca de 15% de outras pequenas formações. Conquistou ao UUP o lugar no círculo de South Antrim e ao SDLP o de Belfast South, uma circunscrição onde existe algum equilíbrio entre protestantes e católicos.
Também o SF tem grandes razões para celebrar, ao obter o seu melhor resultado de sempre na região e afirmar, de forma clara, a liderança da comunidade católica. O partido foi buscar 20% dos eleitores do SDLP, a quem arrebatou os círculos de Foyle (parte ocidental de Derry) e de South Down. Recuperou, ainda, ao UUP a circunscrição de Fermanagh e South Tyrone, de pequena maioria católica, mas que fora perdida há dois anos devido a uma aliança do campo unionista (o DUP não se apresentou e apoiou o candidato do UUP) e à divisão do lado republicano entre SF e SDLP. Apesar de a situação se ter repetido, desta vez, a candidata do SF levou a melhor. É sabido que, desde sempre, os deputados do Sinn Féin não ocupam os seus lugares em Westminster, já que se recusam a fazer o juramento de lealdade à Coroa britânica. Se os conservadores tivessem obtido menos quatro deputados, os republicanos ficariam em situação desconfortável, já que só a sua ausência possibilitaria a formação de uma maioria entre os conservadores e o DUP. Felizmente, tal não aconteceu.
A grande mobilização eleitoral em ambos os campos levou a que a queda da abstenção na Irlanda do Norte fosse menor que no conjunto do Reino Unido, baixando de 41,9 para 34,6%
Resta, agora, saber as consequências políticas deste ato eleitoral. Tudo indica que Theresa May se manterá à frente do governo, mas é uma líder a prazo. A sua sorte é que, face às dificuldades do momento (em especial, a gestão do Brexit sem maioria parlamentar, a par com o desafio do nacionalismo escocês e as incertezas no plano económico), não há, para já, entre os conservadores, ninguém a “chegar-se à frente” para lhe disputar o lugar.
Contudo, para obter uma maioria parlamentar, apenas pode contar com o DUP, que ficou na posição estratégica de “king maker”. O problema é que, mesmo entre os conservadores, o partido tem muitos anticorpos. Criado por Ian Paisley, um fanático reverendo presbiteriano, esteve ligado a grupos paramilitares protestantes, responsáveis por vários atentados e pelo assassinato de vários militantes republicanos e ativistas dos direitos cívicos. Opôs-se aos acordos de paz, que só aceitou quando substituiu o UUP como maior força política da comunidade protestante. Para muitos, a sua participação na esfera do poder no Reino Unido põe em causa a neutralidade assumida pelo governo britânico no conflito norte-irlandês após a assinatura dos acordos de Sexta-feira Santa, correndo o risco de fazer “descarrilar” o processo de paz, mais a mais numa situação de crise política. Além do mais, é um único dos grandes partidos do norte irlandês favorável ao Brexit. Mas o que provoca maior desconforto entre alguns “tories” são as suas posições ultraconservadoras em matéria de costumes (contra o aborto, a eutanásia e o casamento homossexual – que continua a não ser legal na Irlanda do Norte - e a favor do ensino do criacionismo nas escolas públicas) e de ambiente (tal como Trump, perfilha as teses negacionistas). Por exemplo, a líder dos conservadores escoceses, Ruth Davidson, lésbica assumida, já afirmou que não aceitará qualquer recuo nos direitos das comunidades LGBT.
Tudo indica, pois, que este será um Parlamento de curta duração e que, mais cedo que tarde, teremos novas eleições.
