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É preciso reforçar Saúde Pública para conter propagação da covid-19 no inverno

O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública defendeu que é fundamental “pôr recursos no terreno para conseguirmos controlar a situação". Caso contrário, “a possibilidade de as coisas entrarem num crescimento ainda mais difícil de controlar é real", alertou.

"Já tivemos algum tempo para nos prepararmos depois daquele embate inicial", mas, "do ponto de vista de preparação dos recursos, o que constatamos é que não houve verdadeiramente um planeamento e os problemas que enfrentamos na região de Lisboa e Vale do Tejo estão, por demais, à vista", frisou Ricardo Mexia em declarações à agência Lusa.

"É importante que neste momento consigamos reduzir aquilo que é a disseminação da doença no país. Se quando chegar o inverno já estivermos neste patamar, a possibilidade de as coisas entrarem num crescimento ainda mais difícil de controlar é real", advertiu.

Segundo o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, "não se reforçaram as unidades de saúde pública com a capacidade de resposta necessária para acorrer às situações em tempo útil".

"Nós devíamos agora, durante um período em que não estamos tão pressionados com outros problemas de saúde, como é o caso da gripe, conseguir empurrar os números para baixo, mas para isso temos que pôr recursos no terreno para conseguirmos controlar a situação", assinalou.

Ricardo Mexia deu conta da sua admiração “por não haver mais medidas de reforço das unidades de saúde pública". No entanto, o profissional de saúde afirmou querer acreditar que esse reforço será acautelado aquando do início da época da gripe sazonal.

Sublinhando que os sintomas de covid-19 e da gripe são "semelhantes numa fase inicial", e que é expectável que se torne difícil “destrinçar" entre casos de uma e de outra se não houver reforço dos diagnósticos laboratoriais, o profissional de saúde apontou ainda ser desejável antecipar a época de vacinação da gripe e assegurar que a cobertura é mais alargada. Se tal for feito, “particularmente no que diz respeito aos profissionais de saúde, podemos até ter uma época de gripe mais ligeira", referiu, avançando que isso seria útil para não sobrecarregar o sistema de saúde, que terá de lidar com "o previsível número de casos de covid-19".

Acresce que as medidas que visam a contenção da covid-19, como a higienização das mãos, o uso de máscara, e o distanciamento físico, "também são úteis para reduzir a disseminação da gripe e, portanto, poderá haver uma vantagem nesse sentido".

Ainda assim, Ricardo Mexia alertou que nos devemos preparar "para um inverno um pouco mais severo, no sentido de haver, eventualmente, um maior número de casos" de covid-19.

Neste contexto, é necessário "identificar rapidamente os casos, ter diagnóstico laboratorial disponível" suficiente e rápido, capacidade de isolar casos e colocar contactos em quarentena, ter oferta de ventiladores e camas de cuidados intensivos.

"A minha expetativa é que agora, com o tempo, com mais recursos para programar essa nova realidade, se consiga ter as coisas mais bem preparadas para o inverno", vincou.

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