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EDP terá cortado de forma ilegal mais de 100 sobreiros na Serra do Caldeirão

Algumas das árvores eram centenárias e estavam protegidas. Obra já se encontra embargada, mas há danos que são irreparáveis. EDP confirma que algumas árvores “sofreram um corte um pouco mais agressivo”.
EDP terá cortado de forma ilegal mais de 100 sobreiros na Serra do Caldeirão
Foto de Michael Thornton/Flickr.

A EDP ordenou o abate ou corte de mais de 100 sobreiros na serra do Caldeirão. Esta operação foi feita sem a autorização do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). Gilberto Pereira, presidente da Associação de Produtores Florestais da Serra do Caldeirão, denuncia uma operação que afirma estar a ser desenvolvida de forma “indiscriminada e sem fiscalização”. Em declarações ao jornal Público, o dirigente associativo indica que só na passada semana receberam queixas de mais de 13 proprietários lesados.

Apesar de a obra já estar embargada pelo ICNF, os impactos ambientais não são recuperáveis. A lei protegia as árvores centenárias que ali estavam, mas tal não impediu que estas ficassem reduzidas a troncos sem hipótese de sobrevivência.

A obra pretendia limpar a Rede Secundária de Gestão de Combustível nas linhas de Média Tensão da EDP na zona do Barranco do Velho e foi adjudicada à Ecorede – Engenharia e Serviços.

O jornal Público contactou o responsável regional da EDP pela área, Carlos Lopes, que minimizou a situação. Lopes declarou que “não se trata de um abate de sobreiros, mas sim de cortes de ramos”, para mais à frente admitir que algumas árvores “sofreram um corte um pouco mais agressivo”.

Ao descer a serra é possível verificar que não foi só cortado o mato e os ramos das árvores que ameaçavam os cabos eléctricos. “Esperemos que as instituições públicas cumpram o seu papel de punir os responsáveis”, declarou Gilberto Pereira. “É chocante aquilo que se vê.”

Em reunião da Comissão Municipal da Defesa da Floresta Contra Incêndios, na passada quarta feira, Pedro Jesus, engenheiro florestal e representante de uma associação de proprietários, disse que ficou com a ideia de que nenhum dos presentes estava a par da situação quando o assunto do corte abusivo de árvores foi levantado. Nesta comissão estão elementos do ICNF, GNR, EDP, entre outros organismos com responsabilidade na gestão do território.

O director regional do ICNF, Castelão Rodrigues, informou que a operação não está autorizada e já foi embargada. “Não foi pedida licença para os trabalhos e está a decorrer um processo de contra-ordenação à EDP”, adiantou.

Também a Estrada Nacional 2 está a sofrer limpezas nas zonas laterais que têm como objetivo a criação de faixas de interrupção de combustível. Aquela é classificada de “estrada património”. Porém, o Público denuncia que são as árvores de maior porte, e com valor comercial, que são cortadas em primeiro lugar, sendo que os seus sobrantes ficam à beira da estrada.

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