Artigo de Jorge Martins para esquerda.net
Mapas Anexos - Quadros de transferência de votos
Matriz de transferência de votos no conjunto do Reino Unido |
||||||||||||||||||||||||||||||||||
(em % relativamente aos votos obtidos por cada partido e pelo conjunto de votos brancos ou nulos e abstenções relativamente a 2015) |
||||||||||||||||||||||||||||||||||
|
CON |
LAB |
LD |
UKIP |
GR |
SNP+PC * |
IR.N. ** |
OUT+IND |
B+N+ABST. |
TOTAL |
||||||||||||||||||||||||
CON |
87,0 |
5,4 |
1,2 |
0,6 |
0,1 |
0,1 |
0,1 |
0,2 |
5,3 |
100 |
||||||||||||||||||||||||
LAB |
3,3 |
90,0 |
1,0 |
0,1 |
0,3 |
0,2 |
--------------- |
0,2 |
4,9 |
100 |
||||||||||||||||||||||||
LD |
9,3 |
13,7 |
70,5 |
0,1 |
0,9 |
0,3 |
--------------- |
0,2 |
5,0 |
100 |
||||||||||||||||||||||||
UKIP |
53,1 |
28,2 |
0,1 |
12,4 |
0,2 |
0,0 |
0,2 |
1,0 |
4,8 |
100 |
||||||||||||||||||||||||
GR |
0,3 |
54,3 |
2,0 |
0,1 |
35,3 |
0,4 |
0,7 |
0,6 |
6,3 |
100 |
||||||||||||||||||||||||
SNP+PC * |
13,1 |
5,0 |
1,0 |
0,0 |
0,1 |
64,0 |
--------------- |
0,1 |
16,7 |
100 |
||||||||||||||||||||||||
IR.N. ** |
0,1 |
--------------- |
--------------- |
--------------- |
0,2 |
--------------- |
96,0 |
0,7 |
3,0 |
100 |
||||||||||||||||||||||||
OUT.+IND. |
14,3 |
26,0 |
2,5 |
4,0 |
2,0 |
0,8 |
6,0 |
29,5 |
14,9 |
100 |
||||||||||||||||||||||||
BR.+NUL+ABST. |
5,4 |
9,8 |
2,3 |
0,1 |
0,2 |
0,3 |
0,5 |
0,4 |
81,0 |
100 |
||||||||||||||||||||||||
QUADRO 1-A |
||||||||||||||||||||||||||||||||||
|
||||||||||||||||||||||||||||||||||
Matriz de transferência de votos na Inglaterra |
||||||||||||||||||||||||||||||||||
(em % relativamente aos votos obtidos por cada partido e pelo conjunto de votos brancos ou nulos e abstenções relativamente a 2015) |
||||||||||||||||||||||||||||||||||
|
CON |
LAB |
LD |
UKIP |
GR |
OUT+IND |
B+N+ABST. |
TOTAL |
||||||||||||||||||||||||||
CON |
87,0 |
5,5 |
1,3 |
0,6 |
0,1 |
0,2 |
5,3 |
100 |
||||||||||||||||||||||||||
LAB |
3,3 |
90,2 |
1,0 |
0,1 |
0,4 |
0,2 |
4,8 |
100 |
||||||||||||||||||||||||||
LD |
8,5 |
14,0 |
71,5 |
0,1 |
1,0 |
0,2 |
4,7 |
100 |
||||||||||||||||||||||||||
UKIP |
53,0 |
28,3 |
0,1 |
12,5 |
0,2 |
1,1 |
4,8 |
100 |
||||||||||||||||||||||||||
GR |
0,2 |
55,0 |
2,0 |
0,1 |
36,0 |
0,3 |
6,4 |
100 |
||||||||||||||||||||||||||
OUT.+IND. |
15,0 |
29,0 |
4,5 |
3,0 |
2,0 |
30,5 |
16,0 |
100 |
||||||||||||||||||||||||||
BR.+NUL+ABST. |
5,3 |
10,6 |
2,6 |
0,1 |
0,3 |
0,4 |
80,7 |
100 |
||||||||||||||||||||||||||
QUADRO 1-B |
||||||||||||||||||||||||||||||||||
Matriz de transferência de votos na Escócia |
||||||||||||||||||||||||||||||||||
(em % relativamente aos votos obtidos por cada partido e pelo conjunto de votos brancos ou nulos e abstenções relativamente a 2015) |
||||||||||||||||||||||||||||||||||
|
CON |
LAB |
LD |
UKIP |
GR |
SNP* |
OUT+IND |
B+N+ABST. |
TOTAL |
|||||||||||||||||||||||||
CON |
89,8 |
4,0 |
0,6 |
0,1 |
0,1 |
0,3 |
0,1 |
5,0 |
100 |
|||||||||||||||||||||||||
LAB |
5,0 |
81,0 |
1,0 |
0,1 |
0,1 |
1,7 |
0,1 |
7,0 |
100 |
|||||||||||||||||||||||||
LD |
15,0 |
5,0 |
68,0 |
0,1 |
0,1 |
3,0 |
0,1 |
8,7 |
100 |
|||||||||||||||||||||||||
UKIP |
75,0 |
10,0 |
0,2 |
6,0 |
0,0 |
0,0 |
0,2 |
8,6 |
100 |
|||||||||||||||||||||||||
GR |
0,5 |
53,5 |
7,0 |
0,0 |
5,0 |
23,5 |
0,5 |
10,0 |
100 |
|||||||||||||||||||||||||
SNP* |
15,0 |
2,0 |
1,0 |
0,0 |
0,1 |
63,5 |
0,1 |
18,3 |
