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Efacec: Privatização "é um filme que vimos vezes demais"

Questionada pelos jornalistas à margem do plenário de trabalhadores da RTP em Gaia sobre o anúncio da venda da Efacec, Mariana Mortágua respondeu que "é incompreensível esta obsessão dos governos em privatizar empresas que são importantes para o pais e em pagar para vendê-las".
"O Estado pôs 200 milhões na Efacec e agora vai querer entregar a Efacec a um fundo privado que não sabemos que destino dará à companhia, e vai pagar 160 milhões para entregar a Efacec a uma empresa privada que põe lá 15 milhões", resumiu a coordenadora bloquista, considerando que esta operação "é a história a repetir-se uma e outra vez: entregar empresas ao privado, pagar para as entregar ao privado, para o privado ou ficar com os lucros ou destruir essas empresas".
Para o Bloco de Esquerda, "Portugal não se pode dar ao luxo de continuar a perder empresas industriais" numa altura em que o país "está dependente de setores com puca produtividade, com baixos salários". Ao invés, a Efacec emprega 2.000 pessoas, já é pública e o Estado já colocou 200 milhões na empresa. "Alguém por favor me explique qual é a razão de pagar 160 milhões para entregar esta empresa limpa a um privado. É um filme que vimos vezes demais e que joga contra os interesses do país, prosseguiu".
Sobre a proposta de uma comissão de inquérito por parte dos partidos da direita, Mariana Mortágua diz ainda não ter percebido o que é que a direita quer investigar na Efacec. "O que me parece é que a direita é a favor da privatização, mas perante um negócio tão desastroso como este, em que se vão pagar 160 milhões para entregar uma das melhores e maiores empresas industriais a um fundo privado, a direita quer afastar-se e lavar as mãos deste negócio. E então diz que quer uma comissão de inquérito".
A coordenadora bloquista entende que "o que é preciso dizer é que o país não pode admitir mais esta privatização", pois "já vimos em tantos setores - na PT, na Cimpor, na ANA, no Novo Banco - pagar para privatizar empresas que depois são destruídas ou dão lucros ao privado".
Efacec, uma venda “de mão beijada” que preocupa os trabalhadores
Em comunicado divulgado esta quinta-feira, a Fiequimetal, Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas, manifestou a sua “grande apreensão” face ao anúncio do governo da venda da Efacec a um fundo de investimento alemão, a Mutares.
A federação sindical diz que esta venda foi feita “praticamente de mão beijada” porque o fundo de investimento entra no negócio “numa posição confortável e com uma taxa de esforço mínima, no que diz respeito ao investimento”. O resultado será que “uma empresa portuguesa de alto valor acrescentado” “passará para as mãos de um fundo de investimento estrangeiro”.
Recorda-se ainda que o executivo já injetou na empresa 200 milhões de euros na Efacec “e prepara-se para colocar mais 160 milhões, a somar aos 35 milhões do Banco de Investimento”. Na prática, isto significa que “o Estado decide sanar e alavancar financeiramente uma empresa, para depois a entregar a um fundo de investimento com um historial pouco recomendável, no que diz respeito à «salvação» de empresas e à preservação e criação de emprego”.
Os trabalhadores defendem que “o país nada ganha com esta opção e teria tudo a ganhar com a definitiva nacionalização” de uma “empresa estratégica para a economia nacional e com reconhecimento internacional nas áreas da energia e da mobilidade” que é “igualmente um ativo estratégico, numa altura de forte incremento na área das energias renováveis”.
Para a federação sindical, “agora justifica-se redobrada vigilância”. Enquanto que “o ministro da Economia pode dormir descansado, depois de um dia que admitiu ter sido feliz. Nós não”. Isto porque o futuro da Efacec “não pode ficar entregue a «milagres dos mercados»”, concluem.
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