100 |
|||||||||||||||||||||||||
OUT.+IND. |
6,0 |
23,0 |
2,0 |
1,0 |
1,0 |
25,0 |
24,0 |
18,0 |
100 |
|||||||||||||||||||||||||
BR.+NUL+ABST. |
5,6 |
4,2 |
0,7 |
0,1 |
0,1 |
4,0 |
0,1 |
85,2 |
100 |
|||||||||||||||||||||||||
QUADRO 1-C |
||||||||||||||||||||||||||||||||||
Matriz de transferência de votos em Gales |
||||||||||||||||||||||||||||||||||
(em % relativamente aos votos obtidos por cada partido e pelo conjunto de votos brancos ou nulos e abstenções relativamente a 2015) |
||||||||||||||||||||||||||||||||||
|
CON |
LAB |
LD |
UKIP |
GR |
PC* |
OUT+IND |
B+N+ABST. |
TOTAL |
|||||||||||||||||||||||||
CON |
87,3 |
6,2 |
0,2 |
0,7 |
0,1 |
0,2 |
0,1 |
5,2 |
100 |
|||||||||||||||||||||||||
LAB |
2,4 |
91,0 |
0,6 |
0,1 |
0,1 |
1,0 |
0,1 |
4,7 |
100 |
|||||||||||||||||||||||||
LD |
11,7 |
17,0 |
61,0 |
0,1 |
0,1 |
5,0 |
0,1 |
5,0 |
100 |
|||||||||||||||||||||||||
UKIP |
52,2 |
30,0 |
0,1 |
13,0 |
0,0 |
0,0 |
0,4 |
4,3 |
100 |
|||||||||||||||||||||||||
GR |
0,2 |
64,5 |
2,0 |
0,0 |
5,5 |
20,0 |
0,3 |
7,5 |
100 |
|||||||||||||||||||||||||
PC* |
1,0 |
20,0 |
1,0 |
0,0 |
0,6 |
70,0 |
0,1 |
7,3 |
100 |
|||||||||||||||||||||||||
OUT.+IND. |
11,5 |
33,5 |
2,5 |
2,0 |
1,0 |
26,0 |
3,5 |
20,0 |
100 |
|||||||||||||||||||||||||
BR.+NUL+ABST. |
4,5 |
12,0 |
0,5 |
0,1 |
0,1 |
1,7 |
0,1 |
81,0 |
100 |
|||||||||||||||||||||||||
QUADRO 1-D |
||||||||||||||||||||||||||||||||||
Matriz de transferência de votos na Irlanda do Norte |
||||||||||||||||||||||||||||||||||
(em % relativamente aos votos obtidos por cada partido e pelo conjunto de votos brancos ou nulos e abstenções relativamente a 2015) |
||||||||||||||||||||||||||||||||||
|
DUP* |
SF* |
UUP* |
SDLP* |
AP* |
TUV* |
GR |
CON |
OUT.+IND. |
B+N+ABST. |
TOTAL |
|||||||||||||||||||||||
DUP*1 |
96,5 |
0,0 |
0,3 |
0,0 |
0,1 |
0,0 |
0,1 |
0,0 |
0,3 |
2,7 |
100 |
|||||||||||||||||||||||
SF*2 |
0,0 |
95,7 |
0,0 |
0,6 |
0,1 |
0,0 |
0,4 |
0,0 |
1,0 |
2,2 |
100 |
|||||||||||||||||||||||
UUP*1 |
29,7 |
0,0 |
64,6 |
0,0 |
1,0 |
0,0 |
0,2 |
0,1 |
0,7 |
3,7 |
100 |
|||||||||||||||||||||||
SDLP*2 |
0,0 |
20,0 |
0,0 |
75,0 |
0,7 |
0,0 |
0,6 |
0,0 |
0,4 |
3,3 |
100 |
|||||||||||||||||||||||
AP*3 |
4,8 |
0,3 |
1,6 |
2,7 |
83,0 |
0,0 |
1,0 |
0,1 |
1,0 |
5,5 |
100 |
|||||||||||||||||||||||
TUV*1 |
75,3 |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
16,5 |
0,0 |
0,0 |
5,0 |
3,0 |
100 |
|||||||||||||||||||||||
GR3 |
1,0 |
12,5 |
6,5 |
12,5 |
20,0 |
0,0 |
0,5 |
37,0 |
7,0 |
3,0 |
100 |
|||||||||||||||||||||||
CON |
45,0 |
0,0 |
23,4 |
0,0 |
1,0 |
0,0 |
0,1 |
26,0 |
0,5 |
4,0 |
100 |
|||||||||||||||||||||||
UKIP |
90,3 |
0,0 |
3,7 |
0,0 |
0,1 |
0,0 |
0,1 |
0,8 |
0,8 |
4,2 |
100 |
|||||||||||||||||||||||
OUT.+IND. |
16,0 |
16,0 |
2,0 |
3,0 |
5,0 |
0,0 |
3,0 |
0,0 |
50,0 |
5,0 |
100 |
|||||||||||||||||||||||
BR.+NUL+ABST. |
7,2 |
8,4 |
0,6 |
3,0 |
1,5 |
0,1 |
0,3 |
0,2 |
0,5 |
78,2 |
100 |
|||||||||||||||||||||||
QUADRO 1-E |
||||||||||||||||||||||||||||||||||
* Partidos independentistas da Escócia (SNP) e de Gales (PC). ** Soma do conjunto dos partidos exclusivamente norte-irlandeses. *1 Partidos que representam a comunidade protestante. *2 Partidos que representam a comunidade católica. *3 Partidos oficialmente interconfessionais. O UKIP concorreu na região em 2015, mas não em 2017. NOTA: Estes cinco quadros devem ser lidos apenas nas linhas